domingo, dezembro 30, 2007

O VALOR DO SER HUMANO

Flávio Mussa Tavares




“Assim diz o Senhor: Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem se glorie o forte na sua força; não se glorie o rico nas suas riquezas. Mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em me entender e me conhecer, que eu sou o Senhor, que faço beneficência, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o Senhor.” Jer 9:23-24




Não há um consenso nas Neurociências a respeito de qual é a instância do homem que o personaliza. Em outras palavras: qual de nossos atributos é o nosso Eu? A vontade, o intelecto, os instintos, a estrutura biológica, as nossas posses?

Há indivíduos que confundem-se a si mesmos com os objetos que julgam possuir. Nesse caso, lutam pela sua manutenção e sofrem irreparavelmente com a sua perda, como se fosse uma ferida na alma.

Há os que reconhecem-se como a sua estrutura corporal, esmerando-se desse modo, pela sua aparência e higidez e sofrendo moralmente com qualquer dano ao mesmo.

Os que identificam-se com as sua potências instintivas, vangloriam-se delas e recusam-se a aceitar a sua temporalidade, lutando desesperadamente para vencer a irresistível desagregação natural imposta pela biologia.

Há ainda os que pensam ser as suas potências intelectivas, hipertrofiando a auto-imagem que parece ser inatingível pela corrosão do tempo. Estes sofrem irreparavelmente qualquer perda em sua capacidade cognitiva.

Outros identificam-se com o poder mental, com a sua vontade egoística que passa a significar o resumo de seu próprio Eu e perturbam-se nas situações de defecção de sua forca volitiva.


“O entendimento acha o que há, a vontade acha o que quer.

Conforme a vontade quer, assim acha. Se a vontade quer favorecer, achará merecimento em Barrabás. Se a vontade quer condenar achará culpa em Jesus Cristo.” Pe. Antônio Vieira.




Observa-se os que jactanciam-se diante dos homens por qualquer destes atributos que são considerados privilégios. O Rico, o belo e saudável, o superdotado intelectualmente e o que tem determinação e coragem entendem que esses atributos são parte integrante de sua personalidade e confundem-se com estes.

A alta percepção do Profeta Jeremias sugere que nos não façamos a confusão entre as aquisições espirituais e as posses transitórias do espírito encarnado. A Parábola dos Talentos demonstra que cada dom, como empréstimo divino pode ou não ser incorporado ao nosso patrimônio do espírito.

Como termina Jeremias o seu oráculo, isto e, a sua recepção mediúnica: “fiquem felizes em me entender e me conhecer, que eu sou o Senhor, que faço beneficência, juízo e justiça na terra”. O que significa? Que qualquer destes atributos são empréstimos, são dotes a nos confiados por uma providencia que quer sentir a nossa capacidade de empregá-los para o bem comum. Posses, saúde e forca física, energia, vontade, inteligência e coragem precisam ser empregados na transformação do mundo. Este planeta precisa mudar.

Vivemos uma época de individualismo escancarado. Uma grande maioria das pessoas prefere as garantias individuais, egoísticas, fazendo uma blindagem de indiferença e insensibilidade. Esta frieza de espírito, antes so observada nas elites, atingiu a classe media, que e hoje a propulsora da economia baseada na aquisição cada vez maior de bens que visam uma aparente estabilidade. Bens que visam um conforto e uma crescente inatividade do cérebro e dos músculos. Ate mesmo as classes menos favorecidas, antes dóceis e humildes, aprenderam a linguagem da ganância e do egoísmo, o que faz de nossa humanidade uma geração hipócrita e desumana.

Como justificar tamanho egocentrismo? Primeiro, justifica-se com a declaração de que somos imperfeitos e que não e para o homem mudar a face do mundo.

Segundo, as tentativas de grandes mudanças resultaram mais em sofrimento coletivo que verdadeiramente reformas.

Terceiro, a Providencia Divina se encarregara de mudar o planeta.

Isso gera, acomodação fatalista, desanimo frente a projetos de melhora do ser humano e a capitulação diante da crueldade da exclusão social do mundo.

Segundo a percepção medianimica de Jeremias, e preciso conhecer que Deus reina e quer o bem de todos, que quer justiça na Terra e que julgara os nossos atos.

Como lutar por atributos personalizados, que nos fazem incrementar a nossa vaidade, e nos perder espiritualmente? O que aproveitaremos de posses materiais? Dos atributos corporais? Da satisfação de nossos desejos instintivos? De nossa inteligência apurada? Da forca de nossa vontade? O que a nossa instancia mais profunda aproveitara, se tudo isso se dissipar com a morte? Que valores estaremos transferindo para o nosso Eu imortal?

Voltamos a primeira questão? Quem somos nós? Nossas propriedades? Só um louco diria que sim, mas muitos vivem por elas e perdem sua vida imortal por aquisições temporárias. O nosso corpo? Alguns pensam que sim. Mas mesmo os que pensam não, ainda assim, vivem para adorná-lo e fortificá-lo, em detrimento do nosso ser espiritual. Tornam-se obsessivamente preocupados com a beleza e com a integridade corporal que sacrificam dons do espírito para tornar-se vassalos do corpo. Somos por ventura reflexo de nossos desejos? Podemos ou devemos suprimi-los? A grande maioria relaxa suas resistências em função das pressões dos hormônios e atrelam-se a forcas atávicas da criação. Como desvencilhar-se da armadilha da hipertrofia da inteligência? E da hipertrofia da vontade?

As provas da riqueza, da beleza, da saúde, da inteligência e da forca do cérebro são difíceis de vencer num mundo que cada vez mais incita o individualismo e a vaidade.

Como restaurar a sensibilidade, a fraternidade, a solidariedade?

Pensemos que tudo que temos, somos e conquistamos na esfera física ou intelectual são oportunidades de multiplicação. O prazo e nossa existência terrena. Os nossos testes são realizados enquanto encarnados. O mundo e de Expiação. Expiar e uma forma de tratamento psicofísico de nossas imperfeições. Expiar e purgar, transferir do espírito para o corpo, do coração para as circunstancias da vida. Não para pagar, mas sim para aprender. Não como vingança divina, mas como meio pedagógico de um Pai que não se cansa de ensinar. Provas são as situações em que somos defrontados, nas quais já e possível uma vitória. Ninguém e provado sem possibilidade de vencer. As provas são situações em que os dilemas se nos apresentam. De um lado o nosso passado com as facilidades, com a beleza, a riqueza, a cultura, a vaidade. De outro lado, a renuncia, a aparente perda, o sacrifício. No primeiro caso, ao ceder as forcas atávicas, perdemos os valores que quase conquistamos. No segundo caso, assimilamos em nos, transformamos os valores emprestados por Deus em valores espirituais.

O Valor do homem não esta no que pensa ter ou ser, mas no que renuncia. E por isso que o grande Albert Schweitzer, o medico das selvas, disse: “ Não há heróis da ação, há apenas heróis da renuncia e do sofrimento.”

quarta-feira, dezembro 26, 2007

UM NATAL TRISTE

Uma nota de tristeza abateu-se sobre o Natal da família de nosso amigo Brício Marcelino. Sua esposa, Ana Beatriz foi internada às 5 horas do dia de Natal e desencarnou pouco tempo depois. Perplexos e abatidos ficaram Brício, suas filhas: Ana Carolina, Ana Luísa, Ana Clara e Ana Júlia , além da mãezinha de Ana Beatriz.
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O velório deu-se ao longo do dia de Natal, em uma das capelas do Cemitério do Caju, onde compareceram os amigos da Escola Jesus Cristo, do Cefet e do Ministério do Trabalho, além de colegas de colégio das filhas.
Os amigos da Escola Jesus Cristo cantaram e leram palavras de reconforto espiritual e foi feita uma oração por Flávio Tavares, presidente da Escola Jesus Cristo, rogando a Deus a Paz de espírito para aquela mulher que viveu dignamente a sua missão de esposa, mãe e trabalhadora incansável.
Após a oração, uma longa e melancólica caminhada em direção ao sepultamento que descoloriu o natal da família de nosso companheiro Brício.
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Entretanto, somos levados a crer na palavra de Jesus, “Quem crer em mim, ainda que esteja morto, viverá”. E por isso, rogamos a Deus para fortalecer a nossa fé, para que creiamos, para que aceitemos os seus desígnios, mesmo que aparentemente sem sentido ou explicação, reconhecendo que ainda estamos na condição de deficientes visuais espirituais. Que Ele guarde e proteja a já saudosa Ana Beatriz Lídia Ferreira da Silva!
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domingo, dezembro 23, 2007

A POESIA QUE NASCE

    A poesia que nasce
    Pediatra reúne mais de 100 poemas sobre o nascimento de Jesus no livro que lança hoje à noite na Escola Jesus Cristo







    Wellington Cordeiro

    LANÇAMENTO - Luís Alberto, na Pça. São Salvador, com 'Aconteceu em Belém': a obra é dividida em três partes



  • Na vida do pediatra Luís Alberto Mussa Tavares, Medicina e Literatura andam de mãos dadas há algumas décadas, mas só há pouco tempo que ele resolveu dividir seus poemas com os leitores. De 2005 para cá, já publicou cinco livros. O sexto, que será oficialmente lançado hoje (na Escola Jesus Cristo), chega ao mercado em um momento mais que propício: o Natal. Para quem não pegou o fio da meada, ‘Aconteceu em Belém’ conta a história do nascimento de Jesus.

    O livro, que levou dois anos para ficar pronto, é prefaciado pela professora Eliane Cunha e editado pela Grafbel. A obra reúne mais de 100 poemas em 180 páginas e é dividida em três atos. Introduzindo cada um deles, o autor transcreveu os evangelhos de Mateus e Lucas.

    Na primeira parte do livro, os acontecimentos em Nazaré, antes do nascimento. A segunda parte é dedicada aos acontecimentos de Belém, por ocasião do nascimento. A última parte conta a vinda dos magos, a morte dos santos inocentes e a fuga para o Egito. O livro termina com o retorno da Sagrada Família para a Galiléia, onde ocorrem no Evangelho os últimos relatos sobre a infância do menino.

    O escritor explica que sempre que está trabalhando com um tema, adquire livros que falem sobre aquele assunto para poder transformar a história em poesia. Para escrever o seu sexto livro, Luís Alberto leu mais de 50 livros técnicos, cerca de uma dúzia de livros infantil e ainda viu os filmes ‘Jesus de Nazaré, de Franco Zefirelli’ e ‘Jesus: a história do nascimento’, de Catherine Hardwicke.

    O curioso é que muitas das vezes essas leituras se deram durante os plantões do médico, na hora do cafezinho, por exemplo. “Depois desse preparo é como se a mente ficasse pronta para isso. Aí, muitas vezes, o poema nasce entre um paciente e outro”, diz.

    O médico ressalta que durante a pesquisa, acaba lendo de tudo e vê que muitos pesquisadores ganham fama e renome contradizendo os versículos bíblicos. “No meu livro, eu conto a história conforme a narrativa dos Evangelhos”, explica o autor, que tenta descrever a sensação de ter em mãos, o trabalho pronto. “Ver a história contada do modo como eu desejei é algo extremamente gratificante”, comenta.

    Outro destaque da obra é o seu design moderno e recheado de ilustrações (assinadas por Danielle Cerqueira e Sandra Novalski). O livro está à venda na Livraria Espírita, na Livraria Diálogo e Cultura, na Escola Jesus Cristo (aos domingos) e no site www.aconteceuembelem.com, que acaba de entrar no ar. Na home page, os internautas poderão conhecer mais detalhes sobre a obra e a vida do autor, além de ter acesso ao índice do livro. Como bônus, o leitor pode baixar gratuitamente o poema ‘Fuga para o Egito’.

    BIOGRAFIA
    Luís Alberto nasceu em Campos e é filho de professores. Formou-se em Medicina no ano de 1983, pela UFRJ. Na infância, começou a tomar gosto pela poesia ao ouvir o seu pai (que era orador espírita) declamar os poemas do livro ‘Parnaso de Além Túmulo’, de Chico Xavier.

    — Aquilo me encantava e foi a partir daí que eu passei a me encantar pela poesia — relembra Luís Alberto, salientando que a linguagem que adotou foi influenciada por um time de peso: Augusto dos Anjos, Castro Alves, Chico Buarque, Ferreira Gullar, Cecília Meireles, Drummond e Mário de Andrade. “Eles são os poetas do meu coração”, derrete-se.

    Há alguns anos, ele criou o blog (www.quasepoesia.blogspot.com) e foi a partir de então que começou a lançar as coisas que escrevia, desde a época da adolescência. “Em 2005, resolvi fazer uma coletânea dos poemas do blog que deram origem ao meu primeiro livro, ‘A palavra dada’, que reúne poemas de temas diversos”, explica.

    No mesmo ano, chegava ao mercado ‘Um poema para o Natal’, uma espécie de primeira versão de ‘Aconteceu em Belém’. No ano seguinte, ele publicou o livro de poesia intitulado ‘Mãe’. Ainda em 2006, lançou o livreto ‘O nascimento de Jesus’ e este ano, ‘Somos mamíferos’ — que discorre sobre a amamentação dos seres vivos e foi escrito em prosa e poesia.

    — Ele foi muito divulgado durante a campanha da amamentação deste ano e vai virar um DVD que já está sendo produzido pela IBFAN do Brasil, que é uma ONG em defesa da amamentação — informa Luís Alberto, adiantando o tema do próximo livro: a Paixão de Cristo. “Já comecei a ler sobre o assunto”, diz. É só aguardar o resultado...

    LANÇAMENTO DO LIVRO ‘ACONTECEU EM BELÉM’
    Dia 23, às 17h
    Local: Escola de Jesus Cristo (Rua dos Goitacazes, Centro, Campos)
    Entrada franca


    sábado, dezembro 22, 2007

    ACONTECEU EM BELÉM- alguns trechos

    Maria, de Nazaré, e sua vida simples na pequena aldeia onde morava.
    A pequena Maria, filha de Ana e Joaquim, era uma menina com seus
    quinze anos aproximados
    por aqueles dias...
    Acompanhava sua mãe nas tarefas do lar e nos pequenos trabalhos de
    cultivo no campo.
    Maria possuía, por tradição familiar e por força de sua cultura,
    conhecimento das escrituras
    e profundo respeito às leis e aos ditos dos profetas...
    A filha de Ana e Joaquim tinha sonhos e vontades de menina, do mesmo
    modo que as outras
    meninas da sua idade. Desejava conhecer Jerusalém. Ouvia dizer coisas
    impressionantes
    sobre seu Templo. Sonhava casar-se com um bom marido, ter filhos, ser
    feliz e reproduzir
    essa felicidade feita de pureza pela sua vida inteira...
    Maria, o mesmo que Miriam, nome que significa obstinada...
    Maria, menina, ainda crescendo e aprendendo o mundo, era uma doce
    criaturinha que
    morava naquela aldeola...
    Filha de Joaquim e Ana...
    Em pouco tempo, todas as gentes e nações do mundo inteiro, por todas
    as gerações futuras
    iriam conhecê-la como a bem aventurada...
    Maria, filha de Ana e Joaquim...


    I
    Uma menina ainda, essa Maria,
    Filha bonita de Ana e Joaquim...
    Tão simples quanto a aldeia em que vivia,
    Tão moça ainda e já crescida assim...
    E como as moças que na aldeia havia,
    Maria, filha de Ana e Joaquim
    Sabia que ia se casar um dia
    Com o moço para quem seu pai dissesse sim...
    Maria, tão nova, tão decidida...
    Como era comum sua vida...
    Como era nem tão boa nem tão ruim...
    Como era diária a vida de Maria...
    Como era igual à das outras, quem diria,
    A vida da filha de Ana e Joaquim...
    II
    Maria, filha de Ana e Joaquim
    Menina ainda, vivia assim
    No povoado de Nazaré,
    Entre os serviços do lar e as brincadeiras,
    Entre as coisas de Deus e as coisas passageiras,
    A moça desposada por José...
    Menina, amiga das escrituras,
    Conhecedora das palavras puras,
    Sabedora da letra do Senhor...
    Maria, moça ainda e tão crescida,
    Como quem se prepara para a vida,
    Para vivê-la em nome desse amor...
    Bela Maria, ainda tão menina,
    Sua inocência não imagina
    Um único dia da vida que a espera...
    Maria brincando... Maria correndo...
    Olhar Maria é o mesmo que estar vendo
    Frutos maduros em plena primavera...



    Certa vez o Anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade de nome Nazaré a
    uma virgem chamada Maria. Entrando onde ela se encontrava, o Anjo se apresentou
    causando em Maria grande temor...
    Maria estava, certa vez, em silêncio durante seu dia...
    Encontrava-se, naquela época, noiva do carpinteiro José, esperando o
    tempo de consumar
    sua união...
    Um grande e súbito susto tomou conta dela naquele momento.
    Foi quando apareceu em sua frente aquele anjo enviado por Deus que a saudou com
    gentileza e aprovação...
    A sua primeira reação foi sentir medo...
    Não saberia imaginar os motivos que levariam um anjo do Senhor a vir ter com ela
    naquele momento...
    Menina, nada mais próprio e esperado que aquele sentir medo...
    Maria estava em silêncio certa vez no curso de seu dia comum de existir.
    O silêncio de Maria ecoava em seu coração.
    Emprestava-lhe ouvidos bons e preparados para entender as coisas que o
    anjo dizia...
    O silêncio de Maria, a bem aventurada, escrava do Senhor, cuja palavra
    nela se cumpriu
    conforme a vontade de Deus...
    Maria estava em silêncio certa vez, durante o curso de seu dia...
    Eis que um Anjo de Deus, de nome Gabriel, a ela apareceu...
    "Cumpra-se em mim segundo a tua palavra" disse Maria ao Anjo após escutá-lo...
    O menino que haveria de nascer usaria aquelas palavras em dois
    momentos de sua curta
    e definitiva existência.
    Ensinaria assim aos seus apóstolos quase com as mesmas palavras de sua mãezinha,
    como orar a Deus: "seja feita a tua vontade assim na Terra como no Céu..."
    E já no Horto das Oliveiras, nos momentos que precederam sua prisão,
    repetiria Jesus em
    oração a Deus: "Pai, se quiseres, afasta de mim este cálice. Não se
    faça, contudo, a minha
    vontade, mas a tua..."


    E havia, nas suas palavras,
    O mesmo perfume nascido das palavras de Maria...

    Estava Maria em silêncio, certa hora
    E um Anjo entrou onde Maria estava.
    Maria, perturbada, sentiu medo
    Enquanto o Anjo se apresentava...

    O coração de Maria, disparado,

    Ouvia atento cada palavra...
    Estava Maria em silêncio quando o Anjo
    Se aproximou. Maria se assustava.
    Era uma menina, Maria... Uma menina...
    Moça pobre de aldeia palestina

    E ao ver um Anjo na sua frente

    Uma menina ainda, e assustada,
    Mas assustada e atenta. E interessada.
    E recebeu o Anjo humildemente...

    Salve, Maria! O Senhor é contigo!

    Assim o Anjo Gabriel se anunciou...
    Achaste graça diante de Deus
    Não tenhas receio. E continuou:

    Tu conceberás e darás à luz um filho.

    E porás nele o nome Jesus, o Anjo explicou.
    Ele será chamado Filho do Altíssimo.
    Falou o Anjo a Maria, que aceitou.

    Deus lhe dará o trono de Davi.

    Seu Reino não terá fim, o Anjo sorri,

    Então Maria, assustada, perguntou:

    De que maneira se dará a concepção
    Se não conheço o varão?
    De que maneira tudo se dará?

    Maria ainda tremia.

    Assustada, não sabia
    Aquilo tudo explicar.
    Foi quando o Anjo, que percebia
    O coração de Maria,
    Estando certo do que dizia,

    Continuou a falar:

    Descerá o Espírito Santo sobre ti. Confia.
    E com tua sombra te cobrirá.
    Será chamado "Filho de Deus", Maria,
    Esse menino que de ti nascerá.
    Enquanto o Anjo falava
    Maria compreendia.

    Silenciosa, escutava

    O que o Anjo lhe dizia.
    Pouco a pouco se acalmava,
    Aos poucos não mais temia
    O Anjo que se explicava
    E a forma como o fazia.
    Bebia cada palavra,
    Cada explicação sentia,
    E já não mais se assustava
    Com as coisas que ela ouvia.
    Maria ali começava,
    Sem perceber, nesse dia,
    Um tempo que se iniciava
    Porque Deus lhe conduzia
    Enquanto o Anjo falava,
    Enquanto o Anjo dizia...
    _Eis aqui a escrava do Senhor

    E, porque escrava,

    Faça-se em mim segundo sua palavra...
    E depois disso o Anjo se afastou...
    Não discutiu, não falhou, não foi embora,
    Não resistiu. Não fugiu. Não recuou.
    Curvou-se ante o Anjo prontamente e sem demora
    E não se diminuiu quando se curvou.
    Tantas Marias pelo mundo afora...
    Que coisas Maria pensou?
    Seu coração se agitou naquela hora
    Em que o Anjo falou...
    E o coração agitado de Maria
    Nunca mais esqueceu aquele dia
    E nunca mais desacelerou

    Porque sabia,

    Seu coração, o que aconteceria
    Depois de tudo que o Anjo lhe contou...


    Luís Alberto Mussa Tavares
    www.aconteceuembelem.com


    Comunidade no Orkut:
    http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=44536386

    sexta-feira, dezembro 14, 2007

    Algumas mostras de ACONTECEU EM BELÉM...

    JÁ ESTÁ A VENDA NA ESCOLA JESUS CRISTO- domingos às 11 h e sextas às
    21 horas.

    e pelo site: www.aconteceuembelem.com

    Dedicatória
    I
    Aos evangelistas Mateus e Lucas,
    Pela clareza da forma como contaram,
    Pela beleza da palavra como a escreveram,
    Por tudo quanto os seus relatos perpetuaram,
    Por tantos quantos os seus relatos convenceram...
    Por tudo quanto os seus versículos registraram,
    Por tudo quanto os seus versículos perceberam,
    Por tudo quanto os seus versículos possibilitaram,
    Por tudo quanto os seus versículos compreenderam...(...)

    (...)
    Estamos na Palestina.
    Sob o domínio do Império Romano,
    Um povo espera
    Pela chegada do Messias...
    Um movimento incomum
    Por toda a parte
    Precede os acontecimentos
    Desses dias...
    Estamos na Palestina.
    Escribas, publicanos, fariseus,
    Herodianos e saduceus
    Convivem
    Em aparente normalidade...
    É chegado o tempo
    Em que cada um deles
    Testemunhará
    Um novo caminho para a Humanidade(...)

    (...)
    Cena quatro
    Maria, de Nazaré, e sua vida simples na pequena aldeia onde morava.

    I
    Uma menina ainda, essa Maria,
    Filha bonita de Ana e Joaquim...
    Tão simples quanto a aldeia em que vivia,
    Tão moça ainda e já crescida assim...
    E como as moças que na aldeia havia,
    Maria, filha de Ana e Joaquim
    Sabia que ia se casar um dia
    Com o moço para quem seu pai dissesse sim(...)

    (...)
    Cena oito
    Após o nascimento de João, filho de Isabel e Zacarias, Maria retorna
    para Nazaré.

    José, seu noivo, a esperava...
    Sua família...
    Sua comunidade...
    Era hora de enfrentar os fatos e seguir caminho.
    Seriam dias de caminhada longa.
    Seria uma vida inteira de uma longa caminhada.
    Maria se despede da prima e de seus familiares...
    Maria volta das montanhas da Judéia para sua pequena aldeia.
    O tempo das duas juntas terminara...
    I
    Chegara o tempo de seguir a vida,
    O tempo daquele que se prepara,
    Chegara a hora da despedida,
    O tempo das duas juntas terminara...
    Maria voltando para Nazaré,
    Isabel permanecendo na Judéia,
    Maria retornando para José,
    O carpinteiro, na Galileia...
    Juntas, Maria e Isabel cresceram,
    E se fortaleceram, e se cuidaram
    Nesses três meses de preparação(...)

    segunda-feira, dezembro 10, 2007

    ACONTECEU EM BELÉM


    Um homem que se descobre traído.
    Uma menina assustada.
    Um homem com o poder de decidir entre a vida e a morte da mulher que ama.
    Uma menina que decide enfrentar as conseqüências de seu gesto de amor a Deus,
    assumindo riscos que transformariam sua vida para sempre...
    Um homem justo que vê morrerem seus sonhos de modo tão inesperado...
    Uma menina virgem que arrisca a própria felicidade por amor a Deus...
    A intercessão dos anjos mudando o curso da história...
    E novamente o amor determinando tudo...
    Teria sido mais fácil desistir de tudo...
    Reinventar o destino e refazer escolhas foi o percurso mais longo, mais difícil e mais
    acertado que tomaram José e Maria...
    Uma lição para a Humanidade...
    Uma prova do que o amor é capaz quando é verdadeiro...
    De como possui força e determinação este amor quando as bases que o sustentam são
    verdadeiramente íntegras...
    E de como as escolhas tomadas em seu nome, ainda quando difíceis e delicadas, jamais
    conduzem a arrependimentos...
    Muitas vezes a angústia e temor...
    Muitas vezes a conflitos insuportáveis...
    Mas sempre ao engrandecimento em seu momento final...



    Nenhum dos dois duvidou
    Das coisas que o Anjo dizia.
    Maria engrandeceu José.
    José engrandeceu Maria.


    Nenhum dos dois recusou
    A missão que lhes cabia.
    Maria respeitou José.
    José respeitou Maria.


    Nenhum sinal de fraqueza,
    Nenhuma indelicadeza,
    Nenhuma descortesia...
    Por Jesus de Nazaré,
    Maria dignificou José,
    José dignificou Maria...


    LUÍS ALBERTO MUSSA TAVARES, "ACONTECEU EM BELÉM"


    domingo, dezembro 02, 2007

    Um menino do "Lar dos Meninos"

    Desencarnou no dia 29 de novembro último o nosso irmão Jorge Machado Soares, Jorginho do "Lar dos Meninos". Desencarnou em lamentável acidente que lhe causou irreversível traumatismo crânio-encefálico, que embora socorrido, não resisitiu aos agravos.
    Assim como José Gomes, o nosso zelador, Minervino, Geraldo e Emmanuel, era um dos "meninos do Lar dos Meninos", criados por Clóvis Tavares, que ali mesmo , na Escola Jesus Cristo, viveram e foram educados como órfãos na família de nossa Escola.

    Seus quartos eram as salas do corredor onde é hoje o Teatro do Clube da Fraternidade. Ali eles dormiam com Clóvis que era o seu Pai e protetor, em companhia do também saudoso Medeiros Corrêa Júnior.

    Jorge nasceu em 12 de maio de 1938. Era uma criança bondosa, amigo de todos e tinha como queria Clóvis a sua "capitania" no quintal da Escola, onde era responsável pela manutenção da limpeza. Estudou, tornou-se um homem honrado e tornou-se funcionário público federal, trabalhando no antigo IAPI. Ele conquistou esse cargo com a ajuda da Sra. Leda Lizandro, honrada senhora da sociedade campista que quis ser a sua "madrinha". Ele desde pequeno a visitava e ia com ela ao Aeroporto Bartolomeu Lizandro, onde se encantava com os aviões que decolavam e pousavam. Como funcionário público foi excemplar, sendo leal , honesto e amigo de todos. Nuncfa desonrou o que aprendeu em sua infância no Lar dos Meninos, na companhia de seu "Pai" Clóvis Tavares.

    Lia os clássicos da literatura brasileira e os clássicos de Emmanuel, psicografados pelo nosso Chico e amava declamar poesias.
    Aprendeu a arte de tocar gaita e tocava inúmeras composições de vovô Virgílio e Juraci.
    Ultimamente, ficava do lado de fora do templo escutando as canções de Juraci cantadas pelo Coral Virgílio Paula.

    Com o tempo, foi perdendo um pouco a alegria de viver, desleixou-se com sua aparência, entretanto nunca esqueceu-se da sua casa: a Escola Jesus Cristo. Sempre que dali se afastava, retornava qual o filho que não olvida a casa paterna e nem o amor de seus pais e não é por Ele esquecido.

    Que na Espiritualidade, possa Jorginho reencontrar quantos o antecederam a última jornada e que possam estes amigos e irmãos da Escola Jesus Cristo, como o nosso vovô Virgílio, do Lar dos Meninos, como Clóvis e Medeiros, e da "Casa da Criança" como as nossas saudosas Inayá e Juraci de Paula, recebê-lo com o carinho e o amparo que fez por merecer vivendo honradamente e dedicando-se ao serviço abnegado e a amizade.

    Que Jesus receba este "menino" em seu Reino de Amor.

    Vá , Jorginho, e abrace os nossos por nós, toque sua gaita, corra e reveja com alegria Clovis e Medeiros, vovô Virgílio, mãezinha Inayá e Sissi...

    ...e continue a sua peregrinação em direção a verdadeira vida.


    Flávio Mussa Tavares(irmão de Jorginho),

    Este texto foi escrito com informações gentilmente cedidas por nossa irmã Miriam, que viveu à mesma época de Jorginho na "Casa da Criança" , sob os cuidados da "mãezinha" Inayá de Paula. Miriam é casada com Emmanuel, que vivia juntamente com o Jorge no "Lar dos Meninos", sob os cuidados de nosso pai, Clóvis Tavares.
    Tanto o "Lar dos Meninos" como a "Casa da Criança" , orfanatos respectivamente para meninos e meninas foram fundados por meu Pai, Clóvis Tavares que abnegadamente dedicou-se aos pequninos por seguir o conselho de Nina Arueira.

    DONA MARICOTA


    HISTÓRIA DE NOSSA MÃE MARICOTA



    Maria da Conceição Amorim ou como era mais conhecida, Maricota era uma pessoa adorável. Apesar de haver recebido pouca instrução formal, tinha grande sabedoria. Ler e escrever apenas para o trivial da vida. Nasceu no século XIX, mais exatamente no seu último ano, 1900 e nessa época, meninas não iam a escola. Dedicavam-se às prendas domésticas, à costura e à música.

    Com um irmão de criação, ela aprendeu a ler e gostava de ler nas suas horas livres, em uma loja onde trabalhou na cidade de Campos. Leu muitos livros espíritas nesta época e encantou-se com a bondade de Deus aplicada pela Lei de Causa e Efeito. Estava sempre atualizada com as notícias da época.

    Falava pouco e pronunciava corretamente as palavras. Era observadora, pacífica, personalidade firme e espírito protetor. Clóvis Tavares, morou em sua casa na infância, quando veio de São Sebastião, para estudar na cidade e à noite, quando ouvia os ruidos das manobras dos bondes, assustava-se e ia para o quarto de Maricota dizendo: "Maricota, posso ficar aqui? Do seu lado eu não tenho medo." E Maricota tinha a honra de dizer que era a única pessoa da Escola Jesus Cristo que havia segurado Clóvis Tavares ao colo.

    Quando ela completou 100 anos, em 2000, uma repórter local perguntou a ela o segredo da longevidade e ela respondeu: " Nunca usei álcool e nem fumei e sempre vivi com amor e dedicando carinho a todos."

    Nós, seus parentes sentíamos nela, a educadora, a economista, a médica, a enfermeira e até mesmo a filósofa, em sua experiência e sua sabedoria. Cuidadosa e conselheira, simples e honesta, fiel e dedicada nunca estava parada, sempre dedicando-se à costura e a estar útil a alguém. Sempre sua marca foi a tolerância e a paciência, conquistando o carinho e a estima de todos.

    Nunca manifestou desagrado ou irritação, impaciência ou intolerância, mesmo em momentos de divficuldade moral ou financeira.

    Tinha classe, embora se vestisse modestamente. Sua postura tinha elegância, que transparecia da nobreza de seu espírito. Não se enfeitava, usava no máximo um broche na lapela ou um cordão nos casamentos dos netos.

    Gostava da máquina de costura, onde trabalhava cantando hinos da Escola Jesus Cristo.
    Lia poesias e admitrava Casimiro de Abreu com os "Meus Oito Anos", recebia amigos, e era terna e bondosa para com todos.

    Agradecemos à Deus os seus 106 anos de existência.
    Desencarnou em 05 de abril às 19:30, era uma quinta feira santa. Viajou para a outra dimensão, numa tarde tranquila e em paz, como foi a sua longa vida.

    Rubens Fernandes Carneiro e Neli Amorim Fernandes

    terça-feira, novembro 20, 2007

    NINA ARUEIRA

    NINA ARUEIRA

    Nina Arueira nasceu em Campos, Rio de Janeiro, em 7 de janeiro de 1916, e desencarnou em 18 de março de 1935. Desencarnou ainda jovem, aos dezenove anos de idade. Nina era jornalista, poeta e escritora. Foi noiva do escritor espírita Clóvis Tavares, com quem conviveu, dividindo um aprendizado inesquecível para ambos. Veemente em suas convicções, defendendo com entusiasmo a prática do cristianismo redivivo, revelado pela Doutrina Espírita, Nina contagiava a todos por sua mensagem de amor e fé.


    Manifesto - Quando contava com apenas quinze anos de idade, Nina Arueira escreveu um manifesto aos jovens de sua época, transcrito, na íntegra, na Revista Espírita de Campos, edição de janeiro/fevereiro de 2000, o qual reproduzimos a seguir.

    À Mocidade de Minha Terra

    Acordai, gente de minha terra, porque o dia se alevanta por sobre tudo, a noite dos sonhos e das insônias se diluiu na luz; cortejos brancos de fulgores venceram as trevas e sobre elas implantaram sua vitória...
    Despertai para o trabalho; despertai para a vida... Vossas almas são capazes; estirai vossos membros, distendei vossos nervos, firmai vossa vontade, cantai vosso hino de alegria e entusiasmai-vos com o sol, com os pássaros, com as flores...
    A criação palpita; a natureza canta; os elementos rumorejam...
    E vossos corações palpitam inutilmente, moços de minha terra? E vossos espíritos não se expandem em vós?
    Sonhai sonhos de glórias, de altitudes e caminhai valentes para os vossos ideais; parti como bandeirantes sobre o destino e mostrai ao mundo vossos esforços...
    Tende consciência de que sois homens; homens úteis; homens fortes; homens sábios.
    Odiai o tédio; odiai a inutilidade, odiai o pessimismo... Tudo que é humano vos é possível.
    Não sejais nunca fracos, parasitas e imprestáveis. Criai uma lei para o vosso culto: o Dever. Uma sabedoria para o vosso exemplo: a Disciplina. Não vos orgulheis de vossas vitórias, mas orgulhai-vos de vosso fito.
    Envergonhai-vos de não serdes espiritualmente poderosos; o raciocínio, o espírito, o engenho, o corpo evoluído sobre todos os irracionais, vos dizem que não deveis ser pequenos; caminhai para o sol; para as luzes; procurai a Beleza, embelezai vossas vidas; amai o Belo; impressionai-vos com a estética; o que é feio não vos atraia; que o Feio vos horripile; que o Feio vos cause náuseas, e porque não vos é possível desdenhar o corpo deformado, procurai a beleza do espírito, muito mais impressionante que as deformidades da matéria.
    Cantai a alegria, glorificai a vida,; sede otimistas, porque sereis fortes, sereis bons. Não vos deixeis prender por preconceitos e por idéias alheias; conveicei-vos de que deveis ser os reformadores da civilização, os implantadores de um novo mundo. Nada vos detenha; sereis sábios, Hércules, semi-deuses se quiserdes adotar este princípio da teosofia: “os homens são deuses em evolução”.
    Olhai na história antiga; porque não podeis ser mais sábios que Salomão, quando Salomão era humano? Por que não podeis ser mais artistas que Praxíteles, maiores que Júlio César, que Platão, que Horácio, que toda essa constelação antiga de antias civilizações?
    Vós que nascestes num mundo mais propício por que não sois grandes, maiores que os maiores?
    Tendes asas; por que não voais? Tendes poder; por que não governais?
    Que estranha sucuri vos tolhe os membros que não vos moveis, que não vos agitais?
    Que houve de tão extraordinário que vossas vozes não retumbam?
    Envergonhai-vos de não serdes... Levantai-vos e sede. Que a Morte não vos desfaleça o ânimo; vossos filhos serão vossos continuadores; a posteridade lembrar-se-á de vós.
    Não temais a grandeza de vossos ideais. Se os não realizardes todos, o amanhã terminará vossas obras.
    Cantai a alegria de viver; não sejais “compassivos” para com os fracos e os desiludidos; sede enérgicos para com eles; a energia desperta a energia.
    Não vos embriagueis com os vossos feitos; se vencerdes um degrau, outro vos estará esperando. Sede maiores que o momento, estai além de toda fama; que a possibilidade não se extinga para vós.
    Não estacioneis; caminhai sempre; em planícies ou ascenções, ide até o fim... porque sois homens, homens para quem todos os projetos são realizáveis porque tudo o que o espírito vos oferta já foi trabalhado, como em um serviço fotográfico: o espírito labora a prova; vós copiareis no papel próprio.
    Não vos arreceeis de rugidos; as feras rugem, mas podeis domá-las para não serdes vencidos por elas.
    Não vos desanimem os obstáculos; os obstáculos são fatais; convencei-vos de que sois mais fortes que as barreiras e arredai-as.
    Tende por obrigação realizar o melhor em cada dia; formai vossos métodos diários e segui fiéis, a disciplina que houverdes adotado em vossos hábitos. Não digais nunca que “não tendes tempo”; procurai dividir vossas horas de ocupações e recreio e sempre tereis uma hora para outra coisa; cantarolai em vossos descansos; fantasiai vossos momentos de folga; ride, ride de tudo e para tudo; procurai a música; não vos é difícil encontrar essa grande amiga do espírito, esse seio amigo onde vossos cérebros podem repousar, deliciosa e confiantemente.
    Procurai a arte; deleitai vossos olhos na harmonia das cores ou na pureza das linhas; cercai-vos do Belo, criai-o em vós.
    Deixai vossos corações evoluírem já com vossos cérebros; amai pois , amai a vida, as crianças, as flores e as coisas; amai, que o amor espiritualiza a matéria; o amor é a base sólida da fraternidade; o amor vos iluminará o mundo; quanto mais amardes, menos maus sereis, quanto mais amardes mais bem tereis semeado. Mas, vede: amar não é desejar; amar é divino, desejar é humano e grosseiro. E vós, deixai-vos progredir, não só por vós, mas para que sejais o despontar de uma raça forte, de uma civilização mais firme.
    Idealizando e realizando sereis homens superiores; amando, sereis espíritos tocados da pureza do Nirvana. Não permitais que vos enraiveçam, colocai-vos acima dos pequenos vermes e répteis para que seu veneno não vos alcance; se vos quiserem ferir o bom humor, cantai e sorri.
    Assim sereis grandes, assim sereis fortes, assim tereis uma moral sem hipocrisia... Sobretudo, não finjais humildade, nunca; seríeis antes grutas escuras onde se esconderiam víboras.
    Caminhai, pois mocidade de minha terra; caminhai liberta de idéias alheias; firme no propósito de galgar as maiores altitudes; certa de que nada vos cortará o vôo; caminhai moços de minha terra e fazei da mocidade campista a primeira mocidade do mundo...
    Segui; se a vaidade vos sussurrar que já alcançastes muito, perguntai a vossos feitos e eles vos apontarão a ânsia que substitui cada descoberta vossa; quanto mais caminhardes para a curva do infinito, tanto mais distante ele vos seduzirá, e instante a instante mais belo, de novos cambiantes e de outros mistérios.
    Enchei vossos sonhos de altitudes; enchei vossos olhos de sonhos e parti; alcançareis vitórias, mas que elas não apaguem da vossa mente o ideal da última vitória...
    A última glória é a geração dinâmica que preparais... Avante!
    Nina Arueira

    Psicografia - A publicação “O Espírita Mineiro”, edição de julho/agosto de 2000, publicou um editorial, onde uma mensagem de Nina, recebida na década de 40, por Francisco Cândido Xavier, se destaca:


    Francisco Cândido Xavier em Campos

    “Um pequeno livro de 1940, com o título acima, passou pelas nossas mãos, cuja edição foi única e encontra-se, portanto esgotada. Trata-se do registro da primeira visita de Francisco Cândido Xavier à cidade de Campos, a convite de Clóvis Tavares, que, com os demais companheiros daquela cidade, comemorava cinco anos de existência da Escola de Jesus Cristo, do Instituto Espírita de Educação e Caridade, escola esta criada por Nina Arueira e inaugurada em 27 de outubro de 1935, quando o Velho Mundo estava às vésperas da 2a Guerra Mundial.
    Entre outras tantas mensagens que foram recebidas pelo médium, nestes quatro dias, queremos destacar a de Nina, que, apesar dos 60 anos passados, é tão atual e, em homenagem aos 73 anos de Mandato Mediúnico do médium, passemos a ela:
    “Meus Amigos. É meu coração que vos fala, nesta noite, desejando-vos a paz de Jesus.
    Clóvis já vos falou do Evangelho, expondo seus pensamentos e inspirações, relativos aos fenômenos da sede psicológica que nos reúne em torno das promessas do Cristo. E é com infinita alegria que vos trago a nota alegre de meu agradecimento, misturada de saudade e afeição.
    As vozes dos túmulos falam agora, sobre a Terra, de uma vida nova.
    Por detrás dos sepulcros uma outra existência começa. Uma alvorada resplandecente irradia sua luz em promessas divinas, emergindo dos abismos da morte, e junto de vossos corações eu entôo também o meu hino.
    É possível que muitos de vós outros estejais animados tão somente de uma curiosidade nobre, em torno de nossa palavra de redito. Alguns anseiam pelos fenômenos, outros por grandiosas revelações. Entretanto, nós consideramos que todos vós estais ansiosos, desejais a verdade, reclamais o caminho. E respeitando todos os vossos princípios, despreocupando-me de qualquer opinião que não se enquadre na paisagem real de nossas afirmativas, agradeço-vos, comovida, desejando-vos a paz do coração, porque é com ele que vos falo, nesta hora, na tarefa de cooperação e de boa vontade, dentro desta Escola, que representa meu santuário. A todos vós que me conhecestes, na senda de realizações materiais, eu estendo as mãos fraternas, desejosa de me manifestar plenamente aos vossos corações, com toda a intensidade dos elementos espirituais que me positivassem a presença de modo insofismável.
    Todavia, entre nós existe agora a fronteira psíquica das impressões diversas em dois mundos diferentes e tenho de me resignar com os valores do sentimento, dirigindo-vos a mensagem de minha afeição agradecida.
    Sim, fala-vos agora uma Nina diferente daquela que identificáveis na vida material.
    Aí, eram as preocupações puramente terrestres que podíeis apreender em minh’alma; agora é a minha personalidade real, ansiosa por conquistar essa água viva do amor a que Clóvis se referiu na sua exposição doutrinária sobre o Sermão da Montanha. Agora é o esforço, o desejo sadio de trabalhar com Jesus e por Jesus, construindo as belezas misteriosas de seu reino, que deverá resplandecer em nossos espíritos para a vida eterna.
    E agradecendo-vos por todas as alegrias que me trouxestes, nesta noite, desejo-vos a paz celestial no íntimo, essa que constitui o maior tesouro para as almas.
    Em nossa tarefa de Espiritismo, nunca poderemos esquecer que a nossa missão é a de restuarar os valores da crença pura. O homem moderno carrega consigo o patrimônio das mais avançadas filosofias científicas e religiosas. Por todos os lugares, surgiram as construções materiais mais poderosas em matéria de caridade e fé.
    No entanto, é esse mesmo homem forte e poderoso na Terra que erige o catafalco de suas riquezas, que opera a destruição e arruína os espíritos.
    Os quadros tormentosos de vossa atualidade no mundo afirmam a precariedade de todos esses valores materiais que pareciam assombrosos. A onda de destruição procura assenhorear-se de todas as criaturas. Mas é que, de modo geral, o homem ainda não descobriu a grandeza eterna de sua filiação a Deus, nem se capacitou da necessidade de transformar todos os obstáculos do seu caminho terrestre em degraus da escada infinita, que deverá escalar para a grandeza de seu próprio destino espiritual, cuja beleza está aureolada por ilimitadas perspectivas.
    Eis, pois, meus amigos, que aliando à minha palavra às afirmativas de Clóvis, nessa noite, convido-vos a partilhar conosco do bom trabalho na Escola bendita de Jesus, na preparação de todos os espíritos encarnados para a glória infinita do Reino de Deus. E a todos vós, amados, que aqui trabalhais em nome do Mestre Divino, lembrando-me, muita vez, a memória humilde e singela, irmãs e irmãos dos mais necessitados do caminho da vida, que amparais o infortúnio, que não vos fazeis surdos aos apelos do Evangelho, deixo-vos a todos o meu coração reconhecido, rogando a Jesus, Senhor e Mestre, que nos reúna as aspirações numa só esperança, os ideais numa só força, as atividades evangélicas num trabalho só, esperando com a mesma sinceridade no esforço comum, possamos levar às realizações indestrutíveis o nosso bendito idealismo de bem trabalhar com Jesus”.


    Mensagens - Para finalizar, transcrevemos algumas mensagens do Espírito Nina Arueira, recebidas por Francisco Cândido Xavier:

    Somente na adversidade e nos perigos, pode o espírito dar testemunho de sua edificação definitiva.

    A criança é a coluna viva do porvir. Avançará com as características que lhe impomos. Crescerá com a retidão ou com as sinuosidades que lhe traçamos ao desenvolvimento.
    Devolverá depois o que estiver recebendo agora.

    A prece é a força do Céu, ao nosso dispor, ajudando-nos a própria recuperação com vistas à paz.

    O livro edificante é o templo do espírito, onde os grandes instrutores do passado se comunicam com os aprendizes do presente, para que se façam Mestres do futuro.

    Sem os valores íntimos, toda a preparação do mundo torna-se ilusória.

    Nina Arueira

    O Noivo: Clovis Tavares, desencarnou em 13/04/1984 tendo nascido em 20/01/1915 em Campos.

    Formou-se em Advocacia, entretanto preferiu seguir a carreira do Magistério.

    Aos 20 anos, então noivo de Nina Arueira, que desencarnara, mas que lhe envia mensagens atestando as verdades da vida futura.

    Idealizou a Escola Jesus Cristo de Evangelização, mais tarde cognominada Instituição Espírita Jesus Cristo. Traduziu inúmeras obras de Pietro Ubaldi. Deixou-nos varias obras:

    ’Sementeira Cristã’,

    Tempo de Amor",

    "Trinta anos com Chico Xavier"

    EMMANUEL E OS MAGISTRADOS ESPÍRITAS

    Emmanuel e a ABRAME (*)

    Luiz Guilherme Marques

    Lendo o livro “Há 2000 Anos”, de Emmanuel, psicografado por Francisco Cândido Xavier, interessou-nos, além de dezenas de outras coisas, conhecer a figura de Públio Lentulo Cornélio, o senador incorruptível e austero a quem Jesus acabou convencendo a tornar-se um de seus discípulos mais leais e grande propagador do Cristianismo a partir de então. (Diga-se de passagem que a família Cornélia, à qual pertencia o senador, foi uma das mais destacadas da história romana.)

    Nesse livro tivemos a oportunidade de ver a menção à encarnação anterior de Emmanuel, na personalidade do cônsul Públio Lentulo Sura, seu bisavô, e contemporâneo de Caio Júlio César, Marco Túlio Cícero e M. Pórcio Catão, além de aliado político do temível Lúcio Catilina, conforme se pode ver em “Guerra Catilinária”, obra memorável do historiador romano Caio Salústio Crispo.

    A personalidade do cônsul aparece claramente, como a de um homem que se acreditava destinado a governar Roma e que o teria feito se tivesse sido vitoriosa a famosa rebelião de que participou como figura exponencial.

    Esses dois personagens são conhecidos pela História e talvez Emmanuel tenha mencionado essas suas vidas num exemplo de humildade, relacionando suas antigas deficiências, como então homem do mundo, e seu esforço para tornar-se um verdadeiro discípulo do Cristo.

    Entretanto, continuando na esteira do tempo, a encarnação posterior de Emmanuel, após Públio Lentulo Cornélio, é na figura de Nestório, vista no livro “50 Anos Depois”, escrito por Emmanuel e psicografado por Francisco Cândido Xavier. Trata-se de culto judeu grego cristão, que chegou a ouvir, na infância, as pregações de João Evangelista e, já em idade madura, feito escravo, foi levado para Roma, mas, mesmo sendo estrangeiro e, depois de liberto, ocupou cargo de destacado assessor do censor Fábio Cornélio na Prefeitura dos pretorianos na própria cidade de Roma, tendo morrido no circo, como verdadeiro mártir.

    Trata-se Emmanuel de espírito que viveu muitas vidas de trabalho nas áreas jurídica e política.

    Para quem pretenda pesquisar sobre as vidas de Emmanuel existe uma lacuna de mais ou menos 13 séculos, sendo Clóvis Tavares um dos poucos que conheceu algumas delas, conforme relata no seu livro “Amor e Sabedoria de Emmanuel”.

    A partir dessa vida como Nestório, somente se conhece aquela em que Emmanuel apresentou-se no cenário do mundo como o padre Manuel da Nóbrega, o primeiro missionário do Cristianismo em terras brasileiras e, ao mesmo tempo, o primeiro jurista que o Brasil conheceu. A seu respeito disse Serafim Leite: “Bom jurista, administrador de energia e clarividência, e homem de Deus” (“História da Companhia de Jesus no Brasil”, Instituto Nacional do Livro, Rio de Janeiro, vol. IX).

    A propósito, o entusiasmo pelos méritos do grande missionário cristão, que é Emmanuel, levou-nos a ler os livros escritos pelo padre Manuel da Nóbrega, que são o “Diálogo da Conversão do Gentio” e “Cartas do Brasil”, duas obras primas do “primeiro escritor do Brasil”.

    No livro “Amor e Sabedoria de Emmanuel” (já mencionado) Clóvis Tavares reproduz uma mensagem do espírito Cneio Lúcio, em que este traça um paralelo entre Públio Lentulo e Manuel da Nóbrega, mostrando a evolução realizada por esse valoroso discípulo do Cristo.

    Posteriormente, na figura do padre Damiano, que viveu na Espanha e na França (personagem desconhecida da História), Emmanuel já mostra (desculpe-nos o Leitor a ousadia da análise) uma personalidade totalmente diferente do antigo senador romano, pois preocupado única e exclusivamente com sua missão espiritual e desvinculado das disputas materiais.

    E, por ocasião da missão terrena de Allan Kardec, no séc. XIX, aparece Emmanuel como um dos seus orientadores espirituais, agora já utilizando esse pseudônimo (v. a mensagem “O Egoísmo”, em “O Evangelho Segundo O Espiritismo”, Capítulo XI).

    No livro “O Consolador”, sempre através da psicografia de Francisco Cândido Xavier, Emmanuel respondendo à questão nº 361, fala coisas importantíssimas que se aplicam a nós, juízes, como esta: “...há no mundo um conceito soberano de “força” para todas as criaturas que se encontram nos embates espirituais para a obtenção dos títulos de progresso. Essa “força” viverá entre os homens até que as almas humanas se compenetrem da necessidade do reino de Jesus em seu coração, trabalhando por sua realização plena. Os homens do poder temporal, com exceções, muitas vezes aceitam somente os postulados que a “força” sanciona ou os princípios com que a mesma concorda. Enceguecidos temporariamente pelos véus da vaidade e da fantasia, que a “força” lhes proporciona, faz-se mister deixá-los em liberdade nas suas experiências. Dia virá em que brilharão na Terra os eternos direitos da verdade e do bem, anulando essa “força” transitória.”

    É sabido que Emmanuel é um dos responsáveis perante o Cristo pelos progressos da Doutrina Espírita no Brasil.

    A propósito lembramo-nos de que, quando o prezado Weimar Muniz de Oliveira falou-nos pela primeira vez na ABRAME, dissemos-lhe da nossa crença de que Emmanuel estivesse congregando os juízes espíritas para comporem essa importante entidade, com o que concordou o ilustre colega, presidente da FEEGO.

    E assim, estando a ABRAME em franco progresso, ficamos a pensar que algo deva ser dito quanto ao luminoso ex-colega, que agora vive apenas para os afazeres espirituais, para demonstrarmos gratidão por tudo o que tem nos ensinado através de seus livros maravilhosos. E ficamos na esperança de também nos desvincularmos da “força” e passarmos a integrar, de corpo e alma, as falanges dos trabalhadores do Cristo, para nossa própria felicidade.

    E, na ABRAME, acreditamos encontrar uma entidade típica da grande transformação do planeta em “mundo de regeneração”, principalmente pelo fato de estar sob o comando espiritual de Emmanuel.

    * Dedicatória: aos colegas da ABRAME – Associação Brasileira de Magistrados Espíritas

    (Luiz Guilherme Marques, Juiz de Direito da 2ª Vara Cível de Juiz de Fora-MG)

    sábado, novembro 17, 2007

    HÁ MUITAS MORADAS NA CASA DE MEU PAI

    HÁ MUITAS MORADAS NA CASA DE MEU PAI

    "Não se turbe o vosso coração. - Credes em Deus, crede também em mim. Há muitas moradas na casa de meu Pai; se assim não fosse, já eu vo-lo teria dito, pois me vou para vos preparar o lugar. - Depois que me tenha ido e que vos houver preparado o lugar, voltarei e vos retirarei para mim, a fim de que onde eu estiver, também vós aí estejais.." ( Jo14: 1-a 3)

    Com este versículo Jesus nos dá um de seus mais consoladores ensinos, pois ali mesmo pede para que não nos angustiemos na vida, não perturbemos o nosso coração, sede de nossos sentimentos e que tenhamos fé. E adiciona um ponto fundamental a esse pedido: uma promessa! Iria preparar-nos um lugar!

    Vejamos assim, por itens:

    1- Não se deixar perturbar, não permitir que os ruídos da vida terrena obscureçam o nosso sentimento. Vivemos num ambiente que nos influencia todo o tempo e cada dia mais com as suas formas complexas de adentrar a nossa mente via mídias eletrônicas. Turbar o órgão do sentimento é de certa forma deixar que este se contamine de modo perverso pelos vírus nocivos do materialismo e da impiedade. O materialismo apaga a esperança e a impiedade apaga o amor. São os mecanismo mais devastadores de nosso sentimento nos dias atuais. Disso quer Jesus nos prevenir.

    2- Crer em Deus e em seu filho Jesus. Este é o domínio da Fé. A fé é uma dádiva que é suscetível de ser fortalecida pela oração. Quanto mais se orar, mais fortalecida fica a nossa fé. Em duas passagens do Evangelho, pessoas diferentes pedem que Jesus lhes acrescente Fé. Uma é a do pai desesperado e quase desesperançado diante do seu filho que sofria um processo de subjugação espiritual. Em Mc 9:24 diz o pai: "Eu creio, Senhor, mas vem em socorro à minha falta de fé!", isto é aumenta essa força dentro de meu coração. Em outro momento, em Lc 17:5: "Os apóstolos disseram ao Senhor: Aumenta-nos a fé!", ou seja essa força é um canal divino que pode ser potencializado se nós orarmos a Jesus com humildade: "Jesus, nós queremos crer, entretanto nossas vidas efêmeras neste mundo são de tal forma ilusórias, que tem nos afastado da fé e da caridade. Por isso, Jesus, pedimos humildemente como o pai aflito do evangelho e como os seus discípulos assustados: Aumenta-nos a Fé !"

    3- Há muitos orbes no universo como pode constatar a Astronomia moderna. Há orbes puramente espirituais, moradas de espíritos desencarnados, como vemos nas mensagens de "O Céu e o Inferno" e na vastíssima literatura mediúnica brasileira, mormente a de nosso querido Francisco Cândido Xavier. E há moradas físicas como podemos ver na codificação neste terceiro capítulo de "O Evangelho Segundo o Espiritismo" e na questão 55 de "O Livro dos Espíritos".A ciência astronômica pode ofertar-nos hoje inúmeras evidências de que é possível cientificamente admitir a vida em outros planetas. O célebre físico britânico Stephen W. Hawking, 63 anos, reafirmou em Berlim que há vida inteligente extraterrestre. Hawking, que se comunica somente através de um computador devido a uma enfermidade degenerativa chamada Esclerose Lateral Amiotrófica, falou sobre "o universo" no salão nobre da Universidade Livre de Berlim, abarrotado de público, em sua maioria estudantes. Em uma entrevista para a rede pública de televisão ARD, o cientista reafirmou sua crença de que existe vida inteligente fora da Terra:. "Acredito que a vida surgiu por casualidade sobre a Terra. Não estamos sozinhos no universo." Em 1961, Frank Drake, astrônomo norte-americano, atual diretor do Instituto SETI, publicou uma equação que pretende fornecer o número de civilizações inteligentes e que desenvolveram tecnologia em nossa galáxia. Essa equação ficou conhecida como equação de Frank Drake. N = E x P x S x V x I x T x C; onde 'N' é o número de civilizações comunicantes em nossa galáxia; 'E' é o número de estrelas que se formam por ano na nossa galáxia; 'P' é a fração, dentre as estrelas formadas, que possui sistema planetário; 'S' é o número de planetas com condições de desenvolver vida por sistema planetário; 'V' é a fração desses planetas que de fato desenvolve vida; 'I' é a fração, dentre os planetas que desenvolvem vida, que chega a vida inteligente; 'T' é a fração, dentre os planetas que chegam a vida inteligente, que desenvolve tecnologia e 'C' é a duração média, em anos, de uma civilização inteligente. A atribuição dos valores para as parcelas acima foi feita norteada pela ciência atual, porém, com visões bastante otimistas acerca da vulgaridade da vida no universo, de tal forma que podemos falar que estamos obtendo o número máximo possível de civilizações comunicantes em nossa galáxia. Após multiplicarmos as parcelas acima, chegamos a 1 milhão. Isso quer dizer que é possível que tenhamos 1 milhão de civilizações, só em nossa galáxia, que mais do que inteligentes, desenvolveram tecnologia e são capazes de se comunicar conosco. (Prof. Renato L. Casas e D. Mourão, do Observ. Astr. da UFMG (http://www.observatorio.ufmg.br/pas05.htm.). A Agência Espacial Européia está desenvolvendo o Projeto Darwin e também, em torno de 2015, colocará no espaço um experimento com a finalidade de constatar a vida extraterrestre.(José Renan de Medeiros (Ph.D.) do Departamento de Física da UFRN)

    4- Se não fosse verdade, Jesus não iria dar esse testemunho e nós não podemos ser cristãos e ignorarmos que Jesus é o Senhor de nosso Universo conhecido, preparando as novas moradas de nossos espíritos na erraticidade e nas futuras humanidade que porventura venhamos um dia a fazer parte na infinita viagem na sucessão das reencarnações.

    5- O momento dessa busca de Jesus de suas ovelhas perdidas é o momento de seu retorno à nossa Terra. Isso nós não sabemos quando será. Será dentro de cinqüenta anos, um século, três séculos ou dentro de um ou dois milênios? "Quanto àquele dia e àquela hora, ninguém o sabe, nem mesmo os anjos do céu, mas somente o Pai." (Mt 24:36) O que significa isso? Nem mesmo espíritos puros sabem precisar a hora do retorno de Jesus. Só Deus o sabe, pois é onisciente e está além do tempo e do espaço.

    Allan Kardec, em seu inigualável livro O Evangelho Segundo o Espiritismo, no seu capítulo terceiro, que tem o título do presente estudo, analisa o texto consolador de João nos seguintes itens: 1-Diferentes estados da alma na erraticidade; 2-Diferentes categorias de mundos habitados: a) Mundos superiores e mundos inferiores; b) Mundos de expiações e de provas; c) Mundos regeneradores; d) Progressão dos mundos; 3- Destinação da Terra.

    No item 1, Diferentes estados da alma na Erraticidade, Kardec nos ensina que o espírito desencarnado, na Erraticidade, pois, vive em tipos de moradas quem tem uma plasticidade diferente da nossa, de natureza fluídica, que provém de seus próprios pensamentos. Estas moradas podem ser regiões de ventura ou de sofrimento, de expiação pós-mortem, prévias às dolorosas reencarnações de resgate ou de estudo e preparação para novas experiências de provações na Terra. Em O Céu e o Inferno, há inúmeras comunicações que nos dão notícias dos momentos de dores após a desencarnação que podem se somar à literatura mediúnica brasileira, como a famosa série Nosso Lar, de André Luiz, psicografada pelo nosso querido Chico Xavier e o não menos notável Memórias de um Suicida, psicografado pela saudosa Yvone Pereira.

    Nas regiões de sofrimento, denominadas pelo nosso amigo espiritual André Luiz, de "Umbral", que significa pórtico ou passagem, há uma demora do espírito sofredor, na purgação de seus estados emocionais negativos até que possa receber a ajuda que lhe espera na erraticidade através de seus parentes, amigos e protetores espirituais. A famosa série Nosso Lar retrata a peregrinação espiritual de um médico e cientista que viveu no Rio de Janeiro no século XIX e que permaneceu ali por oito anos em perturbação psíquica.

    No item 2, sobre as diversas categorias de mundos, ensina-nos Kardec que Há orbes planetários próprios para espíritos superiores e para espíritos inferiores. Nos mundos primitivos, as almas vivenciam as suas primeiras experiências na humanidade. Ali são seres que desejam apenas comida e sexo, obedecendo aos instintos básicos de auto-conservação e de preservação da espécie. Para atingir esses fins, eles lutam entre si e vale apenas a lei do mais forte. Nos mundos de Expiação e Provas, o segundo na escala evolutiva dos planetas, entre os quais está a nossa Terra, as almas já desenvolveram estratégias mentais mais complexas e buscam não apenas os instintos básicos, mas a dominação econômi8ca e política baseada no interesse egoístico. Ali predominam as paixões descritas pelos diversos filósofos como paixões carnais ou pecados mortais. O terceiro degrau na escala dos mundos são os Mundos Regeneradores, onde os seres que já dominaram as paixões vivem uma vida de descanso e preparo para novas lutas. Estes espíritos não são puros e experimentam ainda várias fraquezas da alma, mas não estão submetidos ao governo incontrolável dos instintos e a ira já não é o traço marcante do seu caráter. A seguir, Kardec fala sobre os Mundo Felizes e Celestes, sobre os quais nada podemos falar, pois faltam-nos elementos, restando apenas dizer que ali vivem espíritos sublimados em harmonia e paz verdadeira.

    Os mundo evoluem como nós espíritos evoluímos individualmente. Assim como as nações de nosso planeta crescem economicamente, temos nações ricas e nações pobres. Nos países desenvolvidos há entretanto pessoas ricas e pobres. Assim também há pessoas mais abastadas e populações paupérrimas nos paises subdesenvolvidos. Mutatis mutandis, temos mundos de expiações e provas como o nosso em que a maioria ainda ignorante das Leis do Espírito, se arrastam nas vibrações mais baixas da criação, necessitando ainda sofrimento através da reparação psíquica das reencarnações. Mas existem também espíritos de altíssima nobreza espiritual que aqui permanecem por amor e dedicação de renúncia aos seus amigos e parentes e como exemplo não podemos deixar de falar do belo espírito Célia Lúcius/Alcione dos romances Cinqüenta Anos Depois e Renúncia, de Emmanuel psicografados por Chico Xavier. No intervalo de 15 séculos o mesmo espírito vêm buscar almas caídas em dolorosas reincidências dos mesmos erros em posições semelhantes na Terra. Evoluímos individualmente e coletivamente. Como seres autônomos da criação temos responsabilidade sobre os nossos atos, o que não nos desvincula da necessidade de caminharmos em parceria com os nossos irmãos de caminho, muitas vezes considerados adversários, mas sempre companheiros de evolução. Somos colocados lado a lado, para praticarmos a caridade, a tolerância, o perdão e a sublimação de nossas inferioridades. A evolução como sociedade, como nação, como planeta cristão é meta de Jesus para a nossa humanidade. Sabe-se que somos cerca de 20 bilhões de almas gravitando nos períodos encarnados e desencarnados. Sabe-se também que é provável que dois terços não alcancem a possibilidade de acompanhar a evolução da Terra enquanto planeta em evolução. Isso é triste, mas assistindo os espetáculos de sofrimento e impiedade de nossos meios de comunicação, acredita-se que a estatística seja verdadeira. Jesus entretanto, ensinou-nos a senha, no capítulo cinco do Evangelho de Mateus: "Felizes os Mansos, pois permanecerão na Terra." Ser manso é vencer os impulsos da Ira. É dominar suas pulsões, é controlar sua raiva, é dominar seu medo e controlar suas reações. Como? Orando, freqüentando uma escola espírita cristã, para domesticar a fúria que ainda vive dentro de nós. Ali devemos assistir classes de estudo de nossa doutrina esclarecedora, escutar as palestras doutrinárias e evangélicas, tomar o passe, estudarmos, praticarmos a caridade, atendermos os sofredores, escutarmos os angustiados, praticarmos a benevolência, o perdão, a tolerância, a humildade e a compreensão mútua. Deve ser o local para onde nos encaminhamos felizes como feliz ficou Davi ao saber que era o dia de ir ao Templo: "Alegrei-me quando disseram-me: Vamos a casa do Senhor" (Sl 122:1)

    Essa é a terapia de que necessitamos para almejarmos permanecer na Terra regeneradora que Jesus está preparando para os nossos espíritos.

    Foto do Telescópio Hubble, um dos mais potentes do mundo.

    Imagem da Nebulosa Planetária do Olho de Gato (NGC 6543), uma das nebulosas planetárias melhor conhecidas do céu. A imagem revela a bela simetria desta nebulosa, especialmente na região central. Também se pode observar o halo ténue de material gasoso que a envolve, extendendo-se até uma distância de 3 anos luz