O capítulo 8, é justamente sobre a Família e começamos
O lar é um pouso que exige
Lições, encontros e esperas,
Onde a vida nos corrige
Os desmandos de outras eras.
E completa-se com o pensamento de Eugênio Silveira:
O lar é uma escola, em que somos, na Terra, aprendizes e professores uns dos outros.
A simbologia da reencarnação como matrícula em uma escola é belíssima. Essa escola é primeiramente o lar. Meu Pai, Clóvis Tavares, sempre nos ensinou que a primeira mensagem de Deus ao homem foram "Os Dez Mandamentos" que em seu quinto artigo reserva espacial atenção a paternidade: "Honrar Pai e Mãe", diz a mensagem divina. Este artigo encontra-se no centro do decálogo, entre os quatro primeiros que nos falam de nossos deveres para com o nosso Criador e os quatro últimos, que nos recordam de nossos deveres éticos para com a nossa sociedade. No centro, a família. E honrar Pai e Mãe é muito mais que respeitá-los, é viver para manter a sua memória íntegra. Viver para dignificá-los diante de Deus e dos homens.
Assim, a escola do lar é um reencontro, onde seremos constrangidos, levemente, a reparar antigos desmandos. Ali, no ninho doméstico, receberemos aqueles a quem humilhamos, aqueles que nos desprezaram, grandes e pequenos desafetos que reclamam reconciliação, reparação, cuidado e entendimento. Quem poderá dizer-se um professor
Milton da Cruz nos presenteia:
Tribulação do passado
Da qual não me desvencilho:
Inimigo reencarnado
No menosprezo de um filho.
Que se completa com o pensamento de João Augusto Chaves:
Agradece à família em que nasceste; ela é valiosa seção do grande educandário da Terra,
Vede que complementação perfeita: a trova nos fala de um filho que atribula o seu pai com o menosprezo, rememorando a inimizade de outrora. E a prosa nos remete à necessidade de aproveitar esse reencontro de dores antigas para reconstruí-lo. Se o filho tem um temperamento difícil, se é obstinado, temperamental, indócil, certamente estará fazendo suscitar no ânimo do pai, a paciência que não teve
Ainda comentando sobre os encontros e desencontros familiares, recordei a certo momento que meu Pai, ensinava-nos nas aulas da Mocidade Espírita Maria Zenith Pessanha, que "todo casamento é feliz", pois é dirigido pela espiritualidade, para promover retificações em nossa vida emocional.
E terminando, lembrei dos Pais que são afastados do convívio com seus filhos como o Quinto Varro de "Ave, Cristo!" de Emmanuel, psicografado pelo nosso Chico. Ele obteve a conversão de seu filho Taciano, na hora da desencarnação, mesmo tendo vivido pouco tempo com ele em família. E numa mensagem do espírito de Jair Presente, um dos "jovens no além" que converteu-se em benfeitor de nossos espíritos através da psicografia de Chico Xavier, contida no livro "Revelação", publicada pela GEEM há uma belíssima estória contada em verso a respeito de um espírito sofredor que é resgatado da sede de vingança:
REGENERAÇÃO
Pelo médium possuído,
Disse o rude obsessor,
Por favor, ninguém me fale
Em perdão, bondade, amor.
Se roubaram minhas terras
Quebrando normas da lei,
Conheço meus inimigos,
Bem os conheço, bem sei...
Toda terra desta vila
É minha propriedade,
Pela força do progresso
Ei-la virando cidade...
Vários ladrões se reuniram,
Tudo de caso pensado,
E usando papéis de fraude
Puseram-me derrotado.
Firmina, minha mulher,
Morreu de tanto desgosto.
Ela deve estar no Céu
E eu estou firme no meu posto.
Deixei nossos dois pequeninos,
Com nossa tia Constança,
E aqui continuo agindo
Em meus planos de vingança.
Falou o doutrinador:
Meu irmão, perdoa e esquece;
No caminho do perdão,
O ódio desaparece.
O obsessor prosseguiu
Dizendo frases insanas,
Dando incômodos ao grupo
Por quatro longas semanas.
Mas noutra rua existia
Um espírita nobre e genuíno,
Pedreiro de vida simples
Chamado irmão Bernardino.
Ele foi solicitado
A ajudar o vingador;
Sob tensão veio ao grupo,
E orou com grande fervor.
Diante do obsessor,
Exclamou: meu caro irmão,
Soube aqui que a sua paz
Depende do seu perdão.
Ante a pequena assembléia
Da sessão de amor e luz,
Pediu ao pobre rebelde,
Que recordasse Jesus!...
O obsessor em gestos rudes,
Parecia sem lugar,
E com o assombro de todos,
O pobre pôs-se a chorar.
Bernardino compungido
Dava-lhe paz e esperança,
Entretanto o vingador,
Chorava sem confiança.
Depois gritou: Deus me livre
Deste ódio que não sai.
Bernardino, meu amigo,
Vem a mim! Eu sou seu pai!...
Eis um caso em que a relação familiar funcionou entre as duas dimensões da vida. O filho encarnado, era um humilde pedreiro, o pai, expropriado em seus bens, desencarnou na miséria, deixando os filhos com parentes. Na erraticidade, ajuntou-se às sombras por causa do ódio e somente diante da oração de deu filho, que ele se vê constrangido ao arrependimento.
Deus é Pai! Jesus ensinou-nos a chamá-lo assim e é Nosso, é de todos! Nosso Pai, Pai de todos os seres da criação, somos teus filhos, ainda impenitentes, ainda viciosos, ainda desgarrados de Teu aprisco. Aceite-nos Pai, recebe-nos por misericórdia em Teu coração.
Um comentário:
Foi muito boa a pregação!
Beijos
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