"Chico Xavier deu, pois, credibilidade ao Movimento Espírita"
A obra de Chico Xavier é a continuidade e, naturalmente, a ampliação da obra de Allan Kardec. Somente no século XX a mensagem da 3ª revelação poderia ser ampliada, como de fato o foi, para que o Espiritismo pudesse acompanhar os extraordinários avanços conceituais da Ciência, que começariam, justamente, a partir do início do referido século. Allan Kardec compreendeu muito bem que a ampliação natural da Revelação deveria contar com o beneficio da passagem do tempo, sobretudo quando o Espírito Zéfiro lhe disse, conforme consta do livro "Obras Póstumas", que a volta dele – Allan Kardec – dar-se-ia, provavelmente, no final do século XIX ou no início do século XX. Parece incrível que, em 200 anos, Kardec tenha tido duas existências terrenas, uma na França e outra no Brasil, com tão extraordinárias contribuições em favor do avanço espiritual do planeta. Sinceramente, não sei se o admiro mais como Kardec ou Chico Xavier.
A obra de Chico Xavier-Emmanuel, constituída, até o momento, de 439 livros, é admirável e abrangente. Nela, nós, das Associações Médico-Espiritas (AMEs), temos sorvido e aproveitado muitíssimo as revelações de André Luiz e Emmanuel no campo científico, como o da física e da própria medicina. Isto nos tem animado a montar protocolos de pesquisas, inclusive os de aplicação multicêntrica com a participação de várias AMEs, embora que tudo esteja ainda por fazer, já que o trabalho apenas se esboça.
Gostaríamos ainda de destacar que falar de Chico Xavier é referir-se a um movimento espírita brasileiro antes e depois dele. Sem dúvida, a obra de Chico Xavier-Emmanuel é granítica, ampliou-nos os conhecimentos científicos, literários e doutrinários, mas foi, sobretudo, a vida do médium, com seus exemplos de humanidade, que deu à Doutrina o seu verdadeiro caráter transformador. Chico Xavier foi o protótipo do homem de bem, tal qual Kardec no-lo descreveu em "O Evangelho Segundo o Espiritismo". Há, portanto, um divisor de águas perfeitamente claro no movimento espírita, antes e depois dele. E as pessoas que não conviveram com Chico puderam sentir isso durante a exibição dos dois 'Pinga-fogos', programas de entrevistas com o médium, realizados pela extinta TV Tupi, na década de 1970. A televisão capta muito bem a alma da pessoa e o povo brasileiro pôde sentir nestes dois programas a grandiosidade da alma de Chico, sua sinceridade, sua humildade. Ao final de cada programa, quando ele recebia as poesias psicografadas, os telespectadores podiam constatar de modo perfeitamente claro a presença do poeta comunicante e do seu estilo.
Chico Xavier deu, pois credibilidade ao Movimento Espírita. Contribuiu em muito para que o povo passasse a fazer distinção entre o que é e o que não é Espiritismo. Sua liderança foi diferente, porque calcada na humanidade e no serviço de amor ao próximo. A maravilhosa dimensão histórica que atingiu – e que ainda estamos longe de alcançar em toda sua grandeza – foi fruto do atendimento pessoal que deu a milhões de pessoas do povo, procurando mitigar-lhes a sede da alma. E o povo soube reconhecer o seu esforço sacrifical, porque, em 1996, quando a Revista Veja realizou uma pesquisa para saber do povo brasileiro quais as 20 pessoas que mais as faziam felizes, Chico foi um dos escolhidos. E o mais importante dessa pesquisa é que ele foi o único religioso entre as 20 personalidades escolhidas. E ele continuou a morar no coração do povo, fato que se pôde comprovar quando foi eleito "o mineiro do século" e "o brasileiro mais importante da História".
Mas antes de tudo, eu gostaria de me lembrar do Chico de modo a não ferir sua humildade genuína. E a melhor maneira, creio eu, será sempre a de relembrar seus exemplos e a de procurar segui-los na prática, a fim de que os elogios improdutivos não nos levem à perda lastimável de tempo pelos descaminhos da vaidade.
Nota da Editora: Depoimento prestado durante realização do Primeiro Encontro Nacional dos Amigos de Chico Xavier, Uberaba, MG, dias 19 e 20/04/08.
(Texto extraído da Revista Internacional de Espiritismo - junho de 2008)
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