sexta-feira, novembro 02, 2007

Espiritismo é Religião? Allan Kardec


Trechos de "O Espiritismo e' uma Religiao ?" , que é um discurso de
abertura da sessão anual comemorativa do Dia dos Mortos na Sociedade
Parisiense de Estudos Espíritas, realizada em
1. de Novembro de 1868.


Espiritismo é uma Religião?


Allan Kardec



"Dissemos que o verdadeiro objetivo das assembléias religiosas deve ser a comunhão de pensamentos; e' que, com efeito, a palavra religião quer dizer laço. Uma religião, em sua acepção nata e verdadeira, e' um laço que religa os homens numa comunidade de sentimentos, de princípios e de crenças."(...)



"Comunhão de pensamento quer dizer, pensamento comum, unidade de intencao, de vontade, de desejo, de aspiração. Ninguém pode desconhecer que o pensamento seja uma forca; mas e' uma forca puramente moral e abstrata ? Não; do contrario nao explicariam certos efeitos do pensamento e, ainda menos, a comunhão do pensamento. Para o compreender, e' preciso conhecer as propriedades e a ação dos elementos que constituem a nossa essência espiritual, e e' o Espiritismo que no-las ensina."(...)



"Para os Espíritas a comunhão de pensamentos tem um resultado ainda mais especial. Vimos o efeito dessa comunhão de homem a homem; o Espiritismo nos prova que nao e' menor dos homens para os Espíritos e reciprocamente."(...)




"Dissemos que o verdadeiro objetivo das assembléias religiosas deve ser a _comunhão de pensamentos_; e' que, com efeito, a palavra _religião_ quer dizer _laço_. Uma religião, em sua acepção nata e verdadeira, e' um laço que _religa_ os homens numa comunidade de sentimentos (ou pensamentos), de princípios e de crenças. Consecutivamente esse nome foi dado a esses mesmos princípios codificados e formulados em dogmas ou artigos de fe'. E' neste sentido que se diz: _a religiao politica_; entretanto, mesmo nesta acepção, a palavra _religião_ nao e' sinonima de _opiniao_; implica uma ideia particular; a _de fe' conscenciosa_; isso porque se diz tambem: _a fe' politica_. Ora os homens podem envolver-se, por interesse num partido, sem ter fe' nesse partido, e a prova e' que o deixam sem escrúpulo, quando encontram seu interesse alhures, ao passo que aquele que o abraca por convicção e' inabalável; persiste `a custa dos maiores sacrifícios e e' a abnegação dos interesses pessoais que e' a verdadeira pedra de toque da fe' sincera. Contudo, se a renuncia a uma opinião, motivada pelo interesse, e' um ato de desprezível covardia, e', ao contrario, respeitável, quando fruto do reconhecimento do erro em que se estava; e', então, um ato de abnegação e de razão. Há mais coragem e grandeza em reconhecer abertamente que se enganou, do que persistir, por amor-próprio, no que se sabe ser falso e para nao se dar um desmentido a si próprio, o que acusa mais teimosia do que firmeza, mais orgulho do que razão, e mais fraqueza do que forca. E' mais ainda: e' hipocrisia, porque se quer parecer o que nao se e'; além disso e' uma ação ma', porque e' encorajar o erro por seu proprio exemplo."(...)



"Dissemos que o verdadeiro objetivo das assembleias religiosas deve ser a comunhao de pensamentos; e' que, com efeito, a palavra religiao quer dizer laco. Uma religiao, em sua acepcao nata e verdadeira, e' um laco que religa os homens numa comunidade de sentimentos, de principios e de crencas. "





"Crer num Deus todo-poderoso soberanamente justo e bom; crer na alma e em sua imortalidade; na preexistência da alma como única justificativa do presente; na pluralidade das existências como meio de expiação, de reparação e de adiantamento moral e felicidade crescente com à perfeição; na perfectibilidade dos seres mais imperfeitos; na do bem e do mal conforme o princípio: a cada um segundo as suas obras; na igualdade da justiça para todos, sem exceções, favores nem privilégios para nenhuma criatura; na duração da expiação limitada pela imperfeição; no livre-arbítrio do homem, que lhe deixa sempre a escolha entre o bem e o mal; crer na continuidade que religa todos os seres passados, presentes e futuros, encarnados e desencarnados; considerar a vida terrestre como transitória e uma das fases da vida do Espírito, que é eterna; aceitar corajosamente as provações, em vista do futuro mais invejável que o presente; praticar a caridade de pensamentos, palavras e obras na mais larga acepção da palavra; esforçar-se cada dia para ser melhor que na véspera, extirpando alguma imperfeição de sua alma; submeter todas as crenças ao controle do livre exame e da razão e nada aceitar pela fé cega; respeitar todas as crenças sinceras, por mais irracionais que nos pareçam e não violentar a consciência de ninguém; ver enfim nas descobertas da Ciência a revelação das leis da Natureza, que são as leis de Deus: eis o credo, a religião do Espiritismo, religião que pode conciliar com todos os cultos, isto é com todas as maneiras de adorar a Deus. É o laço que deve unir todos os espíritas numa santa comunhão de pensamentos, esperando que ligue todos os homens sob a bandeira da fraternidade universal."


ALLAN KARDEC

"Revista
Espirita" de dezembro de 1868


http://www.geae.inf.br/pt/boletins/geae277.txt

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