sábado, junho 28, 2008

FANTASIA OU PSICOGRAFIA?



É pena que alguns cultos padres e frades católicos tenham deflagrado violentos ataques ao Espiritismo, sem dedicar-se ao estudo consciencioso do problema das regiões de sofrimento no Além-Túmulo. Nestes violentos panfletos e livros, eles geralmente se apresentam como desconhecedores da existência dessas regiões de dor em que se encontram espíritos desencarnados em débito com a Justiça Divina. Tanto assim que um deles, numa dessas catilinárias contra o Espiritismo, afoitou-se a denominar “uma fantasia psicografada” o notável livro de André Luiz – Nosso Lar, recebido por Francisco Cândido Xavier –, admirando-se das revelações que o inteligente escritor desencarnado faz a respeito de seus sofrimentos no Umbral, isto é, em zonas purgatorias do Invisível. Infelizmente, esses irmãos não puderam aceitar, pela fé ou pelo entendimento, as notícias de André Luiz, que “descrevem a vida e a atividade fantástica do mundo depois da morte”, E pena, dissemos, porque na própria bibliografia católica legitimamente católica (com imprimatur, da Igreja), os indóceis adversários da Doutrina Espírita encontrariam elementos para entender algo a respeito desse mundo que nos espera a todos, a eles, a mim, ao leitor, além das dimensões deste mundo físico em que temporariamente nos manifestamos.


Mundo invisível que se hierarquiza em regiões de dor e de felicidade, regiões diversificadas a confirmarem aquela palavra de suprema autoridade de Cristo: “Na Casa de meu Pai há muitas moradas”. André Luiz descreve em Nosso Lar uma dessas moradas, próximas de nosso Planeta, onde as almas se preparam para ascensões maiores. Também nessa obra, descreve ele regiões purgatoriais em que viveu oito anos entre sofrimentos, sombras e lágrimas.


Pois chamam a isso fantasia, “uma fantasia psicografada”. Entretanto, na vasta literatura católico-romana se encontram inúmeras descrições do mundo invisível, que abonam as descrições mediúnicas de André Luiz.


As Atas de Santa Perpétua, (século IV), cuja autenticidade nos é garantida por Santo Agostinho, descrevem as regiões purgatoriais como o faz André, em Nosso Lar. Vê Perpétua seu irmão Denócrito, que morreu com um câncer na face, no purgatório (“num lugar tenebroso, no qual se acham, muitas pessoas”) ainda com a úlcera no rosto. E padecendo grande sede, qual André no Umbral. Mais tarde, após os sofrimentos purgatoriais, ela o vê brilhante e belo.


E as descrições do Apocalipse? E as notícias de Josefa Menéndez? E as de Ana Taigi (que o Papa Bento XV declarou bem-aventurada em 1920), que nas suas mensagens revelou os sofrimentos do Cardeal Dória, depois da morte, além de sacerdotes e pregadores, todos em padecimentos purgatoriais?


Seria bem útil aos detratores do Espiritismo a meditação das revelações e mensagens, obtidas no seio de sua própria Igreja, a respeito das regiões de sofrimento além da morte, dessas regiões que, intensamente inclinados para as interpretações materialistas dos fatos mediúnicos, consideram “descrições fantásticas”.


Os livros de Santa Teresa de Jesus, as narrativas de Mons. De Segur, do Cura d’Ars, de Santa Margarida Maria Alacoque, de Santa Brígida de Vadstena, de São Paulo da Cruz, de Santa Clara de Montefalco, o famoso Manuscrito do Purgatório, as visões e descrições dos sofrimentos de Além-Túmulo feitas por Madame Brault (famosa mística canadense, biografada pelo Padre Louis Bouher), além de muitos outros, são depoimentos que revelam, como o faz o Espiritismo, a existência de regiões de padecimentos, de infelicidade, de tormentos além da vida física.


Não podemos ignorar, portanto, essas realidades espirituais. A Doutrina Espírita ainda nos esclarece (vejam-se os livros de André Luiz, especialmente Libertação e Ação e Reação) as Inteligências tenebrosas que dominam essas regiões, muitas de horror infernal, preparam verdadeiras conspirações contra a obra de extensão do Reino de Deus na Terra.


Através de vasta rede de atividades obsessivas e inspirações malignas, servindo-se da falta de consciência e da invigilância dos homens, realizam os mais diferentes objetivos do mal, amordaçando consciências, destruindo lares, tumultuando as atividades do bem, destruindo a fé, semeando discórdias e desânimos, preparando simonias e apostasias, lançando o joio no trigal de Cristo.


Neste último setor, vemos os tristes resultados na materialização e paganização crescente dos ambientes religiosos de todas as igrejas e crenças, inclusive em nosso campo doutrinário do Espiritismo. Apresentamos um só exemplo – o da mediunidade transviada, como bem a denominou André Luiz.



TAVARES, Clóvis, MEDIUNIDADE DOS SANTOS. IDE e EDIOURO. 2005

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