sábado, dezembro 30, 2006

Sesqui-centenário de O Livro dos Espíritos



O maior monumento da humanidade em termos de Universalidade do Ensino dos Espíritos foi organizado por um dos baluartes da nova civilização, Allan Kardec. Ainda em fins do século XIX, esta monumental antologia da espiritualidade não passava de um par de décadas de existência e o nosso querido Dr. Bezerra, publicou no Reformador, artigo republicado em janeiro de 1974, onde dizia: "O Livro dos Espíritos, se for estudado carinhosa, detida e sistematicamente, durante cem anos, não será totalmente penetrado".

Equivocou-se Dr. Bezerra? Certo que não! Erramos nós! Temo-lo há 150 anos e ainda não o perpetramos integralmente!

Estudemos carinhosa, detida e sistematicamente pois, o Livro dos Espíritos!

Flávio Mussa Tavares

segunda-feira, dezembro 25, 2006

Aula de Hilda Mussa Tavares na sala Clovis Tavares, na véspera de Natal

NO PRIMERIO NATAL ESPERAVA-SE AQUELE QUE SEMPRE ESTEVE PRESENTE...

"No principio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio junto de Deus. Tudo foi feito por Ele e, nada do que foi feito, sem Ele foi feito. .Nele havia vida e ávida era a luz dos homens”
(Ev. João, 1, 1-4)

“‘Por isto, o próprio Senhor vos dará um sinal: uma Virgem conceberá e dará à luz um filho e o chamará de DEUS CONOSCO” (Is. 7,14)“Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado; a soberania repousa sobre seus ombros e ele se chama : Conselheiro Admirável, Deus Forte, Pai Eterno, Príncipe da Paz” (Is.9,5)

1– Não há Natal para mim se o meu tempo não é o da eternidade.É no momento de minha decisão eterna que alcanço o sentido pleno do Natal.O homem foi feito para a eternidade. Dizia Alceu de Amoroso Lima que “o homem é um composto de tempo e eternidade. Ele encontra sua felicidade no tempo, preparando-se para a eternidade. Isto é construir na esperança, vigiar na fé e viver para a eternidade.”

O Natal tem a ver com a construção do Reino de Deus e foi para isso que Jesus nasceu!A palavra do Anjo anunciador do Natal, Anjo Gabriel, para Maria, para José e para os pastores foi : “Não temais".

Logo, a primeira atitude do cristão ante o Natal é de coragem para viver, embora com os pés no chão, mas, sobretudo, com o coração e alma na eternidade.A vida pode nos trazer montanhas de dificuldades e dores, mas o Natal é boa notícia para todos, motivo de alegria, de esperança porque para nós "nasceu um Salvador que é o Cristo Jesus”

É preciso coragem para ser cristão. É preciso coragem para aceitar Jesus como Salvador.

2 - Não há Natal sem conversão.
A conversão verdadeira admite que os nossos atos e critérios de ação se assemelhem aos atos e critérios de ação de Jesus Cristo.
E a conversão não é um momento , não é factual, é um processo, é um estado. Nós estamos nos convertendo. Paulo converteu-se ao longo de sua existência inteira.
A própria vida terrena é essencialmente tempo de conversão, de um voltar-se para Deus, de um encontrar-se sucessivamente com a pessoa de Cristo e seus ensinamentos.
Qual a influência do Natal sobre as nossas vidas? Ou o natal de Jesus me muda e me faz assumir compromissos de bondade, justiça, verdade, perdão e paz ou o natal será como ás águas de um rio que passam longínquas do terreno da minha história.

3 – Converter-se significa estar contribuindo para a construção do Reino de Deus.
A construção do Reino de Deus na Terra foi a razão do nascimento de Jesus, diz Emmanuel.Foi nas Mãos Sacrossantas de nosso Amado Mestre que Deus entregou a nebulosa que se desprendeu da nebulosa solar e deu origem à Terra.

Ao invés de olharmos pasivamente para o Jesus Menino, devemos buscar para as razões de seu nascimento. Não é nas nuvens do céu e nem no horizonte longínquo que acontece o Reino. É no homem! E foi para o homem que Ele nasceu!
Para sabermos como anda a construção do Reino dos Céus é só perguntar-nos: como está esta construção dentro de nós?
Como está esta construção em torno de nós?
Quantos milhares ainda morrem de fome ao nosso redor?
Quantos são traídos ou traem e precisam antes de mais nada perdoar e serem perdoados?
Quantos ainda cometem a ingratidão e quantos ainda usam de violência para alcançar os seus interesses, violência nos gestos e nas palavras? Quantos ainda sofrem perseguição por causa do Nome de Jesus?
E quantos ainda cometem crimes em Seu Nome?

4 - O Reino de Deus necessita de gestos concretos.
A nossa maior felicidade consiste em compreender que foi na noite
de Natal que “nos tornamos participantes da natureza divina”, como diz S. Pedro. “ A todos que O reconhecerem deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus". Jo.1,12

No Natal, não podemos permanecer somente na alegria do receber, mas devemos uma resposta àquele que se doou a si mesmo. Que não fechemos as portas do coração, da consciência e da inteligência; que não tenhamos vergonha da nossa pequenez ante a grandeza do amor de Deus.
Ele não veio para permanecer na manjedoura, caso não ache ainda lugar entre nós. Ele precisa encontrar abrigo em nossas vidas.
Ele é a esperança salvadora da humanidade.Mas é também no Natal de Jesus que se manifestam sanguinários como Herodes, o Grande, que manda matar os inocentes de Belém e dos seus arredores, com até dois anos de idade, por causa de seu espírito ambicioso, cruel e injusto.
Na terra, ainda, há Herodes habitando nos corações dos homens.
Natal juntamente com a noticia de alegria é também apelo à vigilância para que não deixemos que o espírito destruidor e injusto de Herodes comande nossas vidas, nossos atos, nossos sentimentos e julgamentos.
Natal é José e é Maria.

A humildade e renúncia de José, o compromisso levado a sério, o cuidado e a proteção. Maria, a fé, a confiança, o sacrifício, o silêncio. A prudência do Plano Espiritual mandou que a Sagrada Família fugisse para o Egito.

A doutrina que estava nascendo naquele natal não poderia ser sufocada. Em troca de sua vida, as das crianças, embora a responsabilidade do ato criminoso ficasse toda nos ombros de Herodes e na sua história espiritual que deveria ser resgatada, como foi.

O Natal, enfim, deve refletir uma humanidade aos pés de Jesus, ofertando dádivas que falem de sua conversão, de sua gratidão e de sua adoração. Sair do pecado de si mesmo e ir ao encontro de Jesus, isso é verdadeiramente NATAL!.

POR QUE DEUS AMOU O MUNDO

Porque Deus amou o mundo...

Luís Alberto Mussa Tavares

Porque Deus amou o mundo,
Mas amou,
Não apenas simpatizou
Ou gostou muito,
Ou demonstrou alguma outra forma qualquer
De afinidade,
Mas amou o mundo,

Não este pedaço
Ou aquele,
Ou esta parte
Ou a outra,
Mas o mundo
Inteiro,
Sem paredes,
Sem muralhas,
Sem fronteiras,
Amou o mundo

Não de um amor passageiro,
Egoístico
Ou fugaz,
Mas amou de modo absoluto,
Completo
E único,

De tal maneira
Que deu a ele,
Mas deu,
Não apenas prometeu
Ou mostrou que tinha,
Ou emprestou,
Ou tão somente contou,

Mas deu a ele O seu filho,
Não o amigo do seu filho,
O primo próximo,
O filho do seu filho,
Mas seu filho,
Não o mais novo,
Não o mais forte,
Não o mais bonito, mas
Deu a ele o seu filho unigênito

Para que todo aquele,
Não um ou outro,
Ou este ou aquele,
Ou uns mais, uns menos,
Ou uns nem,
Mas, indistintamente
E sem reservas,

Todo aquele que nele crê,
Não que fala em nome dele,
Não que prega o nome dele,
Não que escreve o nome dele,
Não que arrebata multidões em nome dele,
Não que grita: Senhor, Senhor,

Mas todo aquele que nele crê
Não pereça,
Ainda que enfraqueça, não pereça,
Ainda que caia,
Ainda que padeça, não pereça,
Ainda que sofra,
Ainda que esmoreça, não pereça,
Ainda que amargue,
Não pereça
Mas tenha vida,
Não glória,
Metal,
Poder,
Ou Honrarias de Estado,
Não fama,
Nome,
Prestígio,
Ou bem estar social,
Mas vida,
Não pequenina,
Passageira,
De efemeridade
Cercada pelas paredes do tempo
Imperdoável,
Mas tenha Vida Eterna...


MENSAGEM DE NATAL

É que Vos nasceu hoje, na cidade de Davi,
O Salvador, que é Cristo, o Senhor..
Lc.2:11


Prezados ouvintes:
Uma vez mais convosco, e agora, às vésperas do Natal, das doces comemorações da Vinda ao nosso mundo Daquele que é Vida de nossas almas e a bendita luz de nossos destinos: o nosso amado Senhor e Salvador Jesus Cristo.
Sim, caros irmãos, caros amigos, sejam ternas, sejam tocadas de Celestial doçura nossas lembranças do Divino Amigo, neste natal que se aproxima, natal que recorda sua Divina visita ao nosso mundo angustiado e ingrato...
Relata o Evangelho de Lucas, no seu segundo capítulo, que nas visinhanças de Belém de Judá, numa humilde gruta, nasceu o Salvador do Mundo. José e Maria, em vão buscaram na cidadezinha de Davi um pequeno cômodo em modesta Hospedaria. Vinham de longe, de Nazaré da Galiléia, até a Judéia, para cumprirem seu dever, chamados pelo recenceamento de Augusto. Não encontraram, entretanto, lugar para eles nas hospedarias de Belém, afastaram-se das ultimas casinhas em direção ao campo vizinho e numa gruta, vazia aberta num penhasco, finalmente repousaram... Foi ali, na lapa humilde, que Jesus nasceu... Tudo tão simples, tão pobre; Como é melancólico lembrar que “nem havia lugar para eles na estalagem”... Foi naquele recanto de absoluto desconforto humano, mas, de inefável beleza divina, que o Senhor da compaixão, despontou entre os homens... E foi deitado em uma manjedoura... Pastores que moravam naquelas Campinas estavam velando pelos seus rebanhos durante as vigílias da noite, conta o Evangelho. Eis senão quando, um anjo de Deus lhes apareceu. E no seio do esplendos espiritual que de si irradiava, o Mensageiro do céu disse aos humildes pastores:
“Não temais, pois eu vos trago uma boa nova de grande alegria, que o será para todo o povo: hoje, vos nasceu na cidade de Davi, um Salvador, que é Cristo Senhor” (Lc,2:10-11)
Eis, caros ouvinte, a beleza oculta da mensagem do natal trazida pelo anjo do céu: “Hoje vos nasceu um Salvador...”
Meditemos um pouco na grandeza e no conforto dessas abençoadas palavras, que são eternas e universais, e ultrapassam os limites da capina de Belém e permanecem tão vivas como no século de Augusto.
“Hoje vos nasceu um Salvador”. Sim, disse o Anjo, “nasceu para nós”, para nós filhos da terra, para nós, filhos do erro, para nos todos, que trabalhamos e sofremos, que caímos e choramos, que lutamos e temos sede de paz e amor, embora nossos múltiplos pecados e nossas ânsias de sabedoria, no seio das falsas grandezas de nossa civilização ou na solidão glacial de nossos egoísmos... Sim, ele veio para nós! Para todos nós, Deus Louvado!
Veio para a alma simples e humilde, que faz o bem às ocultas, que ama a Deus no santuário silencioso de seu coração e é muitas vezes incompreendida pela sua singeleza dalma ou pela sua intima espiritualidade, que naturalmente a distancia do bulício da vida, das competições da ambição, dos fastígios da glória social. Cristo nasceu para essa alma simples, que ama e sofre, que ajuda e sonha, e que recebe dele, o Bem-Amado de seus sonhos espirituais, a carícia das bênçãos espirituais, a água viva que reconforta e sustenta, o amparo em sua caminhada para Deus...
Cristo veio também para a alma paganizada e inquieta, possuidora de títulos do mundo e vazia da graça celeste, amiga do luxo, escrava da vaidade, angustiada no vórtice de seus prazeres, muitas vezes tristes entre as alegrias estonteantes das festas, dos banquetes, das musicas ruidosas, dos palacetes encantados, dos transatlânticos maravilhosos, dos salões elegantes... Para essa pobre alma, mergulhada nas trevas do materialismo e no sono dos egoísmos cruéis, para essa alma pobre também Cristo veio... Veio para liberta-la das ilusões da efêmera grandeza humana e apontar-lhe o caminho estreito que conduz á vida verdadeira, veio para ensinar-lhe que há uma riqueza que a traça não roi e o ladrão não rouba, eterna nos céus; veio para dizer-lhe mansamente e ternamente que ao lado dos desperdícios e das loucas abundancias dos banquetes e das festas sociais, existe a multidão dos esquecidos, dos esfomeados, dos tristes, a escória dos desgraçados que mendigam uma côdea de pão e um gesto de carinho; veio para trazer-lhes ao coração engolfado nos prazeres do pecado e na loucura das ambições sem limite a doçura de sua palavra de verdade e vida a ternura de um amor sem fingimentos, o jubilo das promessas de seu Reino, uma advertência reveladora de uma vida maior...
“Hoje vos nasceu um Salvador”... Veio para nós, para nos salvar. Veio para todos, por amor a todos, buscar as almas transviadas do reto caminho e conduzi-las ao Regaço de Deus, onde existe paz e sabedoria, onde a alma encontra a felicidade que não se desgasta e a luz que não se apaga.
Cristo veio para o pobre que sofre em silencio os problemas de sua provação e do seu salário minguado. E o Salvador derrama sobre seu coração padecente e seu lar desconfortável os eflúvios da resignação e esperança...
Cristo veio para os órfãos e para os tristes, que nele encontram o amparo e a consolação de seus lábios divinos ouvem, como outrora os apóstolos da ultima ceia: “ Meus filhinhos...”
Cristo veio para os jovens, hoje tão esquecidos das exelencias da espiritualidade porque infelizmente, em sua quase totalidade, tem sido os esquecidos em seus próprios lares, pelos seus próprios pais, sempre ocupados na multiplicação dos cifrões ou nos compromissos da futilidade social, entre o whisky e a passarela. Para os jovens felizes e para os “órfãos de pais vivos”, para a mocidade de consciência retilínea e para a juventude desorientada, Cristo é a esperança e o roteiro, no burilamento de suas almas e na conquista de seus objetivos.
Cristo veio para os ricos, para os poderosos, para os que governam, para os que administram, para os que conservam em suas mãos a liderança do mundo. Veio para comunicar-lhe as noções superiores do exercício dignificante do poder econômico ou político, pois também Ele é chefe, também Ele é Senhor, é Rei, e Rei de um mundo muito maior e mais complexo do que o nosso, de um universo espiritual que transcende nossa compreensão. Cristo veio também para os poderosos da terra, para ensinar-lhes que toda vida e de modo especial a existência é responsabilidade: missão do bem, de justiça, de fraternidade humana, de compaixão pelos mais fracos e mais pobres, entrosando-se com a inerência da responsabilidade, diante de Deus e da própria consciência, no desempenho de suas tarefas sociais ou do usufruto da riqueza terrena, pois Deus é o suplemo Senhor do universo e o legítimo e único proprietário de todas as coisas: “Senhor do céu, da terra e de tudo o que há neles há”, como diz a escritura sagrada.
Cristo veio para as crianças, Ele foi e continua sendo o Maior Amigo de todas as crianças, Ele que abençoou uma criancinha e a ofereceu ao mundo como modelo a ser imitado, dizendo: “Aquele que não se converter e não se tornar humilde como uma criança, de modo algum entrará no Reino dos Céus”. E parece que todas as crianças sentem, no seu intimo, na sua consciencie profunda, que é o seu Grande Amigo do Céu e o amam com extremos de ternura e piedade.
Caros ouvintes, alegremo-nos em Deus, que enviou seu bendito Filho para nós, para todos nós, para nossa ventua, fortaleza e salvação.
Que os justos se regozijem, pois Cristo é seu apoio e sua consolação, no mundo que não os entende e muitas vezes não os suporta.
Que os pecadores se alegrem, pois Cristo veio buscar o que se acha perdido e a oportunidade da salvação é oferecida a todas as almas que andam pelos vales sombrios do pecado e do erro. Jesus estende os braços aos repudiados da vida, aos marginais da sociedade humana e oferece-lhes uma vida nova, longe da corrupção e das ilusões douradas, no amplo risonho abrigo de seu coração compreensivo e magnânimo.
Que os tristes e humilhados da vida se rejubilem também, pois o Senhor da Compaixão os chama para consola-los: “Vinde a mim, todos vós que estais cansados e oprimidos e Eu vos aliviarei... Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração e encontrareis descanso para as vossas almas...”
Caros amigos ouvintes: esta é a mensagem do Natal, do Natal vivo e permanente, do Natal que não passará Jamais, pois registra a maior dádiva que o mundo já recebeu, a dádiva do Filho de Deus, do Salvador Jesus, que veio para nós, sintamos bem a grandeza dessas palavras: veio para nós, Hoje vos nasceu o Cristo Senhor!
Saibamos fazer doce silencio no mais intimo de nossa alma e meditando na excelsitude do Divino Presente, agradeçamos ao Deus infinitamente Bom, Pai de nossas almas, o seu dom supremo, Jesus, nosso doce e bendito Jesus, nosso amigo que não falha, Médico de nossas almas, advogado de nossos espíritos, construtor de nossa felicidade eterna, Mestre da sabedoria imortal, companheiro da grande virgem, nosso Senhor e nosso rei!
Agradeçamos, no jubilo espiritual desta data magna que se aproxima, agradeçamos ao pai do céu, esse dom supremo de seu Bendito Filho, a que o sábio Emmanuel denominou o “Amigo de todos” e a doce Santa Catarina de Siena só sabia chamar: “Jesus doce, Jesus amor”...
Que do seu reina de luzes inacessíveis e de Beleza inefável Ele nos abençoe a todos, aproximando mais e mais nossos pobres corações impenitentes e rebeldes, nossos corações cansados de sofrer, nossos corações necessitados de paz, do seu Bendito Coração, cheio de Divina Luz e de Inesgotável Amor.

( Na Rádio Continental, em 12 de dezembro de 1959)

domingo, dezembro 10, 2006

O MÊS DE DEZEMBRO

O mês de dezembro é lembrado pela cristandade como o mês do Natal de Jesus.
É uma época de magia para toda a sociedade, quando um hálito de piedade e benevolência para estar sendo aspergida por alguns anjos em todo o planeta.
Quantos não se perdiam mutuamente nesta época?
Quantos não abrem os seus corações e dedicam parte do seu tempo a um pouco de caridade. Será uma falsa caridade? Terá função de apenas reduzir tensões psíquicas de nossa culpa burguesa? Terá apenas objetivo de auto-promoção? Se a nossa vida é regina pelo aspecto da finalidade das coisas, o motivo importará menos. A resultante é boa. Muitos vão se beneficiar dos que buscam fazer o bem por motivos escusos ou simplesmente para acalmar seu super-ego.
Entretanto, há um aspecto interessante nesse processo que é o de esvaziamento. O Natal é próximo do fim do ano. Um ano que termina. Renovação. Restauração. Regeneração. Renascimento.
Natal : nascer. Ano Novo: re-nascer.
Feliz Natal e Feliz Ano Novo: Um bom tempo de nascer e de re-nascer!
Todavia é necessário esvaziar um depósito. Em nossa casa há vários vasilhames que necessitam ser esvaziados. Há várias gavetas, armários, estantes, quarto de guardados, porões, sótãos, todos entulhados de coisas velhas, papéis, roupas, coisas, coisas, coisas. Objetos de estimação? Recordações de parentes que já partiram para a outra vida? Relíquias? Mas continuam sendo coisas.
E em nosso psiquismo, existem elementos arquivados? Quantos gigabites de nossos cérebros estão armazenando arquivos que poderiam ser descartados sem a menor possibilidade de fazer falta? Quantos arquivos estão arquivados na área da mágoa? Do ressentimento? Das recordações amargas? Do ódio? Da sede de vingança? Da desesperança? Da negatividade mental? No desespero, da angústia, do desânimo, dos hábitos e vícos, da impiedade?
Como encontrar espaços vazios em nossa emotividade para aplicarmos o que vimos aprendendo , se nem ao menos nos lembramos de apagar os arquivos velhos?
Como apagá-los? Não alimentando-os! Eles são ávidos, necessitam de sobreviver com muito custo de nossas emoções. Neguemos à eles a vitalidade que só deve ser oferecida ao perdão, à humildade, ao entendimento, à concórdia, ao desapego, à coragem, à vontade...
Armemo-nos de coragem para enfrentar os gigantes de nossa alma.
E ainda existe uma técnica para aprender o esvaziamento emocional. É o esvaziamento de nossas gavetas, dos armários, das casas, das coisas...
Esvaziemos os nossos espaços físicos e treinemos o espírito para esvaziar os espaços metafísicos do coração.
Enriqueçamos o nosso manancial de bênçãos criativas, renovando a nossa capacidade de sentir o amor ao próximo, a nossa capacidade de nos sentirmos irmãos, de nos tornamo-nos gente. Gente como a gente.
Só assim, os nosso espíritos estarão se libertando de antigos pesos e tomando para os seus ombros os novos fardos, leves, suaves, encantadores, como o fardo do Senhor.

sábado, dezembro 09, 2006

O mês do Natal

Faço aqui um início de nossa publicação do mês de dezembro, voltada para o Natal, publicando um pequeno trecho de "Sua Voz" , que nos demonstra que a Lei é a mesma e que o nosso Mestre tem sempre a paciência de nos esperar e nos convencer empregando até mesmo os argumentos nossos.

"Chegarei ao Evangelho de Cristo pelos caminhos da ciência, ou seja, chegarei ao Evangelho pelos caminhos do materialismo, a fim de fundir os dois pretensos inimigos:
a
ciência
e a
.
Isto para mostrar-vos que não existe caminho que não leve ao Evangelho, para impô-lo a todos os seres racionais, tornando-o obrigatório, como o é qualquer processo lógico. Ele é a nova lei super-humana, a superação biológica imposta pela
evolução da humanidade neste momento histórico, quando está para surgir a nova civilização do terceiro milênio. Chegou a hora em que estes conceitos, esquecidos e não compreendidos, pregados mas não vividos, tenham que explodir por potência própria, no momento decisivo da vida do mundo, fora do âmbito fechado das religiões, na vida em que:
o
interesse luta,
a
dor sangra,
a
paixão transtorna. "
(A GRANDE SÍNTESE - Nossa meta - A nova lei - Pietro Ubaldi - Itália - 1937)

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Nova tradução de O Livro dos Espíritos

Uma edição especial de O Livro dos Espíritos, com nova tradução e notas de rodapé inéditas, é uma das principais ações que a Federação Espírita Brasileira (FEB) programou para 2007, quando se comemora os 150 anos da Doutrina Espírita. O Livro dos Espíritos – marco inicial do Espiritismo – foi lançado por Allan Kardec no dia 18 de abril de 1857, em Paris, França. O lançamento da nova tradução de O Livro dos Espíritos vai acontecer nos dias 9 e 10 de dezembro de 2006 e assinala a abertura das comemorações dos 150 anos do Espiritismo na Federação Espírita Brasileira. No dia 9, o lançamento ocorre na sede histórica da FEB, no Rio de Janeiro. A solenidade inicia às 10h e contará com palestras de Juvanir Borges de Souza (ex-presidente da FEB), Evandro Noleto Bezerra (tradutor da obra) e Arthur Nascimento (diretor da FEB). É necessário retirar os convites na própria sede histórica. O endereço é Av. passos, 30, Centro. No dia 10 de dezembro, na sede da FEB em Brasília, o lançamento da edição especial de O Livro dos Espíritos está programada para as 16 horas. As palestras previstas são de Evandro Noleto, Altivo Ferreira (vice-presidente da FEB) Antonio Cesar Perri de Carvalho (diretor da FEB). Não é necessário retirar convites. A sede da FEB fica na avenida L-2 Norte, Quadra 603. Asa Norte.
A tradução de Guillon Ribeiro - A FEB publicava, até então, apenas a tradução do seu ex-presidente, Luiz Olímpio Guillon Ribeiro. Uma obra clássica, que tem como marca registrada a linguagem refinada. Engenheiro civil, poliglota, jornalista e vernaculista, aos 28 anos de idade Guillon teve sua competência como escritor reconhecida publicamente por Ruy Barbosa, em discurso pronunciado na sessão de 14 de outubro de 1903. A razão do elogio: o impecável trabalho de Guillon na revisão do Projeto do Código Civil brasileiro. Ele traduziu, ainda, O Livro dos Médiuns, O Evangelho segundo o Espiritismo, A Gênese e Obras Póstumas, todos de Allan Kardec.
A nova tradução de O Livro dos Espíritos – que foi apresentada na reunião do Conselho Federativo Nacional da FEB, de 10 a 12 de novembro passado – é assinada por Evandro Noleto Bezerra. Secretário-Geral da FEB, Noleto já traduziu os doze volumes da Revista Espírita editados por Allan Kardec e, no ano passado, lançou Viagem Espírita em 1862, O Espiritismo na sua Expressão Mais Simples, Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas (todos de Kardec) e organizou Instruções de Allan Kardec ao Movimento Espírita. A tradução de Noleto é fruto de um dedicado trabalho de pesquisa nos originais franceses existentes na Biblioteca de Obras Raras da FEB. Ele tomou como texto básico a segunda impressão da 2ª edição francesa, de 1860 com alguns acréscimos, supressões e modificações feitos pelo próprio Allan Kardec: na 4a edição, de 1860; na 5a edição, de 1861; na 6a edição, de 1862; na 10a edição, de 1863; e na 12a edição, de 1864. Essas alterações acham-se claramente definidas e explicadas pelo tradutor ao longo das páginas correspondentes do livro, sob a forma de notas de rodapé. “Na seqüência da 12ª edição do original francês, incluindo a 13ª, de 1865 e durante todo o restante período em que Allan Kardec esteve encarnado, não consta ter havido qualquer outra modificação, o que torna definitiva essa 12ª edição”, explica o tradutor. Noleto optou por um texto direto, sem inversões, e buscou atualizar algumas expressões usadas por Guillon Ribeiro e que atualmente estão em desuso na língua portuguesa, mas preservando a exatidão do texto original francês.

sábado, novembro 25, 2006

PADRE ÉMILE DES TOUCHES


Clóvis Tavares

Des Touches nasceu na França, de família nobre e rica. Ordenou-se sacerdote na Igreja Católica e, no desempenho de seu múnus eclesiástico, foi um cristão exemplar.
Tão digno e virtuoso, tão profundamente amigo de Jesus, que, pela sua genuína renúncia evangélica, foi muitas vezes incompreendido por seus próprios companheiros da Igreja romana, que não puderam entender sua alma lucidamente abnegada e santa.
Abandonando os bens e as glórias do mundo, deixou para sempre o seu palácio e suas riquezas na França, onde era o aristocrata Émile Hertoux Des Touches de Calignie des Fenets, para ser o apóstolo humilde de Jesus, vivendo como pobre entre os pobres, em renúncia franciscana, incompreendido e magnânimo, incansável no bem e na caridade: um símbolo vivo do Evangelho.
Revelou sempre grande cultura e super-humana humildade e aceitou ainda em vida terrena, a sublime verdade da Revelação Espírita. Considerava Kardec "um grande homem de Deus".
O santo velhinmho, amigo carinhoso dos pobres e das crianças, desencarnou em Campos, aos 14 de novembro de 1930 e é hoje um dos dedicados mentores espirituais da Escola Jesus Cristo.
Que Deus o felicite, cada vez mais na Glória da Pátria Celestial.

domingo, novembro 12, 2006

JUSTIÇA DIVINA- palestra de Flávio de 12/11



Não há uma única imperfeição da alma que não carregue consigo as suas conseqüências deploráveis, inevitáveis, e uma única boa qualidade que não seja a fonte de um prazer. A soma das penas assim é proporcional à soma das imperfeições, do mesmo modo que a dos gozos está em razão da soma das qualidades. A alma que tem dez imperfeições, por exemplo, sofre mais do que aquela que não as tem senão três ou quatro; quando, dessas dez imperfeições, não lhe restar senão a quarta parte ou a metade sofrerá menos, e, quando não lhe restar nenhuma delas, não sofrerá mais de qualquer coisa e será perfeitamente feliz. Tal, sobre a Terra, aquele que tem várias enfermidades sofre mais do que aquele que não tem senão uma, ou que não tem nenhuma. Pela mesma razão, a alma que possui dez qualidades goza mais do que aquela que as tem menos. Allan Kardec. O Céu e o Inferno – Capítulo VII – Parágrafo 3


Mensagem de Emmanuel: Corrigir e Pagar

Cada hora, no relógio terrestre, é um passo de tempo, impelindo-te às provas de que necessitas para a sublimação do teu destino.
Exclamas no momento amargoso: "Dia terrível!".
Esse, porém, é o minuto em que podes revelar a tua grandeza.
À frente da família atribulada, costumas dizer: "O parente é uma cruz".
Tens, contudo, no lar, o cadinho que te aprimora.
Censurando o companheiro que desertou, repetes, veemente: "Nem quero vê-lo".
No entanto, esse é o amigo que te instrui nos preceitos do silêncio e da tolerância.
Lembrando o recinto, em que alguém te apontou o caminho das tuas obrigações, asseveras em desconsolo: "Ali, não ponho mais os pés".
Todavia, esse é o lugar justo para a humildade que ensinas.
Quando as circunstâncias te levam à presença daqueles mesmos que te feriram, foges anunciando: "Não tenho forças".
Entretanto, essa é a luminosa oportunidade de pacificação que a vida te oferta.
Se sucumbes às tentações, alegas, renegando o dever: "Seja virtuoso quem possa".
Mas esse é o instante capaz de outorgar-te os louros da resistência.
Toda conquista na evolução é problema natural de trabalho, porque todo progresso tem preço; no entanto, o problema crucial que o tempo te impõe é debito do passado, que a Lei te apresenta à cobrança.
Retifiquemos a estrada, corrigindo a nós mesmos.
Resgatemos nossas dívidas, ajudando e servindo sem distinção.
Tarefa adiada é luta maior e toda atitude negativa, hoje, diante do mal, será juro de mora no mal de amanhã.
(Justiça Divina, F.C. Xavier/Emmanuel)



Nossa mentalidade é primordialmente centrada na necessidade de pagar, mas Jesus nos dá conta de um Pai que é acida de tudo misericordioso e quer que nós corrijamos nossas atitudes pois é Pai e não simplesmente paguemos, pois não é agiota.
Pagar na Agenda Divina é Corrigir!
No Livro de Contas de Débitos e Créditos, Deus nos oferece sempre créditos que nos facilitem repararmos e sanarmos as nossas falhas pretéritas.
O que importa é reparar.
A Lei de Causa e Efeito pede que melhoremos pela Ação e não pelo nosso Sofrimento. Sofrer somente serve para limitar a ação de nossos erros, mas para curar as nossas enfermidade psíquicas é fundamental Agir. Ação no Bem, na Caridade, no Serviço Humilde, como uma Pena Alternativa que a Justiça Terrestre finalmente considerou necessária para as penalidade humanas.
Se o homem, que ainda é imperfeito já pode conceber a comutabilidade penal em serviços comunitários para o bem geral e educação do faltoso, como Deus, no seu Amor Incondicional, não nos prepara penas alternativas para comutar o nosso castigo em ação meritória? Esse é o formidável panorama que a Lei das Vidas Sucessivas nos ofererce. Disse Jesus citando Oséias 6:6 : "porque eu quero o amor mais que os sacrifícios, e o conhecimento de Deus mais que os holocaustos."
Jesus disse isso quando encontrou o seu discípulo Levi, que era cobrador de impostos, um publicano. Foi almoçar na casa de Levi e os fariseus o reprovaram. Ao que Jesus respondeu: "Ide e aprendei o que significam estas palavras: Misericórdia quero e não o sacrifício."
Estas palavras demonstram que Jesus no seu tribunal celeste quer reconhecer o que fizemos para reparar os nosso erros e não o quanto nos mutilamos para cumprirmos sentenças .
Da mesma forma, quer que retornemos a este mundo, pois ninguém pode ver o Reino de Deus se não nascer de novo, para repararmos, corrigirmos, reformarmos, reestruturarmos a nossa conduta, nossos hábitos, nossos vícios, transformando a multidão de pecadores num colégio de santos.
E na Doutrina Espírita que nos apresenta Jesus como aquele que faz a promessa de um Novo consolador, afirmando que Ele mesmo também o era, diz que o Paráclito é um Advogado! É um defensor de nossas almas no julgamento de Deus. Toda a cristandade fundamenta-se na Instituição de um julgamento , de um Juizo, de um tribunal superior. E João, nos afirma em sua 1 epístola, capítulo 2: "Filhinhos meus, isto vos escrevo para que não pequeis. Mas, se alguém pecar, temos um intercessor junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo."
Jesus Não quer que pequemos, não quer que erremos, não quer que caiamos, não quer que fracassemos, não quer que falhemos em nenhum momento de nossas vidas. Mas afirma o Apóstolo de Patmos, que se errarmos, falharmos, cairmos, fracassarmos, teremos um Defensor Público no Tribunal Celeste.
Assim, tenhamos confiança em Deus, creiamos em Jesus, não perturbemos os nosso corações, creiamos e oremos sempre por mais Fé, por que temos quem por nós interceda nos planos mais elevados da Criação!

A REENCARNAÇÃO- palestra de Flávio em 10/11



Como pode a alma, que não alcançou a perfeição
durante a vida corpórea, acabar de depurar-se?
"Sofrendo a prova de uma nova existência."
Livro dos Espíritos, q.166


Como conciliar a necessidade de reencarnar ensinada pelos espíritos a Kardec em O Livro dos Espíritos, na questão acima com o Sede Perfeitos?
Portanto, sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito.Mt 5:48)
Uma criança, em idade escolar pode ser perfeita na terceira série, o que não a habilita para passar à 5a. série.
Estamos nesta Escola que é a Terra em os mais diversos graus de escolaridade espiritual. Aperfeiçoar-se é ordem do Cristo, todavia no patamar possível ao nosso eu. Não é razoável querer tornar-se um São Francisco se ainda temos paixões que nos arrastam. É necessário aprimorar-se renegando dentro de nós mesmos todas as nossas compulsões para o erro, para depois de muitas vidas de exercícios espirituais, converter-se num santo. Santificar-nos é nosso dever, mas isso não é se tornar santo, mas melhorar.
Assim, a questão 166 frisa categoricamente: "Como pode a alma, que não alcançou a perfeição durante a vida corpórea, acabar de depurar-se?" Isto é, como um espírito recém desencarnado, consciente de que não atingiu o objetivo de sua última existência, pode melhorar? Reencarnando!
Nesta nova vida terá pela frente períodos de aferição de seu conhecimento e de sua conduta que caracterizarão a faceta de planeta de provas!
Em outras circunstâncias será submetido à limitações em sua vida através de mutilações do corpo ou ocorrências aparentemente adversas que constituirão a faceta de expiação!
Assim, através de testes de aptidão psíquica e sofrimentos os mais deversos que serão um tratamento para a alma, há uma progressiva assimilação de valores morais que ao longo de novas vidas tornar-se-ão patrimônio inalienável do espírito, convertendo almas perversas em espíritos iluminados; convertendo inimigos mortais em irmãos; promovendo a transformação de paixões avassaladoras e destruidoras em maternidade e paternidade santificante, promovendo o perdão real, sustentando o amor e fortalecendo os laços familiares que serão paulatinamente mais resistentes a corrosão da maldade humana.
No ítem a do mesmo quesito questiona Kardec: "Como realiza essa nova existência? Será pela sua transformação como Espírito? Depurando-se, a alma indubitavelmente experimenta uma transformação, mas para isso necessária lhe é a prova da vida corporal."
O que significa que no período de erraticidade, isto é , de desencarnado, a alma aprende sempre, mas somente reencarnado é que renova sua atitude e reestrutura o seu caráter, moldando um novo ser.

domingo, novembro 05, 2006

A PROFECIA DO ESPÍRITO ESTEVÃO MONTGOLFIER

Em agosto de 1883, a revista Reformador publicou uma mensagem do Espírito Estêvão Montgolfier (Jacques Étienne Montgolfier), recebida pelo médium Ernesto Castro, em Silveiras, cidade do Estado de Minas Gerais, em 30 de julho de 1876, época em que Santos Dumont contava apenas três anos de idade.
Eis o texto:

“Vencer o espaço com a velocidade de uma bala de artilharia, em um motor que sirva para conduzir o homem, eis o grande problema que será resolvido dentro de pouco tempo. Essa máquina poderosa de condução não há de ser uma utopia, não! O Missionário, que traz esse aperfeiçoamento à Terra, já se acha entre vós. O progresso da viação aérea, que tantos prosélitos tem achado e tantas vítimas há feito, não está, portanto, longe de realizar-se. O aperfeiçoamento de qualquer ciência depende do tempo e do estado da Humanidade para recebê-lo. A locomotiva, esse gigante que avassala os desertos e vence as distâncias, será como um insignificante invento ante o pássaro colossal, que, qual condor dos Andes, percorrerá o espaço, conduzindo em suas soberbas asas os homens de vários continentes. Os balões, meros exploradores e precursores da admirável invenção, nada, pois, serão perante o belo e portentoso pássaro mecânico. Esse Deus de bondade e de misericórdia, que nada concede antes da hora marcada, deixa primeiramente que seus filhos trabalhem em procura da sabedoria, e depois que eles se têm esforçado em descobrir a verdade, aí então Ele lhes envia um raio de Sua divina luz. Já vêem, ó mortais, que a navegação aérea não será um sonho, não; mas, sim, uma brilhante realidade. O tempo, que vem próximo, vos dará o conhecimento desse estupendo motor. Brasil, tu que foste o berço dessa descoberta, serás em breve o país escolhido para demonstrar a força dessa grandiosa máquina aérea. Eis o prognóstico que vos dou, ó brasileiros.Estevão Montgolfier”Estêvão Montgolfier(1745-1799) e seu irmão mais velho José (1740-1810), conhecidos como os irmãos Montgolfier, ambos nascidos em Vidalonles-Annonay, França, inventaram em 1783 os primeiros aeróstatos - balões de gás mais leve que o ar e que podem elevar-se na atmosfera - denominados montgolfieres. Os dois irmãos, na verdade, desenvolveram as idéias do clérigo e professor de matemática Bartolomeu Lourenço de Gusmão (1685-1724), nascido em Santos - SP e inventor da máquina aerostática "Passarola", movida a ar quente, com a qual teria voado diante do rei e da rainha de Portugal, na Casa da Índia, e descido no Terreiro do Paço, em 8 de agosto de 1709.(Fonte: Reformador, Número 2098, Jan/2004)

quinta-feira, novembro 02, 2006

Clovis Tavares Regressa ao Mundo Espiritual

Este artigo foi escrito na época da desencarnação de meu
Pai e apresento aqui, celebrando o dia reservado aos
desencarnados,para honra de Clóvis Tavares,
nosso sempre querido pastor de almas.(FMT)



Ronaldo de Carvalho


Regressou ao Mundo Espiritual nosso estimado irmão, o ilustre Professor Clovis Tavares nascido no dia 20 de janeiro de 1915, na cidade de Campos RJ. Deixou viúva a Sra. Hilda Mussa Tavares e 4 filhos. Possuidor de vasta cultura, foi poliglota, falando, fluentemente o Italiano, inglês, Francês e Espanhol Foi Professor de História e de Direito Internacional Jornalista e Escritor Espírita. Com o seu desaparecimento, a cidade de Campos, fica “dividida" em dois grandes períodos: O de antes e após Clovis Tavares
E por que? - Ele mesmo a página 11 do Livro "AMOR E SABEDORIA DE EMMANUEL", interroga, justificando o aparecimento da Obra, por ele mesmo montada, a primeira aliás da sua pena, quando fala de Emmanuel, o Guia Espiritual de Chico Xavier, com suas próprias palavras "Por que não dar a cada um, aquilo que lhe é devido?"
Era, como que, a sua homenagem a justificar, o que ele mesmo naquela magistral obra, falaria de Emmanuel. Eis a razão porque, desta feita, repetimos a pergunta, porém relacionada, agora, com o trabalho de Clóvis Tavares. Por que não reverenciá-lo de Coração, contando sua passagem pela Terra, como tendo sido a do verdadeiro trabalhador da Doutrina dos Espíritos?
Da sua cultura vastíssima, brotou diversas obras para crianças e adultos. " Histórias que Jesus contou; Sementeira Cristã em três volumes; Vida de Allan Kardec" e Os 10 Mandamentos. Para adultos deixou: "Amor e Sabedoria de Emmanuel" obra prima; Como biografia um monumento à imortalidade, porque relata fielmente o vulto que foi o trabalho de Emmanuel e influência em nossa Pátria; "Trinta Anos com Chico Xavier"; - “De Jesus para os que sofrem”, essencialmente consoladora. Fundou na cidade de Campos – RJ a Escola de Jesus Cristo e ali estabeleceu as bases sólidas do Espiritismo, rigorosamente dentro da orientação Kardequiana. - Em sua obra "Amor e Sabedoria de Emmanuel" que se identificou, plenamente com o estilo de nosso grande benfeitor espiritual Emmanuel, não apenas no estilo, mas de igual forma, na maneira carinhosa com que a fez, fazendo-nos adentrar suavemente na vida de Emmanuel. Fala-nos de seu caráter, forjado na têmpera do trabalho, ao longo dos séculos e séculos.
Ali, está demonstrado seu profundo amor por Emmanuel, tendo tido o cuidado de ir a fundo, trazendo ao conhecimento do público as diversas reencarnações da aquela entidade espiritual, tão amorosa quão solene . Forte. - Assim, também, foi o nosso Clóvis Tavares, de têmpera rígida, jamais se abalando com os vendavais da incredulidade, da calúnia, da maledicência, do egoísmo do orgulho e da vaidade... tão comum, ainda, em nós espíritos imperfeitos que somos.
Sua vida, foi toda ela, dedicada não apenas á família, mas também à Doutrina dos Espíritos. Foram mais de Trinta anos trabalhados na divulgação do Espiritismo, tendo deixado exemplos marcantes na vida daqueles que mais diretamente tiveram a oportunidade de transitar lado a lado com ele – Perde a cidade de Campos Clóvis Tavares? – Perde o Brasil esse valoroso homem espírita? – Não! Absolutamente. Todos estamos certos de que, sua vida espiritual, não mais, jungida aos naturais preconceitos da terra, será plena, de lutas no bom combate, a prol de sua terra querida, seu imenso Brasil. Pôde assim, Clóvis Tavares, transitar, transitar, mais uma vez, pelo Planeta, voltando ao verdadeiro Mundo, à Pátria Espiritual de todos nós, com a mala de sua viagem lotada, lotadíssima, sobretudo com a tranqüilidade consciencial de haver cumprido com o dever de espírito de escol. - Que Jesus o ilumine sempre e cada vez mais, pois bem o merece!


O Espírita Fluminense – Junho 1984

Palestra do Dia de Finados Por CLÓVIS TAVARES

Palestra do Dia de Finados Por CLÓVIS TAVARES em 01/11/ 1981

Esta palestra e outras estarão em breve compondo
o livro ROCHA DOS SÉCULOS, que serão palestras
de Clóvis Tavares, reproduzidas no formato escrito. (FMT)


Estas notas da libertação são lembranças, estímulos na comemoração espiritual, singela, de coração para corações e de almas para almas, entre nós, recordando aqueles que recordamos sempre, recordando aqueles que estão na nossa memória, na memória do coração todos os dias da vida, e não somente um dia do ano.
Marcelo Gama foi um poeta gaúcho que viveu no final do século passado e morreu justamente em 1915, por um acidente no Rio de Janeiro. Marcelo Gama sofreu uma morte dolorosa, venceu tudo isso - as dores de além túmulo, padecimento, reajustou-se e nos traz uma palavra de beleza e de esperança:

Para quem ama e trabalha
a morte em si vem a ser
uma luz lembrando um dia
no instante do alvorecer

Que beleza! A morte não é aquela trágica noite, noite de fantasmas, noite de terror, noite de bruxas das lendas medievais. Marcelo Gama, que sofreu e que partiu entre dores da Terra, nos traz uma palavra de beleza e de esperança: “Para quem ama e trabalha” - quando os espíritos falam trabalho, lógico que eles falam em trabalho espiritual, a participação nossa, de cada um de nós, no trabalho do nosso Pai celestial. Jesus, aos doze anos, já estava em trabalho, e disse à Maria, sua mãe, que o procurava: “Não sabias que eu estava cuidando dos negócios do meu Pai?” Para aqueles que trabalham desde a infância, ou desde a adolescência, ou desde a juventude, ou mesmo na idade mais avançada, da maturidade ou da velhice, aqueles que pensam nos trabalhos espirituais, nos negócios do Pai, para estes a morte lembra “um dia no instante do alvorecer”. Para quem ama o trabalho, “a morte em si vem a ser uma luz lembrando um dia no instante do alvorecer”.
Noel de Carvalho, outro poeta destes que a literatura, a história da literatura oficial chama de “poetas menores” nos traz uma beleza maior:

Morrer é buscar na vida
nova forma em nova estrada
o corpo deixado ao mundo
é apenas roupa estragada.

É por isso que eles são chamados “poetas menores”, porque eles falam com a simplicidade do coração e todos entendem. Ele não querem mostrar que esse corpo tão pesado, esse corpo tão embonecado, tão embelezado, esse corpo que as pessoas querem conservar, e até usam processos químicos, imaginando descobertas cientificas futuras, querem deixar os corpos congelados em grandes urnas, a centenas ou milhares de graus abaixo de zero, esperando uma futura descoberta científica que possa restituir a vida ao corpo físico, à “roupa estragada”, uma idéia de perpetuar a vida física, um apelo tremendo ao corpo físico, uma idéia de que este é o corpo e este corpo é a vida, e o homem é o corpo e o corpo é o homem, e cada vez mais cuidados com o corpo. Quem não tem cuidado nenhum com o pensamento, com a alma, com o coração, com o sentimento, faz check up, na idéia de conservar a vida - ou como diz André Luiz, com uma palavra irônica mas bem verdadeira – “lutando bravamente contra a velhice”. Em nossos tempos são sempre cirurgias plásticas de mil coisas, de mil loucuras, de mil comércios, inclusive comércios que prejudicam a saúde física. A força de querer embelezar e conservar e eternizar uma roupa que se estraga

Jésus Gonçalves, amigo tão ligado à nossa Escola Jesus Cristo, como já falei tantas vezes, dá sua palavra, sua nota, sobre a grande libertação que é a morte:

A morte lembra viagem
rumo a júbilos distantes
para quem paga o pedágio
de serviço ao semelhante.

É muito bela a alegoria, a imagem. Ele lembra que a morte leva a “júbilos distantes”. Por isso é que muita gente não crê, porque as alegrias ainda estão longe, não são visíveis, não ouvimos o leve ruflar das asas dos anjos, nem ouvimos o som dos risos, nem a beleza das luzes, nem as músicas distantes, belas, puras, das regiões celestes. Por isso não cremos nestas alegrias espirituais. Nós vivemos aqui, sufocados pela injúria do materialismo que domina tudo, e não sentimos, não temos olhos para ver, não temos ouvidos para ouvir as belezas dos planos mais elevados. Mas diz São Paulo: "O que os olhos nunca viram, os ouvidos não ouviram, o coração humano nunca sentiu, Deus preparou para aqueles que O amam". Vede que beleza de imagem, que esplendor de promessa, que garantia de vida eterna nos dá o grande apóstolo da gentilidade! Aquilo que os olhos nunca viram, que os ouvidos nunca ouviram, e que nunca subiram ao coração do homem são as que Deus reserva para aqueles que O amam. É o que nos lembra o nosso querido Jésus Gonçalves: “a morte lembra viagem rumo a júbilos distantes”, a coisas que nunca vimos. Para quem paga o pedágio do serviço aos semelhantes, para quem sai da casca do egoísmo sórdido e amesquinhado e abre os braços como Cristo de braços abertos na grande estátua do Corcovado - que causou admiração êxtase do Professor Pietro Ubaldi, que quando viu Cristo de braços abertos, disse: “Este é o meu Cristo, este é o Cristo que eu amo, o Cristo de braços abertos para todos, para abraçar a todos, para amar a todos”.

É isto que nos espera se nós pagarmos o pedágio da fraternidade, a pequena contribuição da bondade humana, de um gesto fraterno, de um carinho para quem nunca recebe carinho, de uma palavra de ternura para o solitário, para o triste, e um gesto de fraternidade para os humilhados, para os ofendidos de amor, para o simples, para os pobres, para os que vivem esquecidos e abandonados, para os solitários da estrada humana, este é o pedágio de que fala Jésus Gonçalves.
Nosso bom amigo Lúcio Teixeira, poeta gaúcho, nasceu em 1858 e faleceu no Rio, em 1926. Foi grande jornalista, grande publicista, profundamente interessado em assuntos espirituais. Escreveu obras científicas sobre o magnetismo, era um homem de cultura polimórfica, cultura imensa, e um grande coração. Diz Lúcio Teixeira sobre a morte:

Observa,
se te declaras descrente,
a fala da eternidade
na vida de uma semente.
Aqui havia uma árvore, não há mais uma árvore? Há sim. É que nós não estamos vendo a árvore que deixou de existir, que morreu ou foi cortada. Ela já se multiplicou muito e muito em centenas de outras árvores. Ela vive. Assim é a nossa alma nas sementeiras das vidas sucessivas, nossa alma na multiplicação das experiências múltiplas, das múltiplas encarnações terrestres. É a vida eterna, a beleza da semente que revive sempre, a semente que revive guardando a beleza da espécie aqui, ali, acolá, em outros cantos, em outras covas da Terra. Nós também, como sementes divina que somos, voltamos à Terra muitas vezes. Nos multiplicamos, nascemos e renascemos com a força viva e eterna da semente. Cada um de nós é uma semente da vida plantada no solo da eternidade.
Observa,
se te declaras descrente,
a fala da eternidade
na vida de uma semente.

Meimei, nossa querida amiga espiritual, muito amiga e companheira de longas jornadas:
Entre aqueles que se amam
a morte aparece em vão
pode plantar a saudade,
mas nunca a separação.
Que meiguice desta alma, que já nós sabemos tão carinhosa, tão amiga das crianças no plano espiritual! Alma que abriu em vida - e também depois da morte - seus braços amigos para o amor das crianças, para auxiliar os pequeninos. Deixou familiares na Terra e lá continua trabalhando, trabalhando e trabalhando, com todo carinho, e uma parte do seu carinho, muito de seu carinho, ela dedica à nossa Escola Jesus Cristo. Veja que beleza de palavras de esperança!
Entre aqueles que se amam
a morte aparece em vão
pode plantar a saudade,
mas nunca a separação.
Augusto Comte nas dizia que “os mortos não estão mortos, mas sim ausentes”. Ele não acreditava na imortalidade da alma, ele fala isso no sentido subjetivo, tão subjetivo como quando falou que “os vivos são sempre e cada vez mais governados necessariamente pelos mortos”. Falava isso na lembrança dos nossos antepassados, daqueles que eram antes de nós e nos legaram a sua experiência, o seu valor, a sua sabedoria. Era no sentido subjetivo que ele falava. Mas o grande Victor Hugo, que foi espírita, modificou o conceito de Comte e disse: “os vivos não são ausentes, são apenas invisíveis”. E sem querer de forma alguma desrespeitar a expressão lapidar do grande romancista e grande poeta francês, nós diríamos: invisíveis, mas não sempre, porque às vezes eles se tornam visíveis. O fato é que nunca estão ausentes. Para Comte, “os mortos não estão mortos, estão ausentes”. Para Victor Hugo, “não estão ausentes, estão invisíveis”. Nós dizemos: “quase sempre invisíveis, mas sempre presentes”. Por isso Meimei nos fala assim:
Entre aqueles que se amam
a morte aparece em vão
pode plantar a saudade,
mas nunca a separação.
Eles estão sempre conosco, nos ajudando e nos protegendo. Podem estar a milhares de léguas de quilômetros de distância, mas o pensamento nos une. O pensamento é mais veloz que a luz, que viaja a mais de trezentos mil quilômetros por segundo. Eles estão presentes sempre, nas suas admirações, na sua proteção, no seu amor, que envolve e garante a cada um de nós a sobrevivência no mundo feroz, num mundo cruel, naquilo que o Professor Ubaldi chamou com muita razão de inferno terrestre. Se o poeta Amaral Ornelas diz assim, lembrando da Santa Mãe: “Ai do mundo se não fora a vossa missão de amor!”, nós também poderíamos dizer, parodiando o grande poeta: “Ai de nós se não fosse o amor dos espíritos, ai de nós se não fosse a proteção dos bens amados que já partiram, ai de nós se eles não velassem por nós pelo amor de Jesus Cristo, ai de nós se eles não fossem os anjos de Deus que nos amparam com suas asas de amor e proteção, ai de nós sem eles!”

Sílvio Fontoura - os mais velhos dentre nós certamente se lembram dele - fundador e diretor de um jornal que ainda circula, “A Notícia”, velho jornalista, grande poeta, polígrafo, conheceu o espiritismo. Embora não se tivesse dedicado a ele, tem escrito, por Chico Xavier, inúmeros e inúmeros versos, e tem trazido para psicografia de Chico outros campistas e outros amigos de nossa região Norte Fluminense para integrá-los no mesmo trabalho de difusão da Grande Luz. Eis o que diz Sílvio Fontoura, o nosso poeta campista:
Toda pessoa na Terra,
nesse ou naquele caminho,
nasce, cresce, vive e luta
morrendo devagarzinho.
É bom pensar: nossa Mãe Santíssima, quando ouviu as palavras do anjo, diz o evangelista Lucas, “guardou todas aquelas palavras, meditando-as no seu coração”. Vale a pena, é o nosso dever, apanhar todas essas palavras angélicas, estas palavras de benção espiritual, essas palavras de esclarecimento e de esperança e conferi-las no coração, guardá-las no coração ou, como dizem outras traduções do Novo Testamento, meditá-las em nossos corações. É bom pensar nisso, vale a pena, porque assim como lembra Carmem Cenira, nos grandes versos do “Parnaso de Além Túmulo”, nós não seremos apanhados pela morte como se apanha uma ave na floresta, como o caçador mata um passarinho na floresta. O passarinho está quietinho, lá num galho de árvore, o tiro o acerta e ele cai. É bom pensar, para não sermos vítimas de uma morte inesperada, para a qual estejamos, como tanta gente está, despreparados. Toda pessoa na Terra, nesse ou naquele caminho, no caminho do bem ou do mal, nasce, cresce, vive e luta morrendo devagarinho. Os biologistas, os cientistas de hoje, dizem que o homem começa a morrer na hora em que nasce, que o processo catabólico, o processo de dissolução, por mais incrível que isto seja, nasce com o anabolismo. É o metabolismo da vida, que é assimilação e desassimilação. A gente está crescendo, subindo e crescendo, mas já está começando a morrer - é o que cientificamente nos diz Silvio Fontoura.

Auta de Souza, nossa querida Auta de Souza, poetisa do Rio Grande do Norte, que desencarnou no início deste século, em 1901, portanto há 80 anos, nos fala aqui da sua experiência. Ela, que foi tão sofredora na Terra, nas lutas do dia-a-dia:
Caridade é o passaporte
para as mansões
da alegria que brilham
depois da morte.

Se Jésus Gonçalves fala em pedágio, Auta de Souza fala em passaporte. O que vem em duas alegorias, em duas imagens, significar mais ou menos a mesma coisa: esse passaporte é o amor, significando o direito de trânsito livre, trânsito aberto, sinal aberto para as mansões de alegria que brilham depois da morte. Nós sabemos que na casa de nosso Pai há muitas mansões. Quando Cristo disse “Na Casa de Meu Pai”, quis dizer que o Universo é um imensíssimo palácio de Deus. Ele certamente teve, na sua visão, o quadro dos palácios dos reis do Oriente. Aquele palácio imenso do rei, e em torno do grande jardim real, o jardim que envolvia o palácio real, aquelas mansões, aquelas casas imensas, bonitas, embora menores, mas bonitas, para os príncipes, para cada um dos filhos do rei. A visão magnífica daquele palácio imenso, o palácio real, a casa do pai, do rei, e, em torno, mansões e mais mansões para os príncipes. Essa é a imagem tirada de um quadro da Terra, de um quadro do Oriente, mas muito mais belo na imagem, no pensamento e na realidade espiritual que Jesus Cristo, nosso Mestre, nosso Senhor, nos traça, nos mostra e nos promete: “Na casa do meu Pai há muitas moradas. Não fora assim, e eu vos teria dito; pois vou preparar-vos um lugar”. Noutras traduções: “Na casa de meu Pai há muitas mansões”. O Pai é o Grande Rei do Universo e “há muitas mansões”, não somente para alguns príncipes, mas para todos os Seus filhos, porque todos nós somos príncipes de Deus, cordeiros de Deus, como diz São Paulo. Todos somos herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo, o grande filho, o filho unigênito de Deus.
Então, meus amigos, não é orgulho, não é prosápia, não é vaidade. É nós darmos valor ao status que Deus nos deu. Não ao status do mundo, não às posições idiotas do mundo, conseguidas, muitas vezes, pela hipocrisia, pela falsidade, pelas mordomias, pelas bajulações nojentas, mas o status que Deus nos dá: filho d´Ele, herdeiro d´Ele e co-herdeiro de Cristo. Isso é que é status, porque é dado pelo Criador do Universo, sem que nós precisemos mendigar coisa nenhuma a César, nem aos poderosos da Terra, nem aos exploradores dos homens, nem aos gananciosos do direito alheio, nem aos escravizadores do povo, nem aos massacradores dos infelizes. É Deus que nos dá essas riquezas. “Na casa de meu pai há muitas moradas”, “eu vou preparar-vos um lugar”. Nós somos príncipes de Deus. O Apocalipse diz: “Nós somos sacerdotes do Grande Rei”. Temos tantos títulos maravilhosos, que Deus nos dá de graça, sem mordomias sujas e porcas da corrupção terrestre.
Vêm aí as eleições. Muitos vão dar pérolas em forma de votos aos porcos esquecidos da nossa condição de filhos de Deus, nosso grande título de herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo, nosso grande status, nossa glória! Esquecemos o melhor da vida para valorizar somente os titulozinhos, os poderezinhos, as glórias terrenas, as vaidadezinhas de um dia terrestre, que passa rápido. É uma loucura! Por isso um anjo de Deus chamou a um homem que queria grandezas na Terra: “Louco! Hoje mesmo virão pedir a tua alma! E aquilo que juntastes no mundo, para quem será?” Os anjos de Deus chamam essas pessoas de loucas! Não sou eu quem está chamando. É o anjo, na parábola de Cristo. Aquilo de querer juntar, enriquecer e derrubar celeiros, fazer maiores! E o anjo lhe disse: “Louco! Hoje mesmo virão pedir a tua alma! E aquilo que juntaste no mundo, para quem será?” Para os herdeiros brigarem? Os ódios se estabelecem e o pobre idiota fica nas trevas infernais, esquecido dos que ficaram, odiado pelos que ficaram, xingado pelos que ficaram. Que adiantou o homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Este é o grande problema, um problema de cálculo, de valorizar as coisas, de entender o valor, de ter o critério dos valores, o conhecimento dos valores, não subornar os valores, de não emboscar os valores da vida. “De que adianta o homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?”

Oscar Batista foi mineiro de nascimento, mas viveu aqui bem perto de nós, em São Fidélis e em Cambuci. Desencarnou em 1951. Que surpresa para mim quando, há uns poucos anos, fui, a convite de confrades, assistir à inauguração de um orfanato chamado Oscar Batista. Eu conheci Oscar Batista por essas quadras que Chico vem recebendo há muito tempo. Agora imaginem, meus irmãos, a minha alegria, quando depois de terminada a palestra em que eu falei também sobre Oscar Batista e li umas quadrinhas dele e, terminado tudo, aproxima-se de mim um jovem já maduro, e ao me abraçar, com lágrimas nos olhos, diz assim: “O senhor não me conhece, eu sou daqui de Cambuci. Sou filho de Oscar Batista, filho do lugar onde, com alegria, este Oscar Batista tanto trabalhou e lutou!” Esse nosso amigo, desencarnado desde 1951, portanto há 30 anos, nos diz sobre a morte:

Semeia bênçãos de amor
vive sempre atento a isto:
feliz o trabalhador
que a morte encontra em serviço.
Que beleza! Sempre servindo! Nós somos chamados, por São Paulo, cooperadores de Deus. São Paulo usa muito isso – cooperadores. Que quer dizer cooperador? Cooperador quer dizer aquele que trabalha junto de alguém, com alguém. Que glória a nossa! Mais um título que não foi conseguido à custa de lambuja, de hipocrisia humana nem de bajulações aos poderosos, aos barões, aos chefões, aos mafiosos. Título que Deus nos dá - cooperadores de Deus. Disse Cristo: “Deus trabalha sem cessar e eu continuo a Sua obra”. São Paulo vem e diz que nós somos cooperadores de Deus! Deus trabalha e nós trabalhamos com Ele!
Meus amigos, já estamos com tantos títulos maravilhosos! Filhos de Deus, príncipes de Deus, sacerdotes de Deus, cooperadores de Deus, herdeiros de Deus! E andamos ainda querendo bajular mais coisas? Para sujar a nossa alma? Sujar das mãos sujas dos barões imundos, das mordomias e das corrupções políticas e administrativas do mundo? Gente podre espiritualmente, má, perversa, castradora, maldosa, opressora, esmagadora dos humildes, dos pobres, dos humildes de coração, dos pacíficos? Inimigos de Deus, gente do anti-Sistema, das forças do mal! E Cristo nos convida: “Vinde a mim a todos vós, que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei!”, “Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração e encontrareis descanso para as vossas almas”, “Tomai sobre vós o meu julgo, porque o meu fardo é leve e meu jugo não é pesado”. É verdade que ele nos dá um jugo, uma direção, uma teoria, mas não é pesado isso! Pesado é o jugo do mundo, que massacra. Como diz nas “Grandes Mensagens”, recebidas por Pietro Ubaldi, “O mundo parece semear rosas, mas na verdade semeia espinho. Eu lhes ofereço espinhos, mas ajudarei a colher as rosas”.
Semeia bênçãos de amor
vive sempre atento a isto:
feliz o trabalhador
que a morte encontra em serviço.
Gil Amora, outro poeta também desconhecido, mas cheio de beleza nas suas mensagens:
Para quem viveu amando
a humanidade sofrida
a morte quando aparece
é o grande prêmio da vida.
Vejam, meus amigos! A morte é o grande prêmio da vida as pessoas. Querem prêmios? Loterias? Concursos para ganharem coisas? Até os livros agora vêm com propaganda de prêmios, ciclos de livros, prêmios, prêmios, cinco chevrolets, tantas geladeiras, prêmios, todos querem prêmios, tudo vem com prêmios! É o chamariz para as compras, para o comércio. Prêmios, prêmios, prêmios e todos se esquecem que o grande prêmio da vida é justamente a morte. Aquilo que o poeta Manuel Bandeira - que não teve a felicidade, em vida terrena, de conhecer as coisas espirituais embora fosse uma bela e grande alma - Manuel Bandeira chamou “a indesejada das gentes”. O grande prêmio da vida é a indesejada da gente, é aquela que ninguém quer, é aquela que muita gente fala: “Pára de falar em morte, pára com isso, você está fúnebre, você está com uma cara fúnebre, só fala em morte, pára, por favor, de falar em morte que eu já não agüento mais!” A pessoa fica nervosa, dá escândalo, dá chilique, “Pára com história de morte que eu não agüento mais! Pelo menos em minha presença, pára com essas histórias! Eu não acredito nisso, pára com isso! Vamos falar na vida, na alegria, nos prazeres da vida! Pára com morte!” E a voz imperativa do machão dominador, do marido massacrador, do homem sem “Complexo de Cronos” na cabeça e no coração diz: “Pára, pára de falar nisso!” E deixou de ganhar o grande prêmio da vida, “a indesejada da gente”, na linguagem de Manuel Bandeira.
Para quem viveu amando
a humanidade sofrida
a morte quando aparece
é o grande prêmio da vida.
Para terminar, que o relógio assinala, Maria Dolores, nossa querida Maria Dolores, a grande poetisa baiana, amiga das crianças, sendo casada e não tendo filhos do seu matrimônio, adotou crianças, e sempre crianças e mais crianças! Que belíssimo exemplo! Algumas filhas são hoje professoras de sociologia nos Estados Unidos, outras estão lá no Ceará, todas formadas, todas trabalhando, todas abençoadas e guardando o exemplo, o carinho e a saudade da sua grande mãe terrena, Maria Dolores. É dessa grande alma, que eu tive a felicidade de conhecer pessoalmente, na Bahia, a última quadra que eu quero ler. Esta última quadra, esta última nota da grande libertadora:
Quem aceita as próprias lutas
fazendo o bem ao vence-las
recebe a noite da morte
toda enfeitada de estrelas.
Vejam, meus amigos, o que é a morte para os justos, para aqueles a quem a Escritura chama “os justos” - aqueles que vivem nos caminhos de Deus, que aceitam as próprias lutas, as provas da vida, as dores, as confusões, as crueldades da vida, os massacres da vida, o rolo compressor da vida, quem aceita a Grande Palavra.

terça-feira, outubro 31, 2006

Alegoria do amigo importuno

Palestra de Flávio no dia 29 de outubro de 2006, ainda em celebração dos 71 anos
da Escola Jesus Cristo.

Comenta-se aqui os versículos anteriores e os seguintes à Alegoria do Amigo que chega do viagem ou do "Amigo Importuno"
Lucas, 11:
"1. Um dia, num certo lugar, estava Jesus a rezar. Terminando a oração, disse-lhe um de seus discípulos: Senhor, ensina-nos a rezar, como também João ensinou a seus discípulos.
2. Disse-lhes ele, então: Quando orardes, dizei: Pai, santificado seja o vosso nome; venha o vosso Reino;
3. dai-nos hoje o pão necessário ao nosso sustento;
4. perdoai-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos àqueles que pecaram contra nós; e não nos deixeis cair em tentação.
5. Em seguida, ele continuou: Se alguém de vós tiver um amigo e for procurá-lo à meia-noite, e lhe disser: Amigo, empresta-me três pães,
6. pois um amigo meu acaba de chegar à minha casa, de uma viagem, e não tenho nada para lhe oferecer;
7. e se ele responder lá de dentro:
"Não me incomodes";
a porta já está fechada, meus filhos e eu estamos deitados; não posso levantar-me para te dar os pães;
8. eu vos digo: no caso de não se levantar para lhe dar os pães por ser seu amigo, certamente por causa da sua importunação se levantará e lhe dará quantos pães necessitar.
9. E eu vos digo: pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á.
10. Pois todo aquele que pede, recebe; aquele que procura, acha; e ao que bater, se lhe abrirá.
11. Se um filho pedir um pão, qual o pai entre vós que lhe dará uma pedra? Se ele pedir um peixe, acaso lhe dará uma serpente?
12. Ou se lhe pedir um ovo, dar-lhe-á porventura um escorpião?
13. Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai celestial dará o Espírito Santo aos que lho pedirem."

Aqui temos que a pregação da necessidade de se insistir no que é bom e correto vir depois de se haver ensinado a oração "Pai Nosso".
E segue-se a alegoria, o "pedi e obtereis" e a certeza de que Deus é providente para conosco!

"... no caso de não se levantar para lhe dar os pães por ser seu amigo, certamente por causa da sua importunação se levantará e lhe dará quantos pães necessita".
É necessário que nós sejamos insistentes na verdade e na tentativa de fazer com que as pessoas saiam de seu comodismo, de sua paralisia espiritual, de seu reumatismo psíquico, da dureza de seus corações.
Pedir por amor de Deus , é muito útil, pois creio que essa parábola nos diz que é bom sermos importunos para pedir o que é certo.
É preciso, se tivermos certeza do que é correto, que tenhamos a coragem de deixar certas pessoas embaraçadas e por isso mesmo compelidas a corrigir a sua conduta. O professor deve exortar seus alunos a corrigir suas trajetórias de vida.
Impelir, impulsionar, incentivar, incitar, induzir, inflamar, instar, instigar, intensificar a vontade das pessoas. Ser insistente com a verdade, é correto diante desta parábola.
É por isso que Clóvis Tavares pedia ardentemente nesta tribuna: "Pelo Amor de Deus, crede no que estou vos falando"
Há aqui um debate entre a providência e a previdência.
O homem é obrigado à previdência e necessitado da providência.
A providência é pouco útil a quem não é previdente.
É possível entendermos o amigo importuno como o homem insistindo em pedir a Deus o de que necessita até obter.
É uma interpretação razoável, pois Jesus mesmo disse que nós somos maus e sabemos dar o necessário aos nossos filhos. Assim, é óbvio que Deus que é nosso Pai, saberá nos dar o melhor.
Mas existe outra conotação do amigo importuno.
Ele chega de viagem.
Ele vem nos procurar à meia noite.
À esta hora, a nossa família já está dormindo e dizemos que nos procure no dia seguinte.
Mas na urgência, ele insiste até que nós lhe abrimos a porta!

Quem é o importuno?
É um amigo.
De onde ele vem?
De longe e está necessitado especificamente de nossa ajuda.
O que é para nós acudi-lo nesta hora?
Um aborrecimento.
Que método ele utiliza para nos convencer?
A insistência.

Quem é o nosso amigo?
Alguém que nos importuna. Que nos tira do lugar. Que nos faz pensar. Que nos induz ao bem. Que nos deixa embaraçados e até envergonhados, quase que constrangendo-nos a fazer o bem.

terça-feira, outubro 17, 2006

É fundada a ESCOLA JESUS CRISTO em Nosso Lar

Homenagem à fundação , por Nina Arueira, da Escola Jesus Cristo, localizada na cidade de Nosso Lar em 17 de outubro de 1935.

DEUS

Para obedecer às leis é preciso compreendê-las e senti-las.
É preciso que elas estejam de acordo com a natureza – porque DEUS é uma natureza “infinita e incriada, que nunca teve princípio e nunca há de ter fim”.
DEUS é uma fôrça infinita, e nós somos cada qual uma fôrça.
DEUS é um credo infinito, e nós somos cada qual um credo.
DEUS é o oceano interminável, e nós somos cada qual um mediterrâneo, nas reentrâncias da terra.
É preciso lutar com as margens povoadas de répteis, e voltar, novamente, ao grande pélago.
É ignorância a obediência cega; é sabedoria a compreensão sem limites.
Creia em si, pois, o homem; o mundo é seu e o viver é seu; expanda-se, porque DEUS está muito além da simples crença e o coração muito além da inteligência; galgue-se o raciocínio, cruzem-se os horizontes, devastem-se os oceanos; afunde-se na crosta; multipliquem-se os esforços, porque DEUS está ainda muito depois do último esforço.

A MANEIRA MAIS HUMANA DE SER FELIZ

Quando virdes utopistas, poetas, falarem na distância que se interpõe entre a felicidade e o homem, quando encontrardes, no volver da vossa vida, peregrinos que se afundam nos vales e se alevantam sôbre montanhas e se esfacelam entre pedras brutas e espinhos pontiagudos, tende compaixão deles e convidai-os, pobres, a volver convosco.
Não é lá que se aloja a felicidade; não é ali e nem em parte alguma; podeis circundar com vossos olhares o ambiente que vos é familiar; o céu que vos é conhecido; não encontrareis vosso ideal de ventura.
Depois de caminhardes, de vencerdes todas as distâncias, sentir-vos-eis fatigados e não vos sentireis felizes.
Mas, caminhai dentro de vosso eu; procurai nos mistérios de vosso espírito; provai os frutos de vossa alma e quando vos conhecerdes bem, e quando tiverdes trabalhando muito dentro de vossa própria atividade, quando vos sentirdes satisfeitos com vós mesmos, sentir-vos-eis, então, sublimemente felizes.

domingo, outubro 15, 2006

UM TRIBUTO À GRANDE TEREZA

Hoje, 15 de outubro é o dia de S. Tereza D´Ávila a grande doutora da Igreja, reformadora, renovadora, inspiradora de muitas almas no seio da Igreja e fora dela, onde tantos a amam e admiram. Meu Pai , Clóvis Tavares a amava profundamente e quem ler MEDIUNIDADE DOS SANTOS, poderá entrar em contato com dados curiosos e marcantes da vida desta missionária e mísitca espanhola que muito nos cala ao coração. Também Chico Xavier , que a chamava "A Grande Tereza" é outro admirador dessa alma de escol.

E para homenageá-la neste deia, vamos apresentar uma sua poesia que é um diamante espiritual.


Vivo sin vivir en mí

Vivo sin vivir en mí,
y de tal manera espero,
que muero porque no muero.

Vivo ya fuera de mí
después que muero de amor;
porque vivo en el Señor,
que me quiso para sí;
cuando el corazón le di
puse en él este letrero:
que muero porque no muero.

Esta divina prisión
del amor con que yo vivo
ha hecho a Dios mi cautivo,
y libre mi corazón;
y causa en mí tal pasión
ver a Dios mi prisionero,
que muero porque no muero.

¡Ay, qué larga es esta vida!
¡Qué duros estos destierros,
esta cárcel, estos hierros
en que el alma está metida!
Sólo esperar la salida
me causa dolor tan fiero,
que muero porque no muero.

¡Ay, qué vida tan amarga
do no se goza el Señor!
Porque si es dulce el amor,
no lo es la esperanza larga.
Quíteme Dios esta carga,
más pesada que el acero,
que muero porque no muero.

Sólo con la confianza
vivo de que he de morir,
porque muriendo, el vivir
me asegura mi esperanza.
Muerte do el vivir se alcanza,
no te tardes, que te espero,
que muero porque no muero.

Mira que el amor es fuerte,
vida, no me seas molesta;
mira que sólo te resta,
para ganarte, perderte.
Venga ya la dulce muerte,
el morir venga ligero,
que muero porque no muero.

Aquella vida de arriba
es la vida verdadera;
hasta que esta vida muera,
no se goza estando viva.
Muerte, no me seas esquiva;
viva muriendo primero,
que muero porque no muero.

Vida, ¿qué puedo yo darle
a mi Dios, que vive en mí,
si no es el perderte a ti
para mejor a Él gozarle?
Quiero muriendo alcanzarle,
pues tanto a mi Amado quiero,
que muero porque no muero.

(Santa Teresa de Ávila - Obras Completas. Burgos : Editorial "Monte Carmelo")

sexta-feira, outubro 13, 2006

DIA DAS CRIANÇAS: POR UM MUNDO MELHOR

Por Moab José
moab@elo.com.br

Um triste dia para muitas crianças.

Enquanto houver necessidade de datas comemorativas, é sinal que os objetos dessas datas ainda não são devidamente respeitados. Todos os dias deveriam ser vividos como o dia das mães, dos pais, dos deficientes, etc., incluindo-se nesse âmbito o Natal.

Exatamente hoje, o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, apresentará ao mundo um relatório sobre a violência praticada contra a criança, entendendo-se criança, como todos menores de 18 anos e que não foram emancipados. O relatório trás números que assustam e, ao mesmo tempo, nos envergonha, uma vez que, diante da violência podemos assumir três papéis: o de agente, o de vítima e o de espectador.

A OMS, Organização Mundial de Saúde estima que em 2002, quase 53 mil crianças morreram em todo o mundo, vítimas de homicídio. No mesmo período, 150 milhões de meninas e 73 milhões de meninos – menores de 18 anos -, foram forçados a manterem relações sexuais ou sofreram outras formas de violência sexual que envolveu contatos físicos. Na África, anualmente, três milhões de meninas e mulheres são submetidas a mutilações genitais.

Por sua vez, a OIT, Organização Internacional do Trabalho, relata que em 2004, 218 milhões de crianças participaram de esquemas de trabalho infantil. Entre estas, 126 milhões em atividades consideradas perigosas. O trabalho escravo atingiu 5,7 milhões de menores. Como vítimas da exploração sexual e da pornografia, tivemos 1,8 milhões e, 1,2 milhões vítimas do tráfico.

O relatório é extenso.
Além de relacionar alguns fatores que contribuem para violência contra a criança (as crescentes desigualdades sociais, a globalização, a migração, conflitos armados, crianças de minorias, grupos marginalizados, etc.), o relatório sugere maneiras para se minimizar tais problemas.

Contudo, podemos afirmar que na base de tudo encontramos o egoísmo e a indiferença. Assim, encerro com esta quadrinha que ouvi dos lábios de Chico Xavier:

"A criança maltrapilha
Que pede pão aos teus pés
São anjos que Deus envia
Para saber quem tu és. "

Paz para todos!
MOAB JOSÉ

(Lar "Pouso da Esperança", São Luís/MA, outubro de 2006).

sexta-feira, setembro 29, 2006

A PIEDADE


" A piedade é a virtude que mais vos aproxima dos anjos; é a irmã da caridade, que vos conduz a Deus. Ah! deixai que o vosso coração se enterneça ante o espetáculo das misérias e dos sofrimentos dos vossos semelhantes. Vossas lágrimas são um bálsamo que lhes derramais nas feridas e, quando, por bondosa simpatia, chegais a lhes proporcionar a esperança e a resignação, que encanto não experimentais! Tem um certo amargor, é certo, esse encanto, porque nasce ao lado da desgraça; mas, não tendo o sabor acre dos gozos mundanos, também não traz as pungentes decepções do vazio que estes últimos deixam após si Envolve-o penetrante suavidade que enche de jubilo a alma. A piedade, a piedade bem sentida é amor; amor é devotamento; devotamento é o olvido de si mesmo e esse olvido, essa abnegação em favor dos desgraçados, é a virtude por excelência, a que em toda a sua vida praticou o divino Messias e ensinou na sua doutrina tão santa e tão sublime.

Quando esta doutrina for restabelecida na sua pureza primitiva, quando todos os povos se lhe submeterem, ela tomará feliz a Terra, fazendo que reinem aí a concórdia, a paz e o amor.

O sentimento mais apropriado a fazer que progridais, domando em vós o egoísmo e o orgulho, aquele que dispõe vossa alma à humildade, à beneficência e ao amor do próximo, é a piedade! piedade que vos comove até às entranhas à vista dos sofrimentos de vossos irmãos, que vos impele a lhes estender a mão para socorrê-los e vos arranca lágrimas de simpatia. Nunca, portanto, abafeis nos vossos corações essas emoções celestes; não procedais como esses egoístas endurecidos que se afastam dos aflitos, porque o espetáculo de suas misérias lhes perturbaria por instantes a existência álacre. Temei conservar-vos indiferentes, quando puderdes ser úteis. A tranqüilidade comprada à custa de uma indiferença culposa é a tranqüilidade do mar Morto, no fundo de cujas águas se escondem a vasa fétida e a corrupção.

Quão longe, no entanto, se acha a piedade de causar o distúrbio e o aborrecimento de que se arreceia o egoísta! Sem dúvida, ao contacto da desgraça de outrem, a alma, voltando-se para si mesma, experimenta um constrangimento natural e profundo, que põe em vibração todo o ser e o abala penosamente. Grande, porém, é a compensação, quando chegais a dar coragem e esperança a uni irmão infeliz que se enternece ao aperto de uma mão amiga e cujo olhar, úmido, por vezes, de emoção e de reconhecimento, para vós se dirige docemente, antes de se fixar no Céu em agradecimento por lhe ter enviado um consolador, um amparo. A piedade é o melancólico, nas celeste precursor da caridade, primeira das virtudes que a tem por irmã e cujos benefícios ela prepara e enobrece. - Miguel. (Bordéus, 1862)Evangelho Segundo o Espiritismo Cap.13, ítem 16.

Temos duas acepções principais para Piedade.
A primeira, mais conhecida, que é a abordada pelo espírito Miguel no Evangelho Segundo o Espiritismo, é a da compaixão, da comiseração pelo sofrimento alheio. Ele nos lembra uma coisa muito simples, é possível que abafemos os nossos sentimentos. Vejam que analogia forte! Sentimento abafado é um sentimento asfixiado, impedido de sobreviver.
Neste mundo de ansiedade e pressa, é realmente fácil para o ser humano produzir uma hipóxia na sua emotividade. Fala-se muito hoje nos transtornos afetivos. São a coqueluche da moderna psicologia comportamental. São transtornos emocionais onde está comprometida a capacidade do ser humano de sentir.
E assim como é necessário buscar um exercício prático pra desenvolver habilidades técnicas corporais e intelectuais, como o atletismo, as ciências, é possível também exercitar a nossa capacidade de sentir. Jesus teve piedade da multidão com fome (Mt 15:32).
O apóstolo da gentilidade nos pede:

"Exercita-te na piedade. Se o exercício corporal traz algum pequeno proveito, a piedade, esta sim, é útil para tudo, porque tem a promessa da vida presente e da futura." I Tm 4:8.


Ele mesmo, como um homem culto, que na época foi educado como um romano, deve ter exercitado as artes corporais. A sua cultura física era helênica e é possível que Paulo tivesse tido uma formação atlética na sua juventude, parte de sua aculturação romana. é por isso que ele faz a analogia do exercício da piedade com os exercícios corporais. Ora, o ocidente exercita o corpo isoladamente do seu espírito. Sabe-se que na cultura oriental, da qual os gregos herdaram o "mens sana in corpore sano" é uma autêntica fusão do somático com o psíquico. Um iogue enquanto faz sua prática física, está em comunhão com Deus.

E é justamente esta a segunda acepção de Piedade. O sentimento religioso, o amor pelas coisas celestiais, a devoção a Deus, o culto ao que é sagrado, o sentimento de religiosidade e de sacralidade.

E como são desconhecidas do homem moderno estas questões. A vida prática e sofisticada tornou-nos distantes do Temor a Deus. Temos Medo das coisas que nos são apresentadas pelos obsessores para nos afastar de nossos deveres e esquecemos de respeitar aquilo que é realmente sagrado. Banalizou-se a religiosidade, intelectualizou-se o homem , perdeu a confiança na suficiência de Deus como gerador e mantenedor da vida. A hipertrofia da ciência afastou-nos de Deus, mas fragilizou-nos o espírito a ponto de sermos vítimas da instabilidade emocional moderna. Somos fóbicos frente ao mundo e intimoratos frente a Deus. Não fazemos o que é certo por que temo medo e fazemos o que é errado por que não respeitamos ao Senhor.
Que ironia! Que confusão!
Paulo previu isso na sua segunda epístola a Timóteo:

"Nota bem o seguinte: nos últimos dias haverá um período difícil.
Os homens se tornarão egoístas, avarentos, fanfarrões, soberbos, rebeldes aos pais, ingratos, malvados,
desalmados, desleais, caluniadores, devassos, cruéis, inimigos dos bons,
traidores, insolentes, cegos de orgulho, amigos dos prazeres e não de Deus,
ostentarão a aparência de piedade, mas desdenharão a realidade. Dessa gente, afasta-te!
Deles fazem parte os que se insinuam jeitosamente pelas casas e enfeitiçam mulheres carregadas de pecados, atormentadas por toda espécie de paixões,
sempre a aprender sem nunca chegar ao conhecimento da verdade.
Como Janes e Jambres resistiram a Moisés, assim também estes homens de coração pervertido, reprovados na fé, tentam resistir à verdade.
Mas não irão longe, porque será manifesta a todos a sua insensatez, como o foi a daqueles dois. (II Tm 3:1- 9)


Essa geração é a nossa. Somos vítimas da impiedade. Buscamos todos os meios para nos euforizar artificialmente por que não obtemos mais alegria de viver. Queremos fazer muitas coisas, por que não sabemos mais ficar parados. Queremos barulho das bandas de rock, rolando as pedras, as pedras dos bárbaros, dos australoptecos, dos hooligans, dos skinheads, dos funkeiros...E de tanto barulho não escutamos mais a voz de Deus nos procurando, nos chamando, nos advertindo...
Essa fase de impiedade dos tempos modernos é muito grave, pois permitimos que nossos corações endurecessem, como nos previu Paulo.
Jesus também disse o que tem o mesmo significado que estas duras palavras de Paulo:

"E, ante o progresso crescente da iniqüidade, a caridade de muitos esfriará."(Mt 24:12)

Esfriar é uma ação que nos dá idéia de duração. O amor, a caridade enfraquece paulatinamente, por causa do crescimento da impiedade. A impiedade cresce no terreno fértil do individualismo, da vaidade, das insaciáveis necessidades materiais, da competitividade, do ciúme, do afastamento da verdade. Foi a isso que Paulo se referiu, quando deu o exemplo dos magos egípcios que resistiram a Moisés. Eles conheceram a verdade pela ciência, mas resistiram no coração. Estamos hoje defrontados com uma multidão que quer cada vez mais buscar o materialismo por causa dos seus benefícios aparentes. Quem buscar cada vez mais o materialismo por causa das comodidades proporcionadas por ele.
E busca abafar, asfixiar a fé e o amor que existem dentro de todos nós, pois somos feitos à imagem e à semelhança de Deus.
Assim, exercitar a Piedade compaixão no exercício da caridade cristã e não deixar arrefecer dentro de nós o respeito pelas coisas espirituais, pelo Amor a Deus, pela religiosidade, pelo reconhecimento de que existem níveis da existência que estão acima de nossas concepções estreitas e que a reverência pela vida, é também amar a Deus. Sentir o próximo como se fôssemos nós mesmos, é também amar a Deus.
E repetir com Jesus o mandamento máximo:

"Achegou-se dele um dos escribas que os ouvira discutir e, vendo que lhes respondera bem, indagou dele: Qual é o primeiro de todos os mandamentos? Jesus respondeu-lhe: O primeiro de todos os mandamentos é este: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor; amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu espírito e de todas as tuas forças. Eis aqui o segundo: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Outro mandamento maior do que estes não existe. (Mc 12:28:31)

terça-feira, setembro 19, 2006

Entrevista de Alcione Peixoto sobre Peixotinho.

O " ESPIRITISMO CRISTÃO" Apresenta a Entrevista dada pela nossa irmã Alcione Peixoto ao site
"Portal do Espiritismo"
1- QUEM FOI PEIXOTINHO?
R. Para os espíritas foi o grande médium de efeitos físicos que veio como contemporâneo de seu amigo Chico Xavier, para, através de sua mediunidade, levantar mais uma pontinha do véu que envolve as realidades do mundo dos espíritos. O que André Luiz descortinava pela psicografia de Chico Xavier era materializado aos olhos dos presentes a essas reuniões de ectoplasmia. Aparelhos descritos por André Luiz em sua obra estiveram sob os olhos dos encarnados. Exemplo disso é o psicoscópio, que ausculta a alma com poder de definir-lhe as vibrações e efetua diversas observações sobre a matéria, como explica André Luiz no livro Nos Domínios da Mediunidade. Peixotinho complementava a obra de Chico com a comprovação daqueles fatos. Por isso vieram na mesma época. Diferencia-se dos demais medianeiros de efeitos físicos pela espontaneidade e autenticidade dos fenômenos e pela luminosidade dos espíritos que por ele se materializavam. A luz era tão intensa que a assistência precisava fechar os olhos até se habituar a ela lentamente. Exemplo disso foram as materializações de Bezerra de Menezes, Clarêncio e outros menos conhecidos do mundo espírita, mas de igual evolução.Para nós, seus filhos, e para os amigos que nos freqüentavam o lar simples, Peixotinho era o amigo, era alegria, bom humor, simplicidade, humildade, e doçura constantes. Sua capacidade de compreender as pessoas, sua compaixão, sua hospitalidade, sua imensa capacidade de perdoar, foram sempre destacadas por todos que o conheceram. Ele e Baby, nossa mãe, foram missionários silenciosos do espiritismo no Brasil. Juntos, eram como farol a iluminar muitas vidas. Muitos Templos Espíritas se multiplicaram a partir deles por nossa região e pelo Brasil.

2-QUANTOS IRMÂOS VOCÊ TEM?
R. Peixotinho teve nove filhos. Uma das filhas - Araci - desencarnou com pouco mais de um ano de idade. Criou com sacrifício os oito filhos. Um único homem (o mais velho) e sete mulheres. Portanto, tenho seis irmãs. Uma destas - Ceila - desencarnou há quinze dias, no dia 20 de agosto de 2006.

3-COMO ERA A VIDA NORMAL DE PEIXOTINHO?
R. Ele militar do Exército e, por isso, teve a vida muito agitada por transferências constantes. Para onde era transferido buscava os espíritas do lugar e instalava logo o receituário homeopático. Era psicógrafo, médium mecânico, vidente, audiente etc. Embora seu compromisso fosse com a ectoplasmia, a ele abria-se um imenso leque de possibilidades mediúnicas. A presença de minha mãe em sua vida acompanhando-o aonde quer que ele fosse, foi o grande amparo ao seu trabalho. Peixotinho era um homem antenado com seu tempo. Acompanhava a política, o futebol como qualquer outro brasileiro. Gostava muito de cinema, de música, tanto as clássicas como os ritmos que lhe lembrava o seu nordeste distante. Gostava muito de conversar, de receber visitas, e, sobretudo de viajar. Nossa casa era sempre cheia. Muito alegre, os nossos colegas jovens adoravam estar conosco e conversar com papai. Também a chegada constante de doentes de todo o Brasil que vinham em busca de tratamento de saúde movimentava nossa casa. Doentes do corpo e da alma e até mesmo doentes mentais. Ele abrigava a todos junto a nós, seus filhos, sua família, com a maior naturalidade e com fé na recuperação de todos. Muitos batiam à nossa porta vindos de cidades distantes sem nos conhecer. E vinham com grandes malas para ficar até o fim do tratamento, na certeza de que teriam abrigo certo nessa casa simples onde hoje eu moro.

4- COMO SE TORNOU ESPÍRITA?
R. Pela própria mediunidade. Na adolescência, em fase de explosão mediúnica aguda, passou por um processo de catalepsia do qual só despertou depois de já estar amortalhado, o que chamou a atenção de muita gente. A notícia correu e o grande tribuno espírita, Major Viana de Carvalho que, na época, ocupava posto de comando em unidade do Exército Brasileiro no Ceará, tomou conhecimento do sofrimento daquele jovem e foi em seu socorro. Saiu desse episódio paraplégico. Foi amparado pela casa espírita que mais tarde veio a ser a Federação Espírita do Estado do Ceará, onde Viana de Carvalho atuava. Com passes e água fluídica ficou curado. Foi Viana de Carvalho o seu orientador na seara espírita. E Peixotinho foi fiel às orientações desse mestre, mantendo por toda sua vida fidelidade a Jesus e a Kardec.
5-QUANDO É QUE ELE DESCOBRIU QUE TINHA CAPACIDADE DE PROMOVER MATERIALIZAÇÕES?
R. Foi em Macaé, em 1936, no Grupo Espírita Pedro e soube por revelação dos espíritos que deram todas as instruções para a realização das reuniões de efeitos físicos. Muitos obstáculos foram vencidos entre eles a sua saúde deficiente, já que era portador de uma asma que não lhe dava descanso, e a falta de preparo espiritual dos assistentes, tendo em vista que ele foi o primeiro médium com tarefa tão definida, numa área mediúnica dedicada exclusivamente ao tratamento de doentes.

6-DAS VÁRIAS MATERIALIZAÇÕES QUE REALIZOU QUAL A QUE MAIS O IMPRESSIONOU?R. Ele não assistia às materializações. Saía do corpo físico levado por uma equipe da espiritualidade. Voltava contando-nos maravilhas da vida espiritual. Contudo, vibrava com os relatos dos companheiros a respeito dos espíritos de luz que se materializavam. Creio que o relato que mais o impressionou foi a descrição do Ministro Clarêncio, de Nosso Lar, que visitou o Grupo Aracy, onde ele atuava como médium. Também a descrição da doçura de Dr. Bezerra de Menezes e de Nina Arueira que na Terra fora noiva do Prof. Clóvis Tavares. Uma senhora costureira que a viu, disse que teve vontade de copiar seu vestido tecido em luz como se fosse de um luar brilhante. Outra bem comentada foi a de sua filha Aracy, espírito de muita luz, desencarnada em 1937, que se materializou vestida como uma linda moça em trajes típicos da Espanha. Sheilla, José Grosso e outros estavam sempre conosco. Essas reuniões eram dirigidas pelo espírito Garcês.

7- E A FAMÍLIA, COMO RECEBIA ESSAS REALIZAÇÕES DO QUERIDO MÉDIUM?
R. Toda a família se beneficiava espiritualmente de seus dons mediúnicos. Fomos muito protegidos pelos benfeitores para que ele produzisse melhor. Ele fazia conosco um culto diário, onde estudávamos o Novo Testamento e ele ficava feliz com nosso progresso no conhecimento dos relatos do Evangelho de Jesus. Lastimo que os lares espíritas não cultivem o hábito de ler o Novo Testamento. Durante nossas orações, os benfeitores compareciam para abençoar nossa infância feliz, premiando-nos com a materialização de flores e perfumes que jorravam sobre nossas pequeninas cabeças. Materialmente éramos muito pobres, mas não nos dávamos conta disso. Nosso lar era tão bom, feliz e alegre!...

8-ALGUÉM MAIS DA FAMÍLIA TEM ESSE TIPO DE MEDIUNIDADE?R. Sim. Mas não tão ostensiva como a de Peixotinho. Eu e Joana chegamos a atuar como médium auxiliar. Joana dedicou-se mais à tarefa de efeitos físicos. Agora um sobrinho e um dos meus filhos apresentam fortes indícios dessa mediunidade. Nossas tarefas na doutrina, contudo, não se prendem a essa forma mediúnica. Trabalhamos, eu minhas irmãs Nina e Joana com outras dons mediúnicos. Mas os espíritos, com certeza, aproveitam-nos sempre a possibilidade de doação ectoplásmica em benefício de doentes. Mesmo que não tenhamos disso consciência.

9- AQUELES QUE NA ÉPOCA VIVIAM EM CONTATO COM A FAMÍLIA AINDA SE MANTÊM AMIGOS DE VOCÊS?R. A maioria dos amigos que nos freqüentava já desencarnou. Os que permanecem na Terra estão sempre conosco. Também os filhos deles continuam a fazer parte de nosso círculo de relações. Todos relembram com uma saudade bonita e suave os momentos vividos em nossa casa. Uma das senhoras aqui tratadas de um câncer na década de 50 e que ainda vive no Rio, chama nossa casa de "Cantinho do Céu".

10- COMO ERA A VIDA DE VOCÊS TENDO UM PAI TÃO CONHECIDO E COMENTADO NO MEIO ESPÍRITA?
R. A vida comum de toda juventude da época, acrescida das tarefas junto aos sofredores, como visita aos doentes, presídios e a lares pobres onde levávamos alimentos e roupas. Isso desde nossa primeira infância era um fato tão normal como o era para nós a mediunidade dele. Quando menina, eu achava que em todas as casas aconteciam tais fenômenos e se convivia naturalmente com os Espíritos. Descobri que nossa casa era diferente através de uma grande dor. Contei fatos acontecidos em casa na escola e fui muito castigada. Narro tudo isso no livro "MATERIALIZAÇÃO DO AMOR" do prof. Humberto Vasconcelos, editado pela DOXA, que considero a melhor obra sobre Peixotinho. Na verdade nunca o vimos como alguém especial, diferente. Sua humildade extrema não nos permitiu dimensionar sua importância para o desenvolvimento do Espiritismo no Brasil. Todos que o conheceram de perto têm a mesma opinião. Só depois de sua morte pudemos avaliar a grandeza de sua obra e de seu espírito. O próprio Chico Xavier, em conversa com o prof. Clóvis Tavares, certa vez, tira do bolso do paletó um retrato de Peixotinho e afirma que foi o maior médium de efeitos físicos que ele conheceu e referiu-se a sua humildade para justificar a pouca divulgação dada à época ao seu trabalho, dizendo que Peixotinho era muito evangelizado, daí os fenômenos serem tão luminosos.

11- COMO É A VIDA DA FAMÍLIA HOJE SEM A PRESENÇA DO MÉDIUM?
R. Sua presença continua uma constante em nossas vidas. Eu, particularmente, estou sempre a receber-lhe as orientações amigas. Falamos tanto nele que seus netos e bisnetos que não o conheceram têm a maior familiaridade com ele e citam-no sempre. Alguns dos seus filhos dedicaram-se mais intensamente às tarefas espíritas. Uns na tribuna, outros nas tarefas mediúnicas ou assistencial e outros guardam só na memória suas lições e se esforçam por praticá-las na vida, sem, porém, manterem maior vinculação com a Casa Espírita. Alguns de seus netos já militam com brilhantismo na tribuna espírita no Recife, são doutrinadores, médiuns, evangelizadores etc.

12- QUAIS AS LEMBRANÇAS E OBJETOS QUE A FAMÍLIA GUARDA DAS MATERIALLIZAÇÕES QUE PEIXOTINHO REALIZAVA?R. Como Chico Xavier, ele distribuía tudo. Às vezes queríamos guardar uma pedra bonita que os espíritos nos davam, mas logo chegava alguém que a vira cair e pedia-nos. Delicadamente, ele nos sugeria a dádiva. Depois dizia-nos: "vocês têm isso tudo todos os dias...". Obedecíamos. Por isso ficamos sem nada material, a não ser alguns poemas escritos pelos próprios espíritos materializados. Mas ficamos com a melhor parte, como Maria de Betânia, as lembranças e os exemplos que nos cabe multiplicar.

13- O QUE NÃO TE PERGUNTEI E QUE VOCÊ GOSTARIA DE RESPONDER?R. A sua entrevista foi bem abrangente e possibilitou-me saudosos relatos. Gostaria, porém, de reafirmar que não existem bons médiuns sem que exista antes um bom homem, um homem cristão em todas as horas de seu dia. Esse é o grande medianeiro a serviço de Jesus na Terra.

14- MANDE SEU RECADO FINAL AOS AMIGOS DO PORTAL DO ESPIRITISMO

.R. Que os companheiros do PORTAL DO ESPIRITISMO se unam às minhas preces de gratidão a Jesus por proporcionar aos homens tantos avanços tecnológicos e por estarem os senhores utilizando essa tecnologia a serviço do desabrochar dos mais elevados sentimentos no espírito dos homens; unindo, assim, conhecimento a sentimento, equilibrando as asas suaves que nos permitirão o vôo definitivo no rumo do Amor de Deus. Mesmo sabendo de minha pobreza espiritual, disponibilizo-me sempre para qualquer atividade em que possa ser útil ao trabalho dos senhores. Que Jesus os ilumine!

Alcione Peixoto Cordeiro. Em Campos dos Goytacazes, 5 de setembro de 2006.
O Portal do Espiritismo agradece de coração a atenção que nos foi dispensada por Alcione Peixoto, na concessão desta entrevista que nos possibilita conhecer mais de perto a vida desse extraordinário médium, rogando a Deus que onde estiver o nosso querido Peixotinho, Jesus com ele também esteja, e a você querida Alcione e a toda família, nossos votos de que todos tenham sempre a assistência dos Bons Espíritos.