terça-feira, outubro 11, 2005

Entrevista com Chico Xavier

P - Qual a situação do Espiritismo no momento, no Brasil e no mundo?
R - O Espiritismo no Brasil ‚ o Cristianismo Redivivo. Religião‚ ação
de Nosso Senhor Jesus Cristo, através das explicações de Allan Kardec,
junto do povo e com o povo, ensinando-nos com os princípios da evolução
e da reencarnação, da fraternidade e da justiça, que todos somos
responsáveis pelos próprios atos e que as leis divinas funcionam na
Terra ou em outros mundos, nos mecanismos da consciência de cada um. Os
benfeitores desencarnados esperam que essa noção fundamental do
Espiritismo no Brasil alcance as múltiplas escolas do Espiritismo,
existentes e outros países.
P - Relacione nomes dos médiuns que considera como os que mais
trabalham.
R - Admiramos profundamente todos os companheiros da mediunidade que
respeitam as funções em que foram situados pelas exigências da
construção esp¡rita-cristã.
P - Qual a sua missão pessoal?
R - Sinto-me na maravilhosa máquina do serviço esp¡rita, … feição de
insignificante peça de emergência, precisando repelões e consertos
constantes pelas imperfeições que traz.
P - Qual a sua obrigação para com a sociedade?
R - O dever comum de servir na medida de nossas possibilidades.
P - E para com o Espiritismo?
R - Corrigir meus defeitos e fazer aos outros o que desejo para mim
mesmo.
P - Acredita na regeneração?
R - Sim.
P - E no arrependimento?
R - Também.
P - A velhice o preocupa?
R - Não.
P - Acha-se mais lúcido?
R - Quanto mais os bons esp¡ritos escrevem por meu intermédio, fazendo
luz, mais reconheço a extensão de minha ignorância pessoal.
P - Como encara a morte?
R - Mudança completa de casa, sem mudança essêncial da pessoa.
P - Seus últimos trabalhos de psicografia são mais importantes do que os
anteriores?
R - Os livros produzidos mediunicamente por meu intermédio pertencem aos
autores desencarnados e o julgamento em torno deles, a meu ver, é função
do público e não minha.
P - Defina, por favor, o que é um médium, o que é psicografia, e como se
explica a existência de Deus.
R - Acreditamos que para melhores esclarecimentos sobre médiuns e
mediunidade, as obras de Allan Kardec devem ser consultadas e estudadas.
Com todo o nosso respeito aos entrevistadores, devemos dizer que
solicitar de nós uma explicação sobre Deus ‚ o mesmo que pedir a um
verme para que se pronuncie quanto a natureza do sol, embora
o verme, se pudesse falar, diria como toda certeza da veneração e do amor
que consagra ao sol que lhe garante a vida.
P - A cultura ‚ essencial para uma pessoa ser médium?
R - A mediunidade pode manifestar-se através da pessoa absolutamente
inculta, mas os bons espíritos são de parecer que todos os médiuns são
chamados a estudar, a fim de servirem com mais segurança.
P - Pretende atingir novos objetivos? Quais seriam eles?
R - Grande misericórdia me fará a Providencia Divina permitindo-me a
possibilidade de continuar trabalhando e aprendendo.
P - Tem carro?
R - Não.
P - Quantos empregados?
R - Nunca os tive.
P - Sente-se forte?
R - As vezes.
P - Com o mesmo entusiasmo de sempre?
R - Sim.
P - Com quem faz o tratamento dos olhos?
R - Médicos distintos e humanitários, tanto quanto benfeitores
espirituais incansáveis, há mais de 20 anos, auxiliam-me a conservar o
resto de visão física que possuo.
P - Sente dores?
R - Comumente.
P - Enxerga com dificuldade?
R - Sim.
P - Espera curar-se?
R - Do ponto de vista orgânico, recebo minha antiga enfermidade do corpo
como sendo débito de outras encarnações, que devo pagar com paciencia.
P - A cegueira seria uma tragédia?
R - Seria uma provação, sem ser uma tragédia.
P - Diga um exemplo de algo que o faça sofrer.
R - Ofender ou prejudicar alguém.
P - Prefere a solidão?
R - A solidão ‚ boa só para refletir, porque, sem dúvida, fomos criados
para viver uns com os outros.
P - É preciso acabar com a pobreza?
R - Sim, pela riqueza do trabalho honesto que devemos cultivar
indistintamente.
P - As reformas devem ser urgentes?
R - Em matéria de reformas, os benfeitores espirituais me ensinam que
não devo esquecer primeiramente as que se referem … melhoria de mim
mesmo.
P - A revolução deve ser evitada?
R - A revolução em que acredito ‚ aquela ensinada por Nosso Senhor Jesus
Cristo, que começa pela corrigenda de cada um, na base do "façamos aos
outros aquilo que desejamos que os outros nos façam".
P - O socialismo traz benefícios?
R - Creio nos benefícios da fraternidade sentida, admitida e praticada
que Jesus nos ensinou e exemplificou.
P - É a favor da promoção da classe operária?
R - Todos somos operários da vida e creio que a bondade de Deus faz
diariamente a promoção do trabalho para quem o procura, coroando de
benção o esforço honesto de toda pessoa, sem distinção de credos ou de
atribuições, que busque realmente servir.
P - Onde passa as férias?
R - Dizem que os aposentados estão em férias permanentes, mas prossigo
trabalhando nas tarefas espíritas com o entusiasmo de sempre.
P - Quando tem férias?
R - De raro em raro, consigo alguns dias de relativo repouso físico para
refazimento.
P - Durante quanto tempo?
R - Nunca mais de 20 dias por ano.
P - Como recebe os ataques que lhe são feitos?
R - Como avisos preciosos contra as imperfeições que carrego.
P - Acredita que tenha inimigos?
R - Acredito que tenha amigos que ficaram diferentes quando reconheceram
que não sou a pessoa ideal que eles julgavam que eu fosse.
P - Quais seus escritores preferidos?
R - Admiro todos os escritores bastante corajosos para esquecerem as
conveniencias pessoais, procurando escrever em aux¡lio real dos seus
leitores.
P - Gosta de cinema? Qual o genero de filmes?
R - Sim. Filmes que nos façam sentir melhores.
P - Acha que o cinema tem o direito de alterar a realidade?
R - Sim, quando se trata da educação do sentimento popular, pois não
acredito que Deus nos conduza a conhecer a realidade para rebaixar-nos.
P - Cite artistas de que goste.
R - Respeito todos os artistas que auxiliam o povo a pensar e a agir
para o bem comum.
P - Ouve musica? Quais os compositores que prefere?
R - Tanto quanto poss¡vel. Dos antigos, admiro profundamente Beethoven e
Mendelssohn, sem esquecer o amor que consagramos aos compositores
nossos, como sejam Villa-Lobos e, na musica popular, o nosso
inesquecível Noel Rosa.
P - Descreva, por favor, como passa o dia.
R - Meu dia é demasiadamente vulgar para ser descrito.
P - O que come habitualmente? Quais os seus pratos preferidos?
R - Refeição comum do interior brasileiro. Não tenho predileções.
P - O que bebe?
R - Agua.
P - A que horas almoça?
R - Meio-dia.
P - Dorme depois do almoço?
R - Não.
P - A que horas é o seu jantar?
R - Depois dos quarenta, deixei o hábito de jantar.
P - Faz algum regime?
R - Os amigos espirituais ensinam que devemos comer só para viver,
entretanto, estou aprendendo a lição vagarosamente.
P - A que horas se levanta?
R - Sete.
P - O que faz de manhã?
R - Trabalho com os amigos espirituais, seja psicografando ou revendo
com eles as páginas de autoria deles mesmos, sempre com a assistencia de
Emmanuel, o instrutor espiritual que me orienta as faculdades
mediúnicas, desde 1931.
P - O que faz à tarde?
R - Nas horas da tarde, além do tratamento ocular, atualmente ocupo-me
de correspondencia usual, de datilografia das páginas escritas pelos
benfeitores espirituais por meu intermédio, sob a orientação deles, …
exceção dos domingos que dedico ao trabalho de correspondencia mais
íntima.
P - O que faz à noite?
R - Nas segundas, sextas e sabados, estou em contato com o público, nas
reuniões da Comunhão Esp¡rita Cristã, em Uberaba, habitualmente das
19:00h até a madrugada. Nas noites de quarta feira coopero nas reuniões
¡ntimas de desobsessão,a mesma organização espírta que me referi.
Nas noites de terça e quinta feiras, trabalho com Emmanuel e outros
orientadores espirituais na formação livros mediúnicos e as noites
de domingo faço uma pausa, para estudar os assuntos gerais da semana ou
descansar os olhos da atividade intensiva.
P - A que horas se deita?
R - Nunca antes das 2 da madrugada.
P - Tem sonhos?
R - Graças a Deus que todos temos neste mundo a felicidade de sonhar.
Creio que Deus, em sua infinita bondade nos reservou o sonho como sendo
um direito de toda a criatura, no qual nenhuma outra criatura consegue
interferir.

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