domingo, abril 04, 2010

DOMINGO DE PÁSCOA


“E eles o constrangeram dizendo: Fica conosco por que já é tarde e já declinou o dia. E entrou para ficar com eles.” Lc 24:29

Clóvis Tavares


Imagino-Te Senhor, em minhas pobres meditações, a percorrer, pequenino ainda-Divina Criança- os relvados e as colinas de Nazaré, ou empunhando uma ferramenta na Carpintaria modesta...


Depois, socorrendo os que sofrem ou semeando Tuas parábolas na verde Galiléia...
Pacificando os corações na terra dos samaritanos ou abençoando as criancinhas nas praias de Genesaré...


Ou ainda nas margens do Jordão, legando inesquecível exemplo d ehumildade, junto do valoroso Precursor...


Teus pés cansados sangraram na descida do Monte da Quarentena e se cobriram de poeira nas estradas da Judéia...


Entendo-Te a energia ante os vendilhões do Templo e sinto-Te a ternura nas bodas de Cana e nos adeus da Ceia...


Tento imaginar Teu carinho de filho, no lar Galileu, junto aos trabalho da Mãe Santíssima ou nas fadigas da Carpintaria...


Resplende Teu saber no diálogo com Nicodemos e Tua imensurável bondade na conversação com a singela Samaritana...


É doce recordar-Te, Mestre incomparável, a instruir os Doze nos serões de Cafarnaum, mas é ofuscante imaginar-Te na glória do Tabor...


Procuro, mais e mais- e é tão difícil, Senhor- ouvir-Te no Sermão da Montanha...
Comove ver-Te acolhendo o desprezado Zaqueu e a sofredora Maria de Magdala, ou sustentando o afetuoso Simão Pedro, a quem deste as chaves do Reino...


És sempre a figura excelsa da História, o amigo incondicional dos caídos e angustiados, o coração compassivo-nosso maior apoio na vida...


Dois mim anos se passaram, meu Rabi, nos turbilhões da evolução humana. A crueldade dos fariseus, a dubiedade de Pilatos, as flagelações do Pretório, o carrascal do Calvário, a indiferença dos orgulhosos e a incompreensão dos mais amados já não Te atingem, Senhor...


Voltaste à Glória de Teu Reino, naquele luminoso Domingo da Ressurreição e Te tornastes nossa Páscoa- nossa passagem, nossa Ponte para Deus.


Não consigo divisar a magnificência espiritual de Teu infinito Império, flamejante de amor e de paz, mas sei que caminhas conosco, todos os dias, até a consumação dos tempos.


Sabemos todos nós que assim é, que estás ao nosso lado qual Divino Amigo, Inseparável Companheiro da Grande Viagem...


Das profundezas de nosso exílio terreno, neste Domingo de Páscoa, em que testemunhaste para todos os séculos a certeza da Imortalidade, permite-nos a todos, repetir-Te, com ternura e com fé, as palavras dos Teus dois discípulos de Emaús: Já anoitece, já é tarde...Fica conosco, Senhor!...


(Tavares, Clóvis, De Jesus Para os que Sofrem, IDE, 1985)

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