Entre as Dissertações Espíritas em o último capítulo de O Livro dos Médiuns, temos alguns exemplos oferecidos pelo Codificador de comunicações consideradas por
ele como apócrifas. Apócrifo é algo escrito sobre o qual não se tem certeza exata da autoria ou cuja autenticidade não pode ser comprovada ou universalmente aceita. Diz-se que alguns Evangelhos são apócrifos por haverem sido encontrado em
épocas diferentes dos aceitos como autênticos, por haverem sido produzidos
também em outra época e por que seu conteúdo difere substancialmente da
lógica dos demais.
Quanto às comunicações inseridas no capítulo referido do Livro dos Médiuns, destaco alguns trechos:
Há muitas vezes comunicações de tal maneira absurdas, embora assinadas por nomes os mais respeitáveis, que o mais vulgar bom senso demonstra a sua
falsidade.
Mas há aquelas em que o erro é disfarçado pela mistura com princípios certos, iludindo e impedindo às vezes que se faça a distinção à primeira vista. Mas elas não resistem a um exame sério.
Em outro trecho, discute Kardec a suposta mensagem do Bispo Bossuet, cujo verdadeiro autor confessa a mistificação:
Esta comunicação, em si mesma, é boa, mas não acrediteis que foi Bossuet quem a ditou. Um Espírito a escreveu, talvez um pouco sob a sua inspiração, e pôs por
baixou o nome do grande bispo para que mais facilmente ela fosse aceita, mas pela linguagem deveis reconhecer a substituição. È do Espírito que colocou o seu nome após o de Bossuet.
Esse Espírito, interrogado sobre o motivo que o levou a agir dessa maneira, declarou:
— Eu tinha desejo de escrever alguma coisa a fim de me fazer lembrar pelos homens.
Vendo que era fraco, quis juntar-lhe o prestígio de um grande nome.
— Mas não pensaste que podiam reconhecer que não era de Bossuet?
— Quem sabe o que pode acontecer ao certo? Vós podereis enganar-vos. Outros menos esclarecidos a teriam aceitado.
Com efeito, a facilidade com quem certa pessoas aceitam tudo o que vem do mundo invisível sob a cobertura de um grande nome é o que encoraja os Espíritos mistificadores. Devemos aplicar toda a nossa atenção em desfazer as tramas desses Espíritos, mas só o podemos fazer com a ajuda da experiência, adquirida através
de um estudo sério. Por isso repetimos sem cessar. Estudai antes de praticar, pois
é esse o único meio de não terdes de adquirir a experiência à vossa própria custa.
E em ácida nota de rodapé, diz o judicioso professor Herculano Pires:
Um pouco mais de estudo de O Livro dos Médiuns, como vemos, teria evitado que tantas mistificações evidentes, destinadas a ridicularizar o Espiritismo aos olhos
das pessoas sensatas, tivessem sido e continuem a ser aceitas com a maior leviandade entre nós.
É por isso que causou-me profundo constrangimento ler a citação de um trecho atribuído a um espírito que foi médium da codificação e que a mim, pareceu-me truncado e ininteligível. Reproduzo o texto sem citar a fonte, apenas a título didático
e para que a cautela seja o nosso guia. Observem se há sentido nestas palavras:
“Mesmo entre aqueles que a simpatia brota instantaneamente, Amor e convivência sadia serão obras do tempo no esforço diário do entendimento e do compartilhamento mútuo do desejo de manter essa simpatia do primeiro contato, amadurecendo-a com o progresso dos elos entre ambos”.
Se o autor nesta confusão de letras tentou se referir à evolução do sentimento, penso que poderia ter sido muito mais direto e correr menos o risco de expor-se. Senão, vejamos: “Mesmo entre aqueles que a simpatia brota instantaneamente...”.
A construção está totalmente errada e bisonha. Poderia ficar melhor assim: “Mesmo entre os quais a simpatia brota instantaneamente...”.
Seguindo: “(...)Amor e convivência sadia serão obras do tempo no esforço diário do entendimento. “( com ponto final da frase) E finalizando o texto, maquiando apenas
a sintaxe, já que o mesmo não apresenta qualquer substância para aproveitamento filosófico:
“(...) O compartilhamento mútuo do desejo de manter a simpatia do primeiro contato, amadurecerá com o progresso dos elos entre ambos”.
Ficaria assim então, a frase:
“Mesmo entre os quais a simpatia brota instantaneamente, Amor e convivência sadia serão obras do tempo no esforço diário do entendimento. O compartilhamento mútuo do desejo de manter a simpatia do primeiro contato, amadurecerá com o progresso dos elos entre ambos”.
Melhorada a construção sintática, busca-se o sentido filosófico ou psicológico do texto:
Pessoas entre as quais há mútua simpatia, necessitam do cultivo da tolerância e da compreensão, a fim de amadurecer o sentimento, nutrindo-o com a vontade resoluta para que haja progresso.
Apesar de haver reconstruído a frase sem os pecados da língua, a mesma carece de originalidade e de necessidade, uma vez que não é necessário que um espírito se comunique através da psicografia para dizer que o sentimento e a simpatia entre as pessoas precisa evoluir através do esforço de suas vontades.
Penso assim que o texto é apócrifo, usando-se o mesmo critério empregado pelo codificador, o qual deveria ser aplicado às produções mediúnicas em geral.
E diante deste cenário, lamento não haver um conselho nacional que congregasse
um número razoável de irmãos eleitos para esse mister. Certamente, esse conselho rejeitaria comunicações legítimas. Todavia, diante da mediocridade na qual estamos imersos, seria uma solução razoável.
A Mediunidade é uma oportunidade legada ao homem por Deus. Disse João Batista aos fariseus:
“O homem não pode receber coisa alguma, se não lhe for dada do céu.” (Jo 3:27)
Assim, a mediunidade é outorgada por Deus ao homem para que dela faça bom uso.
E decididamente, os espíritas estão empregando erroneamente o dom divino. Estão empregando mal a janela que lhes foi emprestada para comunicar a terra e a espiritualidade.
Sejamos razoáveis, sejamos sensatos, leiamos com sensatez.
Não é possível que as potências espirituais sejam malbaratadas na comunicação de amenidades ou tolices.
Bom senso é o que se pede!
Flávio Mussa Tavares
ele como apócrifas. Apócrifo é algo escrito sobre o qual não se tem certeza exata da autoria ou cuja autenticidade não pode ser comprovada ou universalmente aceita. Diz-se que alguns Evangelhos são apócrifos por haverem sido encontrado em
épocas diferentes dos aceitos como autênticos, por haverem sido produzidos
também em outra época e por que seu conteúdo difere substancialmente da
lógica dos demais.
Quanto às comunicações inseridas no capítulo referido do Livro dos Médiuns, destaco alguns trechos:
Há muitas vezes comunicações de tal maneira absurdas, embora assinadas por nomes os mais respeitáveis, que o mais vulgar bom senso demonstra a sua
falsidade.
Mas há aquelas em que o erro é disfarçado pela mistura com princípios certos, iludindo e impedindo às vezes que se faça a distinção à primeira vista. Mas elas não resistem a um exame sério.
Em outro trecho, discute Kardec a suposta mensagem do Bispo Bossuet, cujo verdadeiro autor confessa a mistificação:
Esta comunicação, em si mesma, é boa, mas não acrediteis que foi Bossuet quem a ditou. Um Espírito a escreveu, talvez um pouco sob a sua inspiração, e pôs por
baixou o nome do grande bispo para que mais facilmente ela fosse aceita, mas pela linguagem deveis reconhecer a substituição. È do Espírito que colocou o seu nome após o de Bossuet.
Esse Espírito, interrogado sobre o motivo que o levou a agir dessa maneira, declarou:
— Eu tinha desejo de escrever alguma coisa a fim de me fazer lembrar pelos homens.
Vendo que era fraco, quis juntar-lhe o prestígio de um grande nome.
— Mas não pensaste que podiam reconhecer que não era de Bossuet?
— Quem sabe o que pode acontecer ao certo? Vós podereis enganar-vos. Outros menos esclarecidos a teriam aceitado.
Com efeito, a facilidade com quem certa pessoas aceitam tudo o que vem do mundo invisível sob a cobertura de um grande nome é o que encoraja os Espíritos mistificadores. Devemos aplicar toda a nossa atenção em desfazer as tramas desses Espíritos, mas só o podemos fazer com a ajuda da experiência, adquirida através
de um estudo sério. Por isso repetimos sem cessar. Estudai antes de praticar, pois
é esse o único meio de não terdes de adquirir a experiência à vossa própria custa.
E em ácida nota de rodapé, diz o judicioso professor Herculano Pires:
Um pouco mais de estudo de O Livro dos Médiuns, como vemos, teria evitado que tantas mistificações evidentes, destinadas a ridicularizar o Espiritismo aos olhos
das pessoas sensatas, tivessem sido e continuem a ser aceitas com a maior leviandade entre nós.
É por isso que causou-me profundo constrangimento ler a citação de um trecho atribuído a um espírito que foi médium da codificação e que a mim, pareceu-me truncado e ininteligível. Reproduzo o texto sem citar a fonte, apenas a título didático
e para que a cautela seja o nosso guia. Observem se há sentido nestas palavras:
“Mesmo entre aqueles que a simpatia brota instantaneamente, Amor e convivência sadia serão obras do tempo no esforço diário do entendimento e do compartilhamento mútuo do desejo de manter essa simpatia do primeiro contato, amadurecendo-a com o progresso dos elos entre ambos”.
Se o autor nesta confusão de letras tentou se referir à evolução do sentimento, penso que poderia ter sido muito mais direto e correr menos o risco de expor-se. Senão, vejamos: “Mesmo entre aqueles que a simpatia brota instantaneamente...”.
A construção está totalmente errada e bisonha. Poderia ficar melhor assim: “Mesmo entre os quais a simpatia brota instantaneamente...”.
Seguindo: “(...)Amor e convivência sadia serão obras do tempo no esforço diário do entendimento. “( com ponto final da frase) E finalizando o texto, maquiando apenas
a sintaxe, já que o mesmo não apresenta qualquer substância para aproveitamento filosófico:
“(...) O compartilhamento mútuo do desejo de manter a simpatia do primeiro contato, amadurecerá com o progresso dos elos entre ambos”.
Ficaria assim então, a frase:
“Mesmo entre os quais a simpatia brota instantaneamente, Amor e convivência sadia serão obras do tempo no esforço diário do entendimento. O compartilhamento mútuo do desejo de manter a simpatia do primeiro contato, amadurecerá com o progresso dos elos entre ambos”.
Melhorada a construção sintática, busca-se o sentido filosófico ou psicológico do texto:
Pessoas entre as quais há mútua simpatia, necessitam do cultivo da tolerância e da compreensão, a fim de amadurecer o sentimento, nutrindo-o com a vontade resoluta para que haja progresso.
Apesar de haver reconstruído a frase sem os pecados da língua, a mesma carece de originalidade e de necessidade, uma vez que não é necessário que um espírito se comunique através da psicografia para dizer que o sentimento e a simpatia entre as pessoas precisa evoluir através do esforço de suas vontades.
Penso assim que o texto é apócrifo, usando-se o mesmo critério empregado pelo codificador, o qual deveria ser aplicado às produções mediúnicas em geral.
E diante deste cenário, lamento não haver um conselho nacional que congregasse
um número razoável de irmãos eleitos para esse mister. Certamente, esse conselho rejeitaria comunicações legítimas. Todavia, diante da mediocridade na qual estamos imersos, seria uma solução razoável.
A Mediunidade é uma oportunidade legada ao homem por Deus. Disse João Batista aos fariseus:
“O homem não pode receber coisa alguma, se não lhe for dada do céu.” (Jo 3:27)
Assim, a mediunidade é outorgada por Deus ao homem para que dela faça bom uso.
E decididamente, os espíritas estão empregando erroneamente o dom divino. Estão empregando mal a janela que lhes foi emprestada para comunicar a terra e a espiritualidade.
Sejamos razoáveis, sejamos sensatos, leiamos com sensatez.
Não é possível que as potências espirituais sejam malbaratadas na comunicação de amenidades ou tolices.
Bom senso é o que se pede!
Flávio Mussa Tavares
2 comentários:
Caro Flávio, achei judiciosos seus comentários sobre as comunicações possivelmente apócrifas. No entanto, embora concorde com o problema da avalanche de mensagens de teor menos construtivo e sem legitimidade, fico pensando se seria possível estabelecermos um grupo qualquer, responsável por avaliar produções mediúnicas. Está claro que seria o ideal, veja Chico Xavier que não se negou a expor suas obras à analise, na FEB. Mas penso que geraria muitos melindres e acusações, de um provável novo "Santo Ofício". Talvez seja melhor divulgarmos com todo empenho a produção de Chico Xavier e seus desdobramentos, que penso serem o "teto" em nossa atual evolução, e deixar o tempo cuidar do que percebemos carecer de legitimidade. O que acha ?
Seguindo os preceitos de bom senso eu prefiro analisar o conteúdo da mensagem do que quem a assina.
Não importa se está assinado como Jesus, Kardec, Emmanuel ou José da Silva. Se o conteúdo não for bom terá sempre destino: Lixo!
Nesta situação nenhuma mensagem está isenta de análise.
Eu não procuro a autenticidade da mensagem, ou seja, não me preocupo se quem assinou a mensagem é realmente o autor da mesma. Mas observo se a mensagem é coerente com o Espiritismo mediante a codificação e com o Evangelho. Sendo coerente o resto pouquíssimo importa.
É a minha opinião...
Grande abraço!
Marcelo
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