terça-feira, outubro 14, 2008

PACIFICAR PELA CARIDADE

Artigo publicado no Jornal "Sal da Terra" em outubro de 2008
“Fora da Caridade não há salvação”
Kardec- Ev.s.Esp.cp 15


“Bem aventurados os promotores da Paz” Mt 5:9

Construir a paz através da promoção do bem ou pacificar com amor.
Pouco restaria ao ser humano se estivesse dotado da habilidade psíquica de praticar a caridade de modo transformador, pacificando corações ainda dominados pela ira. Na oração atribuída a Francisco de Assis, lê-se: “Senhor, faça de mim um instrumento de Tua paz.” E qual o método escolhido pelo pobrezinho da Úmbria? Levar amor onde há o ódio!
Perdoar as dívidas pessoais!
Conciliar onde há desunião!
A certeza da Fé, onde impera a dúvida!
Falar de Jesus onde se propaga erros!
Levar esperança aos corações!
Alegrar os que estão tristes!
Iluminar as consciências obscurecidas pela ignorância!
Não buscar o consolo, mas consolar!
Não preocupar-se em ser compreendido, mas em compreender!
Não importar-se com o fato de não ser amado, mas buscar amar a todos!
Pois não há melhor forma de receber que ofertando .
Não há melhor forma de ser perdoado do que perdoando!
E não há vida eterna sem a morte física!
Nessa poética forma de ensinar a amar, o santo homem de Assis resume em alguns pontos essências o lema Construir a Paz, promovendo o Bem.
Certa vez adquiri um livro do psicólogo russo Ouspensky. Ele foi um filósofo russo do século XIX que buscando confirmações na geometria euclidiana, discutiu novas tendências para a psicologia. O título do livro que é muito interessante é: Psicologia da Evolução Possível ao Homem. São palestras que ele realizou no início do século XX na Inglaterra. Apesar de não ser o objeto de nossa apreciação, anoto apenas a felicidade do mesmo ao escolher o título de sua obra. Há uma evolução possível para cada existência nossa e seria interessante que houvesse um psicólogo espiritualista que nos fizesse o psico-diagnóstico e nos promovesse espiritualmente.
Há, entretanto uma diagnose espiritual segura: somos todos devedores da Lei de Deus e aqui estamos para sermos curados de nossas doenças da alma, que é o que se chama Expiação. E também para nos submetermos a testes de habilidades para as quais nos sentimos aptos, que é o que se chama Prova. Expiação e Provas são duas categorias espirituais comuns a todos os habitantes de nossa humanidade. Ora resgatamos nosso passado imperfeito através de limitações físicas, psíquicas e sociais. Ora somos provados em situações limite de nossas possibilidades evolutivas.
A humanidade é, portanto formada por seres em estágios espirituais diversos, que, no entanto guardam uma característica comum: as categorias de expiação e provas. O Espiritismo como religião da racionalidade, inaugurando a Fé raciocinada, oferece uma excelente ferramenta psicológica ao homem moderno. Usar a caridade como método de cura psíquica é uma das melhores terapias ocupacionais que se conhece. É o que os hindus chamam de karma yoga ou ação desapegada, dedicada unicamente ao criador. É a yoga da ação. É a fisioterapia da alma. É uma terapia do nosso psiquismo, pois agindo em favor do próximo, deixamos de nos encantar com os nossos problemas, muitas vezes imaginários. Sim, quantas vezes percebemos que ficamos hipnotizados pela auto-observação, vivendo dramas fictícios. O rico da parábola foi dormir preocupado com a situação da falta de espaço de seus celeiros. Há pessoas que se angustiam com a falta de espaço em seus armários, com a necessidade de mais sapatos, com a dúvida quanto ao melhor investimento, a melhor aplicação do mercado.
E o que realmente significa uma fé raciocinada? Qual a utilidade de se racionalizar a fé? Do ponto de vista do pragmatismo espiritual, fé racional para que?
O emprego da razão se justifica desde que empreguemos o raciocínio para buscarmos a nossa evolução. A Lei do Progresso é inexorável. A terceira parte, capítulo 8 de O Livro dos Espíritos esclarece que a marcha evolutiva é irreversível. Na questão 784 os espíritos afirmam que os maiores obstáculos a evolução do homem e da sociedade são o orgulho e o egoísmo. E no item 917, Kardec pergunta: Qual o meio de destruir o egoísmo? Extraio então partes da resposta, para demonstrar que existe sim, uma psicoterapia espírita: a da caridade: “Que o princípio da caridade e da fraternidade seja a base das instituições sociais, das relações legais de povo para povo e de homem para homem, e o homem pensará menos em sua pessoa quando vir que outros pensam nisso; ele sofrerá a influência moralizadora do exemplo e do contato.”
Entende-se desse modo que o Espiritismo, como doutrina da razão quer que racionalizemos a nossa conduta, reprimindo nossos desejos inferiores e promovendo em nós mesmos os ideais superiores por meio da ação, por meio da fraternidade, da solidariedade, filantropia, caridade. E como doutrina de consolação, quer que compreendamos a razão de nossas aflições e cultivemos a vontade de superá-las pelo amor ao próximo, promovendo o bem, ferramenta essencial para a paz entre os homens.


Flávio Mussa Tavares
Presidente da Escola Jesus Cristo
flaviotav@gmail.com
http://espiritismocristao.blogspot.com


Um comentário:

Juliana Tavares disse...

Muito bom o texto... Afinal, o lema do Espiritismo é "Fora da caridade, não há salvação!" justamente porque a caridade é a base de todas as virtudes.