sábado, janeiro 19, 2008

AQUELE QUE SEMEIA


Palestra da Sexta feira, 18 de janeiro de 2008

É interessante que denomina-se esta parábola como “do Semeador”, ou seja Ele é o grande protagonista da semeadura universal.
O Semeador, conforme narra o texto de Marcos,capítulo 4, versículos 3 a 20. Saiu a semear, eis a grande jornada de Jesus na Terra. Leiamos a narrativa do Evangelho que também é chamado o Evangelho de Pedro, por conter as informações que o evangelista Marcos com ele obteve em Roma, sendo assim o primeiro Evangelho de Jesus.

“Ouvi: Eis que saiu o semeador a semear. E aconteceu que semeando ele, uma parte da semente caiu junto do caminho, e vieram as aves do céu, e a comeram; E outra caiu sobre pedregais, onde não havia muita terra, e nasceu logo, porque não tinha terra profunda; Mas, saindo o sol, queimou-se; e, porque não tinha raiz, secou-se. E outra caiu entre espinhos e, crescendo os espinhos, a sufocaram e não deu fruto. E outra caiu em boa terra e deu fruto, que vingou e cresceu; e um produziu trinta, outro sessenta, e outro cem. E disse-lhes: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.” Mc 4:3-9

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É neste momento que precisamos nos deter para os detalhes. Jesus não explica o texto alegórico à multidão, antes, a despede, incitando-a a ter os sentidos auditivos mais aguçados, para alcançar os significados além da narrativa.

É por ter percebido isso que os discípulos lhe perguntam, uma vez encontrando-se só com Jesus ao que Jesus respondeu em também enigmáticas palavras:

"E ele disse-lhes: A vós vos é dado saber os mistérios do reino de Deus, mas aos que estão de fora, todas estas coisas se dizem por parábolas. Para que, vendo, vejam, e não percebam; e, ouvindo, ouçam, e não entendam; para que não se convertam, e lhes sejam perdoados os pecados."

Esta é a primeira parábola narrada por qualquer evangelista na história do Cristianismo. Ademais, há outro detalhe. Senão, vejamos o que Jesus lhes pergunta após estas palavras iniciais:

"Não percebeis esta parábola? Como, pois, entendereis todas as parábolas?"

É uma questão e ao mesmo tempo uma surpresa. Como entender todos os outros discursos parabólicos se não compreendermos Esta parábola? Ela é a chave do entendimento para Todas as outras.

Veja-se então a explicação do Mestre:

"O que semeia, semeia a palavra; E, os que estão junto do caminho são aqueles em quem a palavra é semeada; mas, tendo-a eles ouvido, vem logo Satanás e tira a palavra que foi semeada nos seus corações. E da mesma forma os que recebem a semente sobre pedregais; os quais, ouvindo a palavra, logo com prazer a recebem;Mas não têm raiz em si mesmos, antes são temporãos; depois, sobrevindo tribulação ou perseguição, por causa da palavra, logo se escandalizam. E outros são os que recebem a semente entre espinhos, os quais ouvem a palavra; Mas os cuidados deste mundo, e os enganos das riquezas e as ambições de outras coisas, entrando, sufocam a palavra, e fica infrutífera. E os que recebem a semente em boa terra são os que ouvem a palavra e a recebem, e dão fruto, um a trinta, outro a sessenta, outro a cem, por um."

"Aquele que semeia" é sempre Jesus, embora conte ele com colaboradores que colocam no alforge sementes e espalham bondade e conhecimento levando esperança, consolo e fortaleza a todos que querem se nutrir da palavra de Jesus. Somos privilegiados no Espiritismo, por termos, além do Evangelho de Jesus, os complementos comentados de Allan Kardec em "O Evangelho Segundo o Espiritismo" os comentários judiciosos de Emmanuel, sempre psicogrrafados pela pena antenada de Chico Xavier nas obras: "Caminho, Verdade e Vida", "Pão Nosso", "Vinha de Luz" e "Fonte Viva" totalizando 720 cartas comentando o Evangelho de Jesus. Temo ainda o "Livro da Esperança" com 90 comentários de o Novo Testamento e "O Evangelho Segundo o Espiritismo". Não terminam aqui as concessões do Senhor: temos a "Boa Nova de Humberto de Campos, também pelo nosso Chico e a "Alvorada Cristã" de Néio Lúcio, com uma singeleza e uma pureza própria das almas que atingiram a identidade com o Criador.

  • A beirada da estrada é o terreno batido, uma vez que o Semeador esparge os grãos aleatoriamente em todas as direções. Uma parte cai na beira da terra batida, que é o caminho que se forma nos terrenos por onde as pessoas fazem a trilha, por onde é comum se caminhar. Esta terra batida é impermeável à semente, como alguns espíritos tem o sentimento bloqueado à palavra de Deus, e tornam-se frios, impiedosos, duros de coração. Em algumas passagens Jesus usou a expressão " a dureza de vossos corações", isto é a terra batida, de beira de trilha, onde a semente da boa palavra que hoje, é espargida por múltiplos meios em todas as direções, é impenetrével.

    As aves de rapina,
    que espreitam os nossos movimentos e nossas invigilâncias esperam o momento oportuno para furtar as sementes lançadas e não perpetradas no solo árido dos espíritos endurecidos de sentimento. Elas não pousam, elas sobrevoam nossas cabeças, não as vemos, mas elas nos observam. São ardilosas e pacientemente esperam para


    O solo pedregoso é terreno fértil com pouca profundidade. Representa as pessoas entusiastas, motivadas e hiperativas, que querem e aceitam todos os compromissos , mas desistem facilmente e ainda encontram desculpas para sua deserção. Põem a culpa nas coisas erradas que viram no trabalho assumido, dizem que são muito corretas e para não provocar inconveniências, preferem afastar-se. Usam entretanto, esse estratagema como justificativa para a indolência.

    O solo selvagem, onde encontram-se muitas plantas silvestres, densas, moitas impenetráveis, espinhosas, são também terras agricultáveis. Ali a semente germina e cresce, mas não frutifica, pois não há luz e nem ar o bastante para o último amadurecimento. Representam as pessoas que evoluem rapidamente no conhecimento e na prática do Evangelho, mas que envolvem-se também com outros compromissos que asfixiam a última etapa que é o frutificar e espalhar novas sementes. A sua hiperatividade mental os impede de aquietar-se e assumem muitos compromissos que por vezes são conflitantes entre si. São preocupações, falsas necessidades modernas, busca insaciável de comodidades sempre enganosas e a ilusão da auto-estima exagerada, estimulada pela mídia falaciosa e ardilosa. Infelizmente é forçoso reconhecer que essa estratégia da busca do bem estar individual acima de tudo tem sido tema de muitos livros espíritas que perderam-se na busca de uma psicologização primária de nossa doutrina com a enxurrada de publicações da chamada auto-ajuda. Este solo é o de muitas almas já prontas para a edificação evangélica que desistem por estarem demais sufocadas com as atividades profissionais e sociais.

    No terreno bom a semente lançada germina, cresce e frutifica. Frutifica em gradação ascendente: a 30 por um, sessenta por um e cem por um. Isso quer dizer que os terrenos bons também evoluem. Nós somos simultaneamente em aspectos diversos de nossa natureza espiritual, terrenos diferentes. Podemos ser frios para alguma coisa, entusiasmados mas vacilantes com outras situações, demasiado ocupados para outras tantas e até mesmo excelentes em outros misteres.

    O que precisamos em nossa caminhada evolutiva é tornarmo-nos bons terrenos em todos os aspectos de nossa existência.

    Observe-se que Jesus semeou em toda a terra, mas apenas 75% das almas aceitaram a sua palavra. São os terrenos pedregosos, espinhosos e a boa terra.

    Desse montante, 25 % fenece prematuramente. É a terra granítica.

    Cinqüenta por cento alcança a fase adulta. Mas a metade desse montante morre sufocada antes da primeira frutificação.

    Apenas 25% frutifica.
    Desses, a pequena fração de 8,3%, dá sementes a uma razão de trinta para uma.
    Outros tantos 8,3 %, multiplicam-se na razão de 60 para uma.
    E os restantes 8,3% multiplicam-se ao cêntuplo.


    Esta é a prova da Evolução e de que a Lei de Amor Universal quer que n´so nunca nos sintamos terminados, sempre havendo necessidades de crescer e multiplicar a semente da boa palavra que é plantada em nossos corações, que dever germinar, crescer e novamente frutificar.





Um comentário:

Juliana Tavares disse...

Gostei bastante da reflexão sobre a parábola do semeador! O interessante é notar o quanto de cada terreno temos em cada um de nós!