Trechos de "O Espiritismo e' uma Religiao ?" , que é um discurso de
abertura da sessão anual comemorativa do Dia dos Mortos na Sociedade
Parisiense de Estudos Espíritas, realizada em
1. de Novembro de 1868.
abertura da sessão anual comemorativa do Dia dos Mortos na Sociedade
Parisiense de Estudos Espíritas, realizada em
1. de Novembro de 1868.
Espiritismo é uma Religião?
Allan Kardec
"Dissemos que o verdadeiro objetivo das assembléias religiosas deve ser a comunhão de pensamentos; e' que, com efeito, a palavra religião quer dizer laço. Uma religião, em sua acepção nata e verdadeira, e' um laço que religa os homens numa comunidade de sentimentos, de princípios e de crenças."(...)
"Comunhão de pensamento quer dizer, pensamento comum, unidade de intencao, de vontade, de desejo, de aspiração. Ninguém pode desconhecer que o pensamento seja uma forca; mas e' uma forca puramente moral e abstrata ? Não; do contrario nao explicariam certos efeitos do pensamento e, ainda menos, a comunhão do pensamento. Para o compreender, e' preciso conhecer as propriedades e a ação dos elementos que constituem a nossa essência espiritual, e e' o Espiritismo que no-las ensina."(...)
"Para os Espíritas a comunhão de pensamentos tem um resultado ainda mais especial. Vimos o efeito dessa comunhão de homem a homem; o Espiritismo nos prova que nao e' menor dos homens para os Espíritos e reciprocamente."(...)
"Dissemos que o verdadeiro objetivo das assembléias religiosas deve ser a _comunhão de pensamentos_; e' que, com efeito, a palavra _religião_ quer dizer _laço_. Uma religião, em sua acepção nata e verdadeira, e' um laço que _religa_ os homens numa comunidade de sentimentos (ou pensamentos), de princípios e de crenças. Consecutivamente esse nome foi dado a esses mesmos princípios codificados e formulados em dogmas ou artigos de fe'. E' neste sentido que se diz: _a religiao politica_; entretanto, mesmo nesta acepção, a palavra _religião_ nao e' sinonima de _opiniao_; implica uma ideia particular; a _de fe' conscenciosa_; isso porque se diz tambem: _a fe' politica_. Ora os homens podem envolver-se, por interesse num partido, sem ter fe' nesse partido, e a prova e' que o deixam sem escrúpulo, quando encontram seu interesse alhures, ao passo que aquele que o abraca por convicção e' inabalável; persiste `a custa dos maiores sacrifícios e e' a abnegação dos interesses pessoais que e' a verdadeira pedra de toque da fe' sincera. Contudo, se a renuncia a uma opinião, motivada pelo interesse, e' um ato de desprezível covardia, e', ao contrario, respeitável, quando fruto do reconhecimento do erro em que se estava; e', então, um ato de abnegação e de razão. Há mais coragem e grandeza em reconhecer abertamente que se enganou, do que persistir, por amor-próprio, no que se sabe ser falso e para nao se dar um desmentido a si próprio, o que acusa mais teimosia do que firmeza, mais orgulho do que razão, e mais fraqueza do que forca. E' mais ainda: e' hipocrisia, porque se quer parecer o que nao se e'; além disso e' uma ação ma', porque e' encorajar o erro por seu proprio exemplo."(...)
"Dissemos que o verdadeiro objetivo das assembleias religiosas deve ser a comunhao de pensamentos; e' que, com efeito, a palavra religiao quer dizer laco. Uma religiao, em sua acepcao nata e verdadeira, e' um laco que religa os homens numa comunidade de sentimentos, de principios e de crencas. "
"Crer num Deus todo-poderoso soberanamente justo e bom; crer na alma e em sua imortalidade; na preexistência da alma como única justificativa do presente; na pluralidade das existências como meio de expiação, de reparação e de adiantamento moral e felicidade crescente com à perfeição; na perfectibilidade dos seres mais imperfeitos; na do bem e do mal conforme o princípio: a cada um segundo as suas obras; na igualdade da justiça para todos, sem exceções, favores nem privilégios para nenhuma criatura; na duração da expiação limitada pela imperfeição; no livre-arbítrio do homem, que lhe deixa sempre a escolha entre o bem e o mal; crer na continuidade que religa todos os seres passados, presentes e futuros, encarnados e desencarnados; considerar a vida terrestre como transitória e uma das fases da vida do Espírito, que é eterna; aceitar corajosamente as provações, em vista do futuro mais invejável que o presente; praticar a caridade de pensamentos, palavras e obras na mais larga acepção da palavra; esforçar-se cada dia para ser melhor que na véspera, extirpando alguma imperfeição de sua alma; submeter todas as crenças ao controle do livre exame e da razão e nada aceitar pela fé cega; respeitar todas as crenças sinceras, por mais irracionais que nos pareçam e não violentar a consciência de ninguém; ver enfim nas descobertas da Ciência a revelação das leis da Natureza, que são as leis de Deus: eis o credo, a religião do Espiritismo, religião que pode conciliar com todos os cultos, isto é com todas as maneiras de adorar a Deus. É o laço que deve unir todos os espíritas numa santa comunhão de pensamentos, esperando que ligue todos os homens sob a bandeira da fraternidade universal."
ALLAN KARDEC
"Revista
Espirita" de dezembro de 1868
http://www.geae.inf.br/pt/boletins/geae277.txt
Nenhum comentário:
Postar um comentário