Em "O Livro dos Espíritos " , na questão 922 há uma assertiva de Kardec exposta nos seguintes termos: « A Felicidade terrestre é relativa a posição de cada um. O que basta para a felicidade de um, constitui a desgraça de outro. »
Partindo dessa premissa o codificador pergunta se existe um cálculo da Felicidade.
Voltando a premissa de Kardec, analisei numa classe espírita na Escola Jesus Cristo, em Campos-RJ, algumas possibilidades do exposto pelo codificador. A princípio alguns consideraram um exagero que algo pudesse significar para uns a felicidade e para outros uma desgraça. Considerei com eles que o objeto de desejo é uma variável infinita. Se estamos em uma condição social desprivilegiada, nosso objetos de desejo tendem a ser bem mais modestos que àqueles da alta burguesia. Diante do objeto pode-se então existir três momentos psicológicos: o da ansiedade por conquistá-o, o da ira para protegê-lo e o da melancolia por não alcançá-lo.
A resposta do espírito a esta questão originou um interessante artigo de Orson Peter Carrara, publicado na Revista Internacional de Espiritismo de janeiro de 2006. Ele converteu a resposta em uma equação matemática.
Eis a resposta de O Livro dos Espíritos: « Com relação a vida material, é a posse do necessário. Com relação à vida espiritual, a consciência tranquila e a fé no futuro.»
Carrara assim formulou a resposta: F= PN + CT+ FF. Onde F é Felicidade, PN é Posse do Necessário, CT é Consciência Tranquila e FF é fé no futuro.
Apenas sugerimos ao confrade Carrara que Felicidade (F) seja modificada para Felicidade Relativa (FR) uma vez que é variável enorme. Assim a fórmula modificada seria: FR = PN + CT+FF.
A PN é relativizada segundo a nossa ansiedade frente ao objeto de desejo. Quanto mais ansiarmos por algo, mais seremos dependentes emocionais da posse deste para nos sentirmos em paz.
A CT está também na dependência do quanto conhecemos acerca de nós mesmos, uma vez que consciência é um resultado de nossa atitude reflexiva de pensamento e de ação. Há consciências que adormecem e que são incapazes de acender a luzinha vermelha, denotando o perigo que a nossa alma corre, nas estradas da vida. Há consciências cauterizadas pela insensibilidade e pela revolta. E há a consciência alerta que nos faz sofrer sempre que nos dessintonizamos com o nosso padrão. Somente os que possuem a consciência desperta é que podem se autoavaliar acerva de ela estar tranquila, em paz, serena.
A FF diz respeito a certeza do caminho. Temos um mapa que vem nos mostrando o quanto é acertado. Não será justo, como nos diz Clovis Tavares, em De Jesus para os que Sofrem, ter certeza do restante das informações do mesmo? Fé é uma certeza antecipada. E se podemos mensurá-la com a nossa racionalidade, como o fez o centurião com Jesus, então temos todas as condições de sermos felizes. O militar romano, com a Consciência Desperta de que não podia recebero Senhor em sua casa, utilizou a sua racionalidade , comparando Jesus a um militar do plano do Espírito e buscando o objeto altruista, que era a saúde de seu servo, teve a certeza antecipada de que Jesus o curaria à distância, assim como se ele desse uma ordem para ser cumprida, na Capadócia ou na Espanha distante, tinha certeza de que seus subordinados cumpririam.
Portanto Felicidade é um cálculo racional e razoável que podemos empreender em nossas vidas utilizando-a de modo prático e convincente.
Um comentário:
Muito interessante a análise sobre a felicidade. É um tema muito importante já que estamos buscando a felicidade a cada instante de nossa vida, desde que nascemos até o dia que morremos... As vezes, entretanto, valorizamos uma das variáveis em detrimento de outras e acabamos sofrendo... Um equilíbrio maior entre todas realmente nos traria uma felicidade que, embora seja relativa, poderia ser bem mais concreta e duradoura.
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