Tivemos a visita em nossa cidade de um grupo de Teatro genuinamente espírita que nos apresentou para um público pequeno no Teatro Casimiro Cunha, da Escola Jesus Cristo, nos dias 28 e 29 de julho passado, a peça "Lições de Amor".
O grupo é dirigido por Luciano Pereira que há 14 anos vem reapresentando a peça em diversas salas do Brasil.
A peça é um recorte de quadros comuns possíveis em nossa próxima erraticidade. São situações corriqueiras do espírito mediano após o seu desencarne, vivenciadas no palco de modo rigorosamente doutrinário.
Observamos a situação do suicida e do espírito que vive uma tentativa frustrada de reencarnar-se, interrompida pelo aborto e nesses dois casos a performance de Luciano Pereira e de Fábio Rocha são impecáveis. Transmitem com viva alma a emoção que acompanha os espíritos nessas duras experiências-limite da alma humana. As cenas dos obsessores tentando cativar as vítimas do suicídio para o desespero em contrapartida com a ação benéfica dos protetores ficaram bem claras. São dramáticos e impressionantes os momentos da dança macabra em que o obsessor tortura mentalmente o suicida, escutando-se ao fundo gargalhadas entremeadas com gemidos de angústia. Ambos são socorridos, demonstrando que não há abandono e que o desespero deve ser sempre substituído pela fé e pela oração.
A magistral direção de Luciano Pereira intercala estes momentos graves com a doçura do reencontro de mãe e filho na dimensão espiritual. Ela, em desdobramento, ele em estágio de aprendizado. Sem grandes adereços técnicos, quase que tão somente com a delicadeza do momento, somos levados às lágrimas ao ver a ternura com que a Carolina Arêas, representando a mãe, afaga ternamente o seu filho, representado pelo Luciano, deitado ao seu colo, renovando as esperanças, prometendo-se mutuamente o fervor no estudo e o ânimo para o trabalho restaurador das emoções partidas.
Temos também as representações do pai arrependido (Fábio Rocha) diante da filha (Adriana Pinheiro) que desencarnou prematuramente vítima da drogadição. Através da sua persistente permanência ao lado do espírito perturbado de sua filha, com oração e amor, obtém a sua libertação.
As ações da tortura mental produzida por um espírito vingativo, vivido pelo Luciano sobre o cérebro de uma mulher subjugada, vivida magistralmente por Adriana Pinheiro, que também obtém a libertação pela interseção de espíritos amigos, é apresentada em cena que transmite grande comoção.
A cena romântica do casal que se reencontra na erraticidade é meiga e enternecedora. Renovam os votos de amor eterno, compreendem que devem permanecer por enquanto separados, para estudo e trabalho, visando uma futura próxima reencarnação novamente juntos. O clímax da cena ocorre quando Luciano Pereira canta um poema de amor e é respondido por Adriana Pinheiro que nos emociona com o cristal límpido de sua voz doce e encantadora.
A peça termina deixando em cada espectador uma leve sensação de leveza espiritual, de ânimo renovado, de entusiasmo para perdoar alguém, para reconciliar-se rápido, para mudar padrões de pensamento e conduta diante de nossa tão efêmera passagem pela terra.
Não podemos deixar de mencionar que a iluminação e a sonoplastia a cargo dos jovens Gustavo e Talita deram ao espetáculo os efeitos especiais próprios do momento específico, seja de angústia, de medo ou de ternura, com os efeitos luminosos oportuníssimos e as introduções de clássicos espíritas instrumentais além da dramática execução da cantata Carmina Burana, no momento da perseguição ao suicida, entremeado com o efeito estroboscópico.
Luciano Pereira, ao final, fala de seu amor pelo teatro, pela vontade de levar a mensagem espírita através da arte e encanta-nos a todos agradecendo-nos a presença num gesto humilde e simpático.
Esperamos rever em breve em nossa cidade e em muitas outras de nosso país, a apresentação deste monumento da arte espírita, uma arte que eleva, uma arte que conscientiza, uma arte que liberta.
Deus continue iluminando Luciano e seu elenco magistral.
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