terça-feira, novembro 20, 2007

NINA ARUEIRA

NINA ARUEIRA

Nina Arueira nasceu em Campos, Rio de Janeiro, em 7 de janeiro de 1916, e desencarnou em 18 de março de 1935. Desencarnou ainda jovem, aos dezenove anos de idade. Nina era jornalista, poeta e escritora. Foi noiva do escritor espírita Clóvis Tavares, com quem conviveu, dividindo um aprendizado inesquecível para ambos. Veemente em suas convicções, defendendo com entusiasmo a prática do cristianismo redivivo, revelado pela Doutrina Espírita, Nina contagiava a todos por sua mensagem de amor e fé.


Manifesto - Quando contava com apenas quinze anos de idade, Nina Arueira escreveu um manifesto aos jovens de sua época, transcrito, na íntegra, na Revista Espírita de Campos, edição de janeiro/fevereiro de 2000, o qual reproduzimos a seguir.

À Mocidade de Minha Terra

Acordai, gente de minha terra, porque o dia se alevanta por sobre tudo, a noite dos sonhos e das insônias se diluiu na luz; cortejos brancos de fulgores venceram as trevas e sobre elas implantaram sua vitória...
Despertai para o trabalho; despertai para a vida... Vossas almas são capazes; estirai vossos membros, distendei vossos nervos, firmai vossa vontade, cantai vosso hino de alegria e entusiasmai-vos com o sol, com os pássaros, com as flores...
A criação palpita; a natureza canta; os elementos rumorejam...
E vossos corações palpitam inutilmente, moços de minha terra? E vossos espíritos não se expandem em vós?
Sonhai sonhos de glórias, de altitudes e caminhai valentes para os vossos ideais; parti como bandeirantes sobre o destino e mostrai ao mundo vossos esforços...
Tende consciência de que sois homens; homens úteis; homens fortes; homens sábios.
Odiai o tédio; odiai a inutilidade, odiai o pessimismo... Tudo que é humano vos é possível.
Não sejais nunca fracos, parasitas e imprestáveis. Criai uma lei para o vosso culto: o Dever. Uma sabedoria para o vosso exemplo: a Disciplina. Não vos orgulheis de vossas vitórias, mas orgulhai-vos de vosso fito.
Envergonhai-vos de não serdes espiritualmente poderosos; o raciocínio, o espírito, o engenho, o corpo evoluído sobre todos os irracionais, vos dizem que não deveis ser pequenos; caminhai para o sol; para as luzes; procurai a Beleza, embelezai vossas vidas; amai o Belo; impressionai-vos com a estética; o que é feio não vos atraia; que o Feio vos horripile; que o Feio vos cause náuseas, e porque não vos é possível desdenhar o corpo deformado, procurai a beleza do espírito, muito mais impressionante que as deformidades da matéria.
Cantai a alegria, glorificai a vida,; sede otimistas, porque sereis fortes, sereis bons. Não vos deixeis prender por preconceitos e por idéias alheias; conveicei-vos de que deveis ser os reformadores da civilização, os implantadores de um novo mundo. Nada vos detenha; sereis sábios, Hércules, semi-deuses se quiserdes adotar este princípio da teosofia: “os homens são deuses em evolução”.
Olhai na história antiga; porque não podeis ser mais sábios que Salomão, quando Salomão era humano? Por que não podeis ser mais artistas que Praxíteles, maiores que Júlio César, que Platão, que Horácio, que toda essa constelação antiga de antias civilizações?
Vós que nascestes num mundo mais propício por que não sois grandes, maiores que os maiores?
Tendes asas; por que não voais? Tendes poder; por que não governais?
Que estranha sucuri vos tolhe os membros que não vos moveis, que não vos agitais?
Que houve de tão extraordinário que vossas vozes não retumbam?
Envergonhai-vos de não serdes... Levantai-vos e sede. Que a Morte não vos desfaleça o ânimo; vossos filhos serão vossos continuadores; a posteridade lembrar-se-á de vós.
Não temais a grandeza de vossos ideais. Se os não realizardes todos, o amanhã terminará vossas obras.
Cantai a alegria de viver; não sejais “compassivos” para com os fracos e os desiludidos; sede enérgicos para com eles; a energia desperta a energia.
Não vos embriagueis com os vossos feitos; se vencerdes um degrau, outro vos estará esperando. Sede maiores que o momento, estai além de toda fama; que a possibilidade não se extinga para vós.
Não estacioneis; caminhai sempre; em planícies ou ascenções, ide até o fim... porque sois homens, homens para quem todos os projetos são realizáveis porque tudo o que o espírito vos oferta já foi trabalhado, como em um serviço fotográfico: o espírito labora a prova; vós copiareis no papel próprio.
Não vos arreceeis de rugidos; as feras rugem, mas podeis domá-las para não serdes vencidos por elas.
Não vos desanimem os obstáculos; os obstáculos são fatais; convencei-vos de que sois mais fortes que as barreiras e arredai-as.
Tende por obrigação realizar o melhor em cada dia; formai vossos métodos diários e segui fiéis, a disciplina que houverdes adotado em vossos hábitos. Não digais nunca que “não tendes tempo”; procurai dividir vossas horas de ocupações e recreio e sempre tereis uma hora para outra coisa; cantarolai em vossos descansos; fantasiai vossos momentos de folga; ride, ride de tudo e para tudo; procurai a música; não vos é difícil encontrar essa grande amiga do espírito, esse seio amigo onde vossos cérebros podem repousar, deliciosa e confiantemente.
Procurai a arte; deleitai vossos olhos na harmonia das cores ou na pureza das linhas; cercai-vos do Belo, criai-o em vós.
Deixai vossos corações evoluírem já com vossos cérebros; amai pois , amai a vida, as crianças, as flores e as coisas; amai, que o amor espiritualiza a matéria; o amor é a base sólida da fraternidade; o amor vos iluminará o mundo; quanto mais amardes, menos maus sereis, quanto mais amardes mais bem tereis semeado. Mas, vede: amar não é desejar; amar é divino, desejar é humano e grosseiro. E vós, deixai-vos progredir, não só por vós, mas para que sejais o despontar de uma raça forte, de uma civilização mais firme.
Idealizando e realizando sereis homens superiores; amando, sereis espíritos tocados da pureza do Nirvana. Não permitais que vos enraiveçam, colocai-vos acima dos pequenos vermes e répteis para que seu veneno não vos alcance; se vos quiserem ferir o bom humor, cantai e sorri.
Assim sereis grandes, assim sereis fortes, assim tereis uma moral sem hipocrisia... Sobretudo, não finjais humildade, nunca; seríeis antes grutas escuras onde se esconderiam víboras.
Caminhai, pois mocidade de minha terra; caminhai liberta de idéias alheias; firme no propósito de galgar as maiores altitudes; certa de que nada vos cortará o vôo; caminhai moços de minha terra e fazei da mocidade campista a primeira mocidade do mundo...
Segui; se a vaidade vos sussurrar que já alcançastes muito, perguntai a vossos feitos e eles vos apontarão a ânsia que substitui cada descoberta vossa; quanto mais caminhardes para a curva do infinito, tanto mais distante ele vos seduzirá, e instante a instante mais belo, de novos cambiantes e de outros mistérios.
Enchei vossos sonhos de altitudes; enchei vossos olhos de sonhos e parti; alcançareis vitórias, mas que elas não apaguem da vossa mente o ideal da última vitória...
A última glória é a geração dinâmica que preparais... Avante!
Nina Arueira

Psicografia - A publicação “O Espírita Mineiro”, edição de julho/agosto de 2000, publicou um editorial, onde uma mensagem de Nina, recebida na década de 40, por Francisco Cândido Xavier, se destaca:


Francisco Cândido Xavier em Campos

“Um pequeno livro de 1940, com o título acima, passou pelas nossas mãos, cuja edição foi única e encontra-se, portanto esgotada. Trata-se do registro da primeira visita de Francisco Cândido Xavier à cidade de Campos, a convite de Clóvis Tavares, que, com os demais companheiros daquela cidade, comemorava cinco anos de existência da Escola de Jesus Cristo, do Instituto Espírita de Educação e Caridade, escola esta criada por Nina Arueira e inaugurada em 27 de outubro de 1935, quando o Velho Mundo estava às vésperas da 2a Guerra Mundial.
Entre outras tantas mensagens que foram recebidas pelo médium, nestes quatro dias, queremos destacar a de Nina, que, apesar dos 60 anos passados, é tão atual e, em homenagem aos 73 anos de Mandato Mediúnico do médium, passemos a ela:
“Meus Amigos. É meu coração que vos fala, nesta noite, desejando-vos a paz de Jesus.
Clóvis já vos falou do Evangelho, expondo seus pensamentos e inspirações, relativos aos fenômenos da sede psicológica que nos reúne em torno das promessas do Cristo. E é com infinita alegria que vos trago a nota alegre de meu agradecimento, misturada de saudade e afeição.
As vozes dos túmulos falam agora, sobre a Terra, de uma vida nova.
Por detrás dos sepulcros uma outra existência começa. Uma alvorada resplandecente irradia sua luz em promessas divinas, emergindo dos abismos da morte, e junto de vossos corações eu entôo também o meu hino.
É possível que muitos de vós outros estejais animados tão somente de uma curiosidade nobre, em torno de nossa palavra de redito. Alguns anseiam pelos fenômenos, outros por grandiosas revelações. Entretanto, nós consideramos que todos vós estais ansiosos, desejais a verdade, reclamais o caminho. E respeitando todos os vossos princípios, despreocupando-me de qualquer opinião que não se enquadre na paisagem real de nossas afirmativas, agradeço-vos, comovida, desejando-vos a paz do coração, porque é com ele que vos falo, nesta hora, na tarefa de cooperação e de boa vontade, dentro desta Escola, que representa meu santuário. A todos vós que me conhecestes, na senda de realizações materiais, eu estendo as mãos fraternas, desejosa de me manifestar plenamente aos vossos corações, com toda a intensidade dos elementos espirituais que me positivassem a presença de modo insofismável.
Todavia, entre nós existe agora a fronteira psíquica das impressões diversas em dois mundos diferentes e tenho de me resignar com os valores do sentimento, dirigindo-vos a mensagem de minha afeição agradecida.
Sim, fala-vos agora uma Nina diferente daquela que identificáveis na vida material.
Aí, eram as preocupações puramente terrestres que podíeis apreender em minh’alma; agora é a minha personalidade real, ansiosa por conquistar essa água viva do amor a que Clóvis se referiu na sua exposição doutrinária sobre o Sermão da Montanha. Agora é o esforço, o desejo sadio de trabalhar com Jesus e por Jesus, construindo as belezas misteriosas de seu reino, que deverá resplandecer em nossos espíritos para a vida eterna.
E agradecendo-vos por todas as alegrias que me trouxestes, nesta noite, desejo-vos a paz celestial no íntimo, essa que constitui o maior tesouro para as almas.
Em nossa tarefa de Espiritismo, nunca poderemos esquecer que a nossa missão é a de restuarar os valores da crença pura. O homem moderno carrega consigo o patrimônio das mais avançadas filosofias científicas e religiosas. Por todos os lugares, surgiram as construções materiais mais poderosas em matéria de caridade e fé.
No entanto, é esse mesmo homem forte e poderoso na Terra que erige o catafalco de suas riquezas, que opera a destruição e arruína os espíritos.
Os quadros tormentosos de vossa atualidade no mundo afirmam a precariedade de todos esses valores materiais que pareciam assombrosos. A onda de destruição procura assenhorear-se de todas as criaturas. Mas é que, de modo geral, o homem ainda não descobriu a grandeza eterna de sua filiação a Deus, nem se capacitou da necessidade de transformar todos os obstáculos do seu caminho terrestre em degraus da escada infinita, que deverá escalar para a grandeza de seu próprio destino espiritual, cuja beleza está aureolada por ilimitadas perspectivas.
Eis, pois, meus amigos, que aliando à minha palavra às afirmativas de Clóvis, nessa noite, convido-vos a partilhar conosco do bom trabalho na Escola bendita de Jesus, na preparação de todos os espíritos encarnados para a glória infinita do Reino de Deus. E a todos vós, amados, que aqui trabalhais em nome do Mestre Divino, lembrando-me, muita vez, a memória humilde e singela, irmãs e irmãos dos mais necessitados do caminho da vida, que amparais o infortúnio, que não vos fazeis surdos aos apelos do Evangelho, deixo-vos a todos o meu coração reconhecido, rogando a Jesus, Senhor e Mestre, que nos reúna as aspirações numa só esperança, os ideais numa só força, as atividades evangélicas num trabalho só, esperando com a mesma sinceridade no esforço comum, possamos levar às realizações indestrutíveis o nosso bendito idealismo de bem trabalhar com Jesus”.


Mensagens - Para finalizar, transcrevemos algumas mensagens do Espírito Nina Arueira, recebidas por Francisco Cândido Xavier:

Somente na adversidade e nos perigos, pode o espírito dar testemunho de sua edificação definitiva.

A criança é a coluna viva do porvir. Avançará com as características que lhe impomos. Crescerá com a retidão ou com as sinuosidades que lhe traçamos ao desenvolvimento.
Devolverá depois o que estiver recebendo agora.

A prece é a força do Céu, ao nosso dispor, ajudando-nos a própria recuperação com vistas à paz.

O livro edificante é o templo do espírito, onde os grandes instrutores do passado se comunicam com os aprendizes do presente, para que se façam Mestres do futuro.

Sem os valores íntimos, toda a preparação do mundo torna-se ilusória.

Nina Arueira

O Noivo: Clovis Tavares, desencarnou em 13/04/1984 tendo nascido em 20/01/1915 em Campos.

Formou-se em Advocacia, entretanto preferiu seguir a carreira do Magistério.

Aos 20 anos, então noivo de Nina Arueira, que desencarnara, mas que lhe envia mensagens atestando as verdades da vida futura.

Idealizou a Escola Jesus Cristo de Evangelização, mais tarde cognominada Instituição Espírita Jesus Cristo. Traduziu inúmeras obras de Pietro Ubaldi. Deixou-nos varias obras:

’Sementeira Cristã’,

Tempo de Amor",

"Trinta anos com Chico Xavier"

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