terça-feira, outubro 31, 2006

Alegoria do amigo importuno

Palestra de Flávio no dia 29 de outubro de 2006, ainda em celebração dos 71 anos
da Escola Jesus Cristo.

Comenta-se aqui os versículos anteriores e os seguintes à Alegoria do Amigo que chega do viagem ou do "Amigo Importuno"
Lucas, 11:
"1. Um dia, num certo lugar, estava Jesus a rezar. Terminando a oração, disse-lhe um de seus discípulos: Senhor, ensina-nos a rezar, como também João ensinou a seus discípulos.
2. Disse-lhes ele, então: Quando orardes, dizei: Pai, santificado seja o vosso nome; venha o vosso Reino;
3. dai-nos hoje o pão necessário ao nosso sustento;
4. perdoai-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos àqueles que pecaram contra nós; e não nos deixeis cair em tentação.
5. Em seguida, ele continuou: Se alguém de vós tiver um amigo e for procurá-lo à meia-noite, e lhe disser: Amigo, empresta-me três pães,
6. pois um amigo meu acaba de chegar à minha casa, de uma viagem, e não tenho nada para lhe oferecer;
7. e se ele responder lá de dentro:
"Não me incomodes";
a porta já está fechada, meus filhos e eu estamos deitados; não posso levantar-me para te dar os pães;
8. eu vos digo: no caso de não se levantar para lhe dar os pães por ser seu amigo, certamente por causa da sua importunação se levantará e lhe dará quantos pães necessitar.
9. E eu vos digo: pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á.
10. Pois todo aquele que pede, recebe; aquele que procura, acha; e ao que bater, se lhe abrirá.
11. Se um filho pedir um pão, qual o pai entre vós que lhe dará uma pedra? Se ele pedir um peixe, acaso lhe dará uma serpente?
12. Ou se lhe pedir um ovo, dar-lhe-á porventura um escorpião?
13. Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai celestial dará o Espírito Santo aos que lho pedirem."

Aqui temos que a pregação da necessidade de se insistir no que é bom e correto vir depois de se haver ensinado a oração "Pai Nosso".
E segue-se a alegoria, o "pedi e obtereis" e a certeza de que Deus é providente para conosco!

"... no caso de não se levantar para lhe dar os pães por ser seu amigo, certamente por causa da sua importunação se levantará e lhe dará quantos pães necessita".
É necessário que nós sejamos insistentes na verdade e na tentativa de fazer com que as pessoas saiam de seu comodismo, de sua paralisia espiritual, de seu reumatismo psíquico, da dureza de seus corações.
Pedir por amor de Deus , é muito útil, pois creio que essa parábola nos diz que é bom sermos importunos para pedir o que é certo.
É preciso, se tivermos certeza do que é correto, que tenhamos a coragem de deixar certas pessoas embaraçadas e por isso mesmo compelidas a corrigir a sua conduta. O professor deve exortar seus alunos a corrigir suas trajetórias de vida.
Impelir, impulsionar, incentivar, incitar, induzir, inflamar, instar, instigar, intensificar a vontade das pessoas. Ser insistente com a verdade, é correto diante desta parábola.
É por isso que Clóvis Tavares pedia ardentemente nesta tribuna: "Pelo Amor de Deus, crede no que estou vos falando"
Há aqui um debate entre a providência e a previdência.
O homem é obrigado à previdência e necessitado da providência.
A providência é pouco útil a quem não é previdente.
É possível entendermos o amigo importuno como o homem insistindo em pedir a Deus o de que necessita até obter.
É uma interpretação razoável, pois Jesus mesmo disse que nós somos maus e sabemos dar o necessário aos nossos filhos. Assim, é óbvio que Deus que é nosso Pai, saberá nos dar o melhor.
Mas existe outra conotação do amigo importuno.
Ele chega de viagem.
Ele vem nos procurar à meia noite.
À esta hora, a nossa família já está dormindo e dizemos que nos procure no dia seguinte.
Mas na urgência, ele insiste até que nós lhe abrimos a porta!

Quem é o importuno?
É um amigo.
De onde ele vem?
De longe e está necessitado especificamente de nossa ajuda.
O que é para nós acudi-lo nesta hora?
Um aborrecimento.
Que método ele utiliza para nos convencer?
A insistência.

Quem é o nosso amigo?
Alguém que nos importuna. Que nos tira do lugar. Que nos faz pensar. Que nos induz ao bem. Que nos deixa embaraçados e até envergonhados, quase que constrangendo-nos a fazer o bem.

terça-feira, outubro 17, 2006

É fundada a ESCOLA JESUS CRISTO em Nosso Lar

Homenagem à fundação , por Nina Arueira, da Escola Jesus Cristo, localizada na cidade de Nosso Lar em 17 de outubro de 1935.

DEUS

Para obedecer às leis é preciso compreendê-las e senti-las.
É preciso que elas estejam de acordo com a natureza – porque DEUS é uma natureza “infinita e incriada, que nunca teve princípio e nunca há de ter fim”.
DEUS é uma fôrça infinita, e nós somos cada qual uma fôrça.
DEUS é um credo infinito, e nós somos cada qual um credo.
DEUS é o oceano interminável, e nós somos cada qual um mediterrâneo, nas reentrâncias da terra.
É preciso lutar com as margens povoadas de répteis, e voltar, novamente, ao grande pélago.
É ignorância a obediência cega; é sabedoria a compreensão sem limites.
Creia em si, pois, o homem; o mundo é seu e o viver é seu; expanda-se, porque DEUS está muito além da simples crença e o coração muito além da inteligência; galgue-se o raciocínio, cruzem-se os horizontes, devastem-se os oceanos; afunde-se na crosta; multipliquem-se os esforços, porque DEUS está ainda muito depois do último esforço.

A MANEIRA MAIS HUMANA DE SER FELIZ

Quando virdes utopistas, poetas, falarem na distância que se interpõe entre a felicidade e o homem, quando encontrardes, no volver da vossa vida, peregrinos que se afundam nos vales e se alevantam sôbre montanhas e se esfacelam entre pedras brutas e espinhos pontiagudos, tende compaixão deles e convidai-os, pobres, a volver convosco.
Não é lá que se aloja a felicidade; não é ali e nem em parte alguma; podeis circundar com vossos olhares o ambiente que vos é familiar; o céu que vos é conhecido; não encontrareis vosso ideal de ventura.
Depois de caminhardes, de vencerdes todas as distâncias, sentir-vos-eis fatigados e não vos sentireis felizes.
Mas, caminhai dentro de vosso eu; procurai nos mistérios de vosso espírito; provai os frutos de vossa alma e quando vos conhecerdes bem, e quando tiverdes trabalhando muito dentro de vossa própria atividade, quando vos sentirdes satisfeitos com vós mesmos, sentir-vos-eis, então, sublimemente felizes.

domingo, outubro 15, 2006

UM TRIBUTO À GRANDE TEREZA

Hoje, 15 de outubro é o dia de S. Tereza D´Ávila a grande doutora da Igreja, reformadora, renovadora, inspiradora de muitas almas no seio da Igreja e fora dela, onde tantos a amam e admiram. Meu Pai , Clóvis Tavares a amava profundamente e quem ler MEDIUNIDADE DOS SANTOS, poderá entrar em contato com dados curiosos e marcantes da vida desta missionária e mísitca espanhola que muito nos cala ao coração. Também Chico Xavier , que a chamava "A Grande Tereza" é outro admirador dessa alma de escol.

E para homenageá-la neste deia, vamos apresentar uma sua poesia que é um diamante espiritual.


Vivo sin vivir en mí

Vivo sin vivir en mí,
y de tal manera espero,
que muero porque no muero.

Vivo ya fuera de mí
después que muero de amor;
porque vivo en el Señor,
que me quiso para sí;
cuando el corazón le di
puse en él este letrero:
que muero porque no muero.

Esta divina prisión
del amor con que yo vivo
ha hecho a Dios mi cautivo,
y libre mi corazón;
y causa en mí tal pasión
ver a Dios mi prisionero,
que muero porque no muero.

¡Ay, qué larga es esta vida!
¡Qué duros estos destierros,
esta cárcel, estos hierros
en que el alma está metida!
Sólo esperar la salida
me causa dolor tan fiero,
que muero porque no muero.

¡Ay, qué vida tan amarga
do no se goza el Señor!
Porque si es dulce el amor,
no lo es la esperanza larga.
Quíteme Dios esta carga,
más pesada que el acero,
que muero porque no muero.

Sólo con la confianza
vivo de que he de morir,
porque muriendo, el vivir
me asegura mi esperanza.
Muerte do el vivir se alcanza,
no te tardes, que te espero,
que muero porque no muero.

Mira que el amor es fuerte,
vida, no me seas molesta;
mira que sólo te resta,
para ganarte, perderte.
Venga ya la dulce muerte,
el morir venga ligero,
que muero porque no muero.

Aquella vida de arriba
es la vida verdadera;
hasta que esta vida muera,
no se goza estando viva.
Muerte, no me seas esquiva;
viva muriendo primero,
que muero porque no muero.

Vida, ¿qué puedo yo darle
a mi Dios, que vive en mí,
si no es el perderte a ti
para mejor a Él gozarle?
Quiero muriendo alcanzarle,
pues tanto a mi Amado quiero,
que muero porque no muero.

(Santa Teresa de Ávila - Obras Completas. Burgos : Editorial "Monte Carmelo")

sexta-feira, outubro 13, 2006

DIA DAS CRIANÇAS: POR UM MUNDO MELHOR

Por Moab José
moab@elo.com.br

Um triste dia para muitas crianças.

Enquanto houver necessidade de datas comemorativas, é sinal que os objetos dessas datas ainda não são devidamente respeitados. Todos os dias deveriam ser vividos como o dia das mães, dos pais, dos deficientes, etc., incluindo-se nesse âmbito o Natal.

Exatamente hoje, o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, apresentará ao mundo um relatório sobre a violência praticada contra a criança, entendendo-se criança, como todos menores de 18 anos e que não foram emancipados. O relatório trás números que assustam e, ao mesmo tempo, nos envergonha, uma vez que, diante da violência podemos assumir três papéis: o de agente, o de vítima e o de espectador.

A OMS, Organização Mundial de Saúde estima que em 2002, quase 53 mil crianças morreram em todo o mundo, vítimas de homicídio. No mesmo período, 150 milhões de meninas e 73 milhões de meninos – menores de 18 anos -, foram forçados a manterem relações sexuais ou sofreram outras formas de violência sexual que envolveu contatos físicos. Na África, anualmente, três milhões de meninas e mulheres são submetidas a mutilações genitais.

Por sua vez, a OIT, Organização Internacional do Trabalho, relata que em 2004, 218 milhões de crianças participaram de esquemas de trabalho infantil. Entre estas, 126 milhões em atividades consideradas perigosas. O trabalho escravo atingiu 5,7 milhões de menores. Como vítimas da exploração sexual e da pornografia, tivemos 1,8 milhões e, 1,2 milhões vítimas do tráfico.

O relatório é extenso.
Além de relacionar alguns fatores que contribuem para violência contra a criança (as crescentes desigualdades sociais, a globalização, a migração, conflitos armados, crianças de minorias, grupos marginalizados, etc.), o relatório sugere maneiras para se minimizar tais problemas.

Contudo, podemos afirmar que na base de tudo encontramos o egoísmo e a indiferença. Assim, encerro com esta quadrinha que ouvi dos lábios de Chico Xavier:

"A criança maltrapilha
Que pede pão aos teus pés
São anjos que Deus envia
Para saber quem tu és. "

Paz para todos!
MOAB JOSÉ

(Lar "Pouso da Esperança", São Luís/MA, outubro de 2006).