domingo, junho 20, 2010

60 ANOS DO PACTO ÁUREO

60 Anos do Pacto Áureo

Antonio Cesar Perri de CarvalhoNo dia 5 de outubro de 1949, foi assinado o “Pacto Áureo” na então sede da Federação Espírita Brasileira, no Rio de Janeiro. Este foi assim designado por representar a oportunidade de ouro para se promover a união e estimular o intercâmbio entre os espíritas.A origem é muito interessante. Há relação com os ideais de unificação que foram potencializados com a realização do Congresso Brasileiro de Unificação Espírita, no ano de 1948, em São Paulo. Este evento mereceu uma mensagem psicográfica de Francisco Cândido Xavier, assinada por Emmanuel, intitulada “Em Nome do Evangelho”, inspirando-se em Jesus: “Para que todos sejam um” (João, 17: 22), onde o Autor Espiritual conclama: “Reunidos, assim, em grande conclave de fraternidade, que os irmãos do Brasil, se compenetrem, cada vez mais, do espírito de serviço e renunciação, de solidariedade e bondade pura que Jesus nos legou”1.Nos primeiros dias de outubro de 1949, várias lideranças espíritas estavam participando de um Congresso Espírita Panamericano, na cidade do Rio de Janeiro. Carlos Jordão da Silva, um dos integrantes da delegação da USE-SP e depois seu presidente, relata que numa das noites do congresso, após as exaustivas reuniões todos tinham se recolhido em seus hotéis. Mas, ele resolveu tomar um pouco de ar e se dirigiu para uma praça próxima ao hotel: “[...] para surpresa nossa todas as delegações foram chegando ao mesmo local, como que convocados por forças invisíveis. Achamos graça por ter o Plano Espiritual nos reunido daquela forma e àquela hora da madrugada e ali mesmo marcamos uma reunião para as 8 horas da manhã, no Hotel Serrador, onde estávamos hospedado eu e minha senhora e, realizada tal reunião, incumbiu-se Artur Lins de Vasconcellos a tarefa de aproximar-se da FEB para promover o encontro”. O encontro em que se firmou o “Pacto Áureo” foi conhecido como a “Grande Conferência Espírita” e realizou-se na sede da Federação Espírita Brasileira, no dia 5 de outubro de 1949. A reunião foi dirigida pelo presidente da FEB Antônio Wantuil de Freitas, com a participação de representantes de Federações e Uniões de âmbito estadual: Federação Espírita Catarinense, Federação Espírita do Paraná, Federação Espírita do Rio Grande do Sul, União Espírita Mineira, União Social Espírita de São Paulo (USE), e também da Liga Espírita do Brasil e da Comissão Executiva do Congresso Brasileiro de Unificação Espírita. Da Ata de 18 itens, destacamos o item 2: “A FEB criará um Conselho Federativo Nacional, permanente, com a finalidade de executar, desenvolver e ampliar os planos da sua atual Organização Federativa”3. Assinaram o Acordo, o presidente da FEB Antônio Wantuil de Freitas e os representantes da USE-SP, Liga Espírita do Brasil, Comissão Executiva do Congresso Brasileiro de Unificação Espírita, Federação Espírita Catarinense, Federação Espírita do Paraná e União Espírita Mineira.Como desdobramento desse acordo de unificação, no dia 1º de janeiro de 1950 foi instalado o Conselho Federativo Nacional da Federação Espírita Brasileira. Neste ano também se desenvolveu o trabalho da “Caravana da Fraternidade” que teve por finalidade divulgar os objetivos da unificação e colher adesões de onze Estados do Norte e do Nordeste ao “Pacto”. Os caravaneiros Artur Lins de Vasconcelos, Carlos Jordão da Silva, Francisco Spinelli, Ary Casadio e Leopoldo Machado realizaram as visitas e contatos: “quarenta dias de excursão no terreno da Ação Unificadora”4, que Leopoldo Machado considerou como “um movimento de alta significação espiritual, objetivando aproximar os espíritas do País”4 e que também levou orientações sobre a divulgação do Espiritismo, estímulo às obras de assistência social e de ambientação doutrinária aos lares. Numa visita de alguns “caravaneiros” a Chico Xavier, em Pedro Leopoldo, no dia 11 de dezembro de 1950, estes foram brindados com uma mensagem de Emmanuel. O Autor Espiritual comenta: “Cultuemos, acima de tudo, a solidariedade legítima. Nossa união, portanto, há de começar na luz da boa vontade. Guardemos boa vontade uns para com os outros, aprendendo e servindo com o Senhor, e felicitando aos companheiros que se confiaram à tarefa sublime da confraternização, usando o próprio esforço”5.Nestes 60 anos de “Pacto Áureo” é evidente o aperfeiçoamento do processo de união e de unificação, pois o CFN congrega as Entidades Federativas Estaduais dos 27 Estados e do Distrito Federal e tem experimentado a prática da análise e da discussão para a elaboração de documentos normativos de recomendações ao Movimento Espírita. Nestes anos, o CFN gerou documentos e ações como: “A Adequação do Centro Espírita para o Melhor Atendimento de suas Finalidades”; “Diretrizes da Dinamização das Atividades Espíritas”; “Orientação ao Centro Espírita”; as Campanhas: Estudo Sistematizado de Doutrina Espírita, Evangelização da Infância e Juventude, Em Defesa da Vida, Viver em Família, Construamos a Paz Promovendo o Bem!, Divulgação do Espiritismo; o projeto de Capacitação para Dirigentes de Centros Espíritas; o “Plano de Trabalho para o Movimento Espírita Brasileiro (2007-2012)”; a realização de Congressos Brasileiros de Espiritismo; comemorações do bicentenário de Kardec, Sesquicentenários de O Livro dos Espíritos, Revista Espírita e da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas e diversas atuações em forma de cursos e de seminários. Uma importante ação do CFN, mais operacional, tem ocorrido com as Reuniões de suas Comissões Regionais.As Reuniões das Comissões Regionais do CFN tem sido e devem se caracterizar cada vez mais como uma autêntica e continuada Caravana da Fraternidade!A evocação dos 60 anos do “Pacto Áureo” sugere-nos a efetivação de ações que contribuam para a consolidação e ampliação do ideal de união e de unificação. Na mensagem “Em nome do Evangelho”1, Emmanuel propõe: “[...] unamo-nos no mesmo roteiro de amor, trabalho, auxílio, educação, solidariedade, valor e sacrifício que caracterizou a atitude do Cristo em comunhão com os homens, servindo e esperando o futuro, em seu exemplo de abnegação, para que todos sejamos um em sintonia sublime com os desígnios do Supremo Senhor”.Referências:1. XAVIER, Francisco C. Em nome do Evangelho. Pelo Espírito Emmanuel. Reformador. Janeiro, 2008, p.14-15.2. MONTEIRO, Eduardo Monteiro e D’OLIVO, Natalino. USE – 50 Anos de Unificação. São Paulo: Ed.USE, 1997, p. 127-28.3. Grande Conferência Espírita realizada no Rio de Janeiro. Reformador. Outubro, 1999, p.10-11.4. MACHADO, Leopoldo. A Caravana da Fraternidade. Nova Iguassú: Lar de Jesus, 1954, p. 13-7.5. Ibidem, p. 176-7.(Transcrito de “Reformador”, edição de março de 2009, p. 22-24

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