segunda-feira, dezembro 25, 2006

MENSAGEM DE NATAL

É que Vos nasceu hoje, na cidade de Davi,
O Salvador, que é Cristo, o Senhor..
Lc.2:11


Prezados ouvintes:
Uma vez mais convosco, e agora, às vésperas do Natal, das doces comemorações da Vinda ao nosso mundo Daquele que é Vida de nossas almas e a bendita luz de nossos destinos: o nosso amado Senhor e Salvador Jesus Cristo.
Sim, caros irmãos, caros amigos, sejam ternas, sejam tocadas de Celestial doçura nossas lembranças do Divino Amigo, neste natal que se aproxima, natal que recorda sua Divina visita ao nosso mundo angustiado e ingrato...
Relata o Evangelho de Lucas, no seu segundo capítulo, que nas visinhanças de Belém de Judá, numa humilde gruta, nasceu o Salvador do Mundo. José e Maria, em vão buscaram na cidadezinha de Davi um pequeno cômodo em modesta Hospedaria. Vinham de longe, de Nazaré da Galiléia, até a Judéia, para cumprirem seu dever, chamados pelo recenceamento de Augusto. Não encontraram, entretanto, lugar para eles nas hospedarias de Belém, afastaram-se das ultimas casinhas em direção ao campo vizinho e numa gruta, vazia aberta num penhasco, finalmente repousaram... Foi ali, na lapa humilde, que Jesus nasceu... Tudo tão simples, tão pobre; Como é melancólico lembrar que “nem havia lugar para eles na estalagem”... Foi naquele recanto de absoluto desconforto humano, mas, de inefável beleza divina, que o Senhor da compaixão, despontou entre os homens... E foi deitado em uma manjedoura... Pastores que moravam naquelas Campinas estavam velando pelos seus rebanhos durante as vigílias da noite, conta o Evangelho. Eis senão quando, um anjo de Deus lhes apareceu. E no seio do esplendos espiritual que de si irradiava, o Mensageiro do céu disse aos humildes pastores:
“Não temais, pois eu vos trago uma boa nova de grande alegria, que o será para todo o povo: hoje, vos nasceu na cidade de Davi, um Salvador, que é Cristo Senhor” (Lc,2:10-11)
Eis, caros ouvinte, a beleza oculta da mensagem do natal trazida pelo anjo do céu: “Hoje vos nasceu um Salvador...”
Meditemos um pouco na grandeza e no conforto dessas abençoadas palavras, que são eternas e universais, e ultrapassam os limites da capina de Belém e permanecem tão vivas como no século de Augusto.
“Hoje vos nasceu um Salvador”. Sim, disse o Anjo, “nasceu para nós”, para nós filhos da terra, para nós, filhos do erro, para nos todos, que trabalhamos e sofremos, que caímos e choramos, que lutamos e temos sede de paz e amor, embora nossos múltiplos pecados e nossas ânsias de sabedoria, no seio das falsas grandezas de nossa civilização ou na solidão glacial de nossos egoísmos... Sim, ele veio para nós! Para todos nós, Deus Louvado!
Veio para a alma simples e humilde, que faz o bem às ocultas, que ama a Deus no santuário silencioso de seu coração e é muitas vezes incompreendida pela sua singeleza dalma ou pela sua intima espiritualidade, que naturalmente a distancia do bulício da vida, das competições da ambição, dos fastígios da glória social. Cristo nasceu para essa alma simples, que ama e sofre, que ajuda e sonha, e que recebe dele, o Bem-Amado de seus sonhos espirituais, a carícia das bênçãos espirituais, a água viva que reconforta e sustenta, o amparo em sua caminhada para Deus...
Cristo veio também para a alma paganizada e inquieta, possuidora de títulos do mundo e vazia da graça celeste, amiga do luxo, escrava da vaidade, angustiada no vórtice de seus prazeres, muitas vezes tristes entre as alegrias estonteantes das festas, dos banquetes, das musicas ruidosas, dos palacetes encantados, dos transatlânticos maravilhosos, dos salões elegantes... Para essa pobre alma, mergulhada nas trevas do materialismo e no sono dos egoísmos cruéis, para essa alma pobre também Cristo veio... Veio para liberta-la das ilusões da efêmera grandeza humana e apontar-lhe o caminho estreito que conduz á vida verdadeira, veio para ensinar-lhe que há uma riqueza que a traça não roi e o ladrão não rouba, eterna nos céus; veio para dizer-lhe mansamente e ternamente que ao lado dos desperdícios e das loucas abundancias dos banquetes e das festas sociais, existe a multidão dos esquecidos, dos esfomeados, dos tristes, a escória dos desgraçados que mendigam uma côdea de pão e um gesto de carinho; veio para trazer-lhes ao coração engolfado nos prazeres do pecado e na loucura das ambições sem limite a doçura de sua palavra de verdade e vida a ternura de um amor sem fingimentos, o jubilo das promessas de seu Reino, uma advertência reveladora de uma vida maior...
“Hoje vos nasceu um Salvador”... Veio para nós, para nos salvar. Veio para todos, por amor a todos, buscar as almas transviadas do reto caminho e conduzi-las ao Regaço de Deus, onde existe paz e sabedoria, onde a alma encontra a felicidade que não se desgasta e a luz que não se apaga.
Cristo veio para o pobre que sofre em silencio os problemas de sua provação e do seu salário minguado. E o Salvador derrama sobre seu coração padecente e seu lar desconfortável os eflúvios da resignação e esperança...
Cristo veio para os órfãos e para os tristes, que nele encontram o amparo e a consolação de seus lábios divinos ouvem, como outrora os apóstolos da ultima ceia: “ Meus filhinhos...”
Cristo veio para os jovens, hoje tão esquecidos das exelencias da espiritualidade porque infelizmente, em sua quase totalidade, tem sido os esquecidos em seus próprios lares, pelos seus próprios pais, sempre ocupados na multiplicação dos cifrões ou nos compromissos da futilidade social, entre o whisky e a passarela. Para os jovens felizes e para os “órfãos de pais vivos”, para a mocidade de consciência retilínea e para a juventude desorientada, Cristo é a esperança e o roteiro, no burilamento de suas almas e na conquista de seus objetivos.
Cristo veio para os ricos, para os poderosos, para os que governam, para os que administram, para os que conservam em suas mãos a liderança do mundo. Veio para comunicar-lhe as noções superiores do exercício dignificante do poder econômico ou político, pois também Ele é chefe, também Ele é Senhor, é Rei, e Rei de um mundo muito maior e mais complexo do que o nosso, de um universo espiritual que transcende nossa compreensão. Cristo veio também para os poderosos da terra, para ensinar-lhes que toda vida e de modo especial a existência é responsabilidade: missão do bem, de justiça, de fraternidade humana, de compaixão pelos mais fracos e mais pobres, entrosando-se com a inerência da responsabilidade, diante de Deus e da própria consciência, no desempenho de suas tarefas sociais ou do usufruto da riqueza terrena, pois Deus é o suplemo Senhor do universo e o legítimo e único proprietário de todas as coisas: “Senhor do céu, da terra e de tudo o que há neles há”, como diz a escritura sagrada.
Cristo veio para as crianças, Ele foi e continua sendo o Maior Amigo de todas as crianças, Ele que abençoou uma criancinha e a ofereceu ao mundo como modelo a ser imitado, dizendo: “Aquele que não se converter e não se tornar humilde como uma criança, de modo algum entrará no Reino dos Céus”. E parece que todas as crianças sentem, no seu intimo, na sua consciencie profunda, que é o seu Grande Amigo do Céu e o amam com extremos de ternura e piedade.
Caros ouvintes, alegremo-nos em Deus, que enviou seu bendito Filho para nós, para todos nós, para nossa ventua, fortaleza e salvação.
Que os justos se regozijem, pois Cristo é seu apoio e sua consolação, no mundo que não os entende e muitas vezes não os suporta.
Que os pecadores se alegrem, pois Cristo veio buscar o que se acha perdido e a oportunidade da salvação é oferecida a todas as almas que andam pelos vales sombrios do pecado e do erro. Jesus estende os braços aos repudiados da vida, aos marginais da sociedade humana e oferece-lhes uma vida nova, longe da corrupção e das ilusões douradas, no amplo risonho abrigo de seu coração compreensivo e magnânimo.
Que os tristes e humilhados da vida se rejubilem também, pois o Senhor da Compaixão os chama para consola-los: “Vinde a mim, todos vós que estais cansados e oprimidos e Eu vos aliviarei... Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração e encontrareis descanso para as vossas almas...”
Caros amigos ouvintes: esta é a mensagem do Natal, do Natal vivo e permanente, do Natal que não passará Jamais, pois registra a maior dádiva que o mundo já recebeu, a dádiva do Filho de Deus, do Salvador Jesus, que veio para nós, sintamos bem a grandeza dessas palavras: veio para nós, Hoje vos nasceu o Cristo Senhor!
Saibamos fazer doce silencio no mais intimo de nossa alma e meditando na excelsitude do Divino Presente, agradeçamos ao Deus infinitamente Bom, Pai de nossas almas, o seu dom supremo, Jesus, nosso doce e bendito Jesus, nosso amigo que não falha, Médico de nossas almas, advogado de nossos espíritos, construtor de nossa felicidade eterna, Mestre da sabedoria imortal, companheiro da grande virgem, nosso Senhor e nosso rei!
Agradeçamos, no jubilo espiritual desta data magna que se aproxima, agradeçamos ao pai do céu, esse dom supremo de seu Bendito Filho, a que o sábio Emmanuel denominou o “Amigo de todos” e a doce Santa Catarina de Siena só sabia chamar: “Jesus doce, Jesus amor”...
Que do seu reina de luzes inacessíveis e de Beleza inefável Ele nos abençoe a todos, aproximando mais e mais nossos pobres corações impenitentes e rebeldes, nossos corações cansados de sofrer, nossos corações necessitados de paz, do seu Bendito Coração, cheio de Divina Luz e de Inesgotável Amor.

( Na Rádio Continental, em 12 de dezembro de 1959)

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