sábado, fevereiro 04, 2006

PETIÇÃO DE SERVO, Des Touches

Senhor! Em verdade, não posso ser a lâmpada que clareia o caminho,
mas, se me amparas, consigo ser a candeia singela capaz de orientar o rumo de algum viajante transviado na floresta da vida.
Não posso ser a fonte que dessedenta quantos atravessem as estradas do mundo, no entanto, se me auxilias, consigo ser a concha de água limpa, suscetível de socorrer um doente relegado ao abandono.
Não posso ser a árvore benfeitora que se entrega ao faminto em plenitude de bondade, entretanto, se me ajudas, posso ser a migalha de amor que suprima a penúria de um companheiro desfalecente de angústia.
Não posso ser a casa acolhedora que albergue todos os deserdados da Terra, entregues às surpresas amargas da noite, mas, se me apóias, consigo ser a mão que se estende ao amigo menos feliz para doar-lhe o calor de Tua bênção e dizer-lhe ao coração abatido - "Deus te abençoe!" Senhor, reconheço-me pequenino servo de Tua causa, no entanto, Contigo, a esperança brilhará em minha alma e, com semelhante amparo, seguirei à frente, trabalhando e servindo, no bendito anonimato de minha pequenez, a fim de louvar-Te sempre e esperar, agindo e abençoando, a construção da Terra Mais Feliz.
Des Touches

1 - Mensagem recebida em reunião pública na manhã de 26 de novembro de 1972 na Escola Jesus Cristo, em Campos, RJ.

2 - Des Touches nasceu na França, de família nobre e rica. Ordenou-se sacerdote da Igreja Católica e, no desempenho de seu múnus eclesiástico, foi um cristão exemplar. Missionou em várias cidades e aldeias do Estado do Rio de Janeiro.
Tão digno e virtuoso, tão profundamente amigo de Jesus, que, pela sua genuína renúncia evangélica, foi muitas vezes incompreendido pelos seus próprios companheiros da Igreja, que não puderam compreender sua alma verdadeiramente abnegada.
Abandonando os bens e as glórias do mundo, deixou para sempre seu palácio e suas riquezas na França, onde era o aristocrata Émile Hertoux Des Touches de Calignie des Fenets, para ser o humilde apóstolo de Jesus, vivendo como pobre entre os pobres, em renúncia franciscana, um símbolo vivo do Evangelho.
Revelou sempre grande cultura e super-humana humildade e aceitou, ainda em vida terrena, as verdades da Revelação Espírita. Considerava Allan Kardec, a quem muito admirou, - "um grande homem de Deus". O santo velhinho, carinhoso amigo dos pobres e das crianças, desencarnou na Santa Casa de Misericórdia de Campos, aos 14 de novembro de 1930 e é hoje um dos dedicados Benfeitores Espirituais da Escola Jesus Cristo.

(De "Tempo e Amor", de Francisco Cândido Xavier - Espíritos Diversos - Clóvis Tavares)

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