domingo, dezembro 30, 2007

O VALOR DO SER HUMANO

Flávio Mussa Tavares




“Assim diz o Senhor: Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem se glorie o forte na sua força; não se glorie o rico nas suas riquezas. Mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em me entender e me conhecer, que eu sou o Senhor, que faço beneficência, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o Senhor.” Jer 9:23-24




Não há um consenso nas Neurociências a respeito de qual é a instância do homem que o personaliza. Em outras palavras: qual de nossos atributos é o nosso Eu? A vontade, o intelecto, os instintos, a estrutura biológica, as nossas posses?

Há indivíduos que confundem-se a si mesmos com os objetos que julgam possuir. Nesse caso, lutam pela sua manutenção e sofrem irreparavelmente com a sua perda, como se fosse uma ferida na alma.

Há os que reconhecem-se como a sua estrutura corporal, esmerando-se desse modo, pela sua aparência e higidez e sofrendo moralmente com qualquer dano ao mesmo.

Os que identificam-se com as sua potências instintivas, vangloriam-se delas e recusam-se a aceitar a sua temporalidade, lutando desesperadamente para vencer a irresistível desagregação natural imposta pela biologia.

Há ainda os que pensam ser as suas potências intelectivas, hipertrofiando a auto-imagem que parece ser inatingível pela corrosão do tempo. Estes sofrem irreparavelmente qualquer perda em sua capacidade cognitiva.

Outros identificam-se com o poder mental, com a sua vontade egoística que passa a significar o resumo de seu próprio Eu e perturbam-se nas situações de defecção de sua forca volitiva.


“O entendimento acha o que há, a vontade acha o que quer.

Conforme a vontade quer, assim acha. Se a vontade quer favorecer, achará merecimento em Barrabás. Se a vontade quer condenar achará culpa em Jesus Cristo.” Pe. Antônio Vieira.




Observa-se os que jactanciam-se diante dos homens por qualquer destes atributos que são considerados privilégios. O Rico, o belo e saudável, o superdotado intelectualmente e o que tem determinação e coragem entendem que esses atributos são parte integrante de sua personalidade e confundem-se com estes.

A alta percepção do Profeta Jeremias sugere que nos não façamos a confusão entre as aquisições espirituais e as posses transitórias do espírito encarnado. A Parábola dos Talentos demonstra que cada dom, como empréstimo divino pode ou não ser incorporado ao nosso patrimônio do espírito.

Como termina Jeremias o seu oráculo, isto e, a sua recepção mediúnica: “fiquem felizes em me entender e me conhecer, que eu sou o Senhor, que faço beneficência, juízo e justiça na terra”. O que significa? Que qualquer destes atributos são empréstimos, são dotes a nos confiados por uma providencia que quer sentir a nossa capacidade de empregá-los para o bem comum. Posses, saúde e forca física, energia, vontade, inteligência e coragem precisam ser empregados na transformação do mundo. Este planeta precisa mudar.

Vivemos uma época de individualismo escancarado. Uma grande maioria das pessoas prefere as garantias individuais, egoísticas, fazendo uma blindagem de indiferença e insensibilidade. Esta frieza de espírito, antes so observada nas elites, atingiu a classe media, que e hoje a propulsora da economia baseada na aquisição cada vez maior de bens que visam uma aparente estabilidade. Bens que visam um conforto e uma crescente inatividade do cérebro e dos músculos. Ate mesmo as classes menos favorecidas, antes dóceis e humildes, aprenderam a linguagem da ganância e do egoísmo, o que faz de nossa humanidade uma geração hipócrita e desumana.

Como justificar tamanho egocentrismo? Primeiro, justifica-se com a declaração de que somos imperfeitos e que não e para o homem mudar a face do mundo.

Segundo, as tentativas de grandes mudanças resultaram mais em sofrimento coletivo que verdadeiramente reformas.

Terceiro, a Providencia Divina se encarregara de mudar o planeta.

Isso gera, acomodação fatalista, desanimo frente a projetos de melhora do ser humano e a capitulação diante da crueldade da exclusão social do mundo.

Segundo a percepção medianimica de Jeremias, e preciso conhecer que Deus reina e quer o bem de todos, que quer justiça na Terra e que julgara os nossos atos.

Como lutar por atributos personalizados, que nos fazem incrementar a nossa vaidade, e nos perder espiritualmente? O que aproveitaremos de posses materiais? Dos atributos corporais? Da satisfação de nossos desejos instintivos? De nossa inteligência apurada? Da forca de nossa vontade? O que a nossa instancia mais profunda aproveitara, se tudo isso se dissipar com a morte? Que valores estaremos transferindo para o nosso Eu imortal?

Voltamos a primeira questão? Quem somos nós? Nossas propriedades? Só um louco diria que sim, mas muitos vivem por elas e perdem sua vida imortal por aquisições temporárias. O nosso corpo? Alguns pensam que sim. Mas mesmo os que pensam não, ainda assim, vivem para adorná-lo e fortificá-lo, em detrimento do nosso ser espiritual. Tornam-se obsessivamente preocupados com a beleza e com a integridade corporal que sacrificam dons do espírito para tornar-se vassalos do corpo. Somos por ventura reflexo de nossos desejos? Podemos ou devemos suprimi-los? A grande maioria relaxa suas resistências em função das pressões dos hormônios e atrelam-se a forcas atávicas da criação. Como desvencilhar-se da armadilha da hipertrofia da inteligência? E da hipertrofia da vontade?

As provas da riqueza, da beleza, da saúde, da inteligência e da forca do cérebro são difíceis de vencer num mundo que cada vez mais incita o individualismo e a vaidade.

Como restaurar a sensibilidade, a fraternidade, a solidariedade?

Pensemos que tudo que temos, somos e conquistamos na esfera física ou intelectual são oportunidades de multiplicação. O prazo e nossa existência terrena. Os nossos testes são realizados enquanto encarnados. O mundo e de Expiação. Expiar e uma forma de tratamento psicofísico de nossas imperfeições. Expiar e purgar, transferir do espírito para o corpo, do coração para as circunstancias da vida. Não para pagar, mas sim para aprender. Não como vingança divina, mas como meio pedagógico de um Pai que não se cansa de ensinar. Provas são as situações em que somos defrontados, nas quais já e possível uma vitória. Ninguém e provado sem possibilidade de vencer. As provas são situações em que os dilemas se nos apresentam. De um lado o nosso passado com as facilidades, com a beleza, a riqueza, a cultura, a vaidade. De outro lado, a renuncia, a aparente perda, o sacrifício. No primeiro caso, ao ceder as forcas atávicas, perdemos os valores que quase conquistamos. No segundo caso, assimilamos em nos, transformamos os valores emprestados por Deus em valores espirituais.

O Valor do homem não esta no que pensa ter ou ser, mas no que renuncia. E por isso que o grande Albert Schweitzer, o medico das selvas, disse: “ Não há heróis da ação, há apenas heróis da renuncia e do sofrimento.”

quarta-feira, dezembro 26, 2007

UM NATAL TRISTE

Uma nota de tristeza abateu-se sobre o Natal da família de nosso amigo Brício Marcelino. Sua esposa, Ana Beatriz foi internada às 5 horas do dia de Natal e desencarnou pouco tempo depois. Perplexos e abatidos ficaram Brício, suas filhas: Ana Carolina, Ana Luísa, Ana Clara e Ana Júlia , além da mãezinha de Ana Beatriz.
.
O velório deu-se ao longo do dia de Natal, em uma das capelas do Cemitério do Caju, onde compareceram os amigos da Escola Jesus Cristo, do Cefet e do Ministério do Trabalho, além de colegas de colégio das filhas.
Os amigos da Escola Jesus Cristo cantaram e leram palavras de reconforto espiritual e foi feita uma oração por Flávio Tavares, presidente da Escola Jesus Cristo, rogando a Deus a Paz de espírito para aquela mulher que viveu dignamente a sua missão de esposa, mãe e trabalhadora incansável.
Após a oração, uma longa e melancólica caminhada em direção ao sepultamento que descoloriu o natal da família de nosso companheiro Brício.
.
Entretanto, somos levados a crer na palavra de Jesus, “Quem crer em mim, ainda que esteja morto, viverá”. E por isso, rogamos a Deus para fortalecer a nossa fé, para que creiamos, para que aceitemos os seus desígnios, mesmo que aparentemente sem sentido ou explicação, reconhecendo que ainda estamos na condição de deficientes visuais espirituais. Que Ele guarde e proteja a já saudosa Ana Beatriz Lídia Ferreira da Silva!
.

domingo, dezembro 23, 2007

A POESIA QUE NASCE

    A poesia que nasce
    Pediatra reúne mais de 100 poemas sobre o nascimento de Jesus no livro que lança hoje à noite na Escola Jesus Cristo







    Wellington Cordeiro

    LANÇAMENTO - Luís Alberto, na Pça. São Salvador, com 'Aconteceu em Belém': a obra é dividida em três partes



  • Na vida do pediatra Luís Alberto Mussa Tavares, Medicina e Literatura andam de mãos dadas há algumas décadas, mas só há pouco tempo que ele resolveu dividir seus poemas com os leitores. De 2005 para cá, já publicou cinco livros. O sexto, que será oficialmente lançado hoje (na Escola Jesus Cristo), chega ao mercado em um momento mais que propício: o Natal. Para quem não pegou o fio da meada, ‘Aconteceu em Belém’ conta a história do nascimento de Jesus.

    O livro, que levou dois anos para ficar pronto, é prefaciado pela professora Eliane Cunha e editado pela Grafbel. A obra reúne mais de 100 poemas em 180 páginas e é dividida em três atos. Introduzindo cada um deles, o autor transcreveu os evangelhos de Mateus e Lucas.

    Na primeira parte do livro, os acontecimentos em Nazaré, antes do nascimento. A segunda parte é dedicada aos acontecimentos de Belém, por ocasião do nascimento. A última parte conta a vinda dos magos, a morte dos santos inocentes e a fuga para o Egito. O livro termina com o retorno da Sagrada Família para a Galiléia, onde ocorrem no Evangelho os últimos relatos sobre a infância do menino.

    O escritor explica que sempre que está trabalhando com um tema, adquire livros que falem sobre aquele assunto para poder transformar a história em poesia. Para escrever o seu sexto livro, Luís Alberto leu mais de 50 livros técnicos, cerca de uma dúzia de livros infantil e ainda viu os filmes ‘Jesus de Nazaré, de Franco Zefirelli’ e ‘Jesus: a história do nascimento’, de Catherine Hardwicke.

    O curioso é que muitas das vezes essas leituras se deram durante os plantões do médico, na hora do cafezinho, por exemplo. “Depois desse preparo é como se a mente ficasse pronta para isso. Aí, muitas vezes, o poema nasce entre um paciente e outro”, diz.

    O médico ressalta que durante a pesquisa, acaba lendo de tudo e vê que muitos pesquisadores ganham fama e renome contradizendo os versículos bíblicos. “No meu livro, eu conto a história conforme a narrativa dos Evangelhos”, explica o autor, que tenta descrever a sensação de ter em mãos, o trabalho pronto. “Ver a história contada do modo como eu desejei é algo extremamente gratificante”, comenta.

    Outro destaque da obra é o seu design moderno e recheado de ilustrações (assinadas por Danielle Cerqueira e Sandra Novalski). O livro está à venda na Livraria Espírita, na Livraria Diálogo e Cultura, na Escola Jesus Cristo (aos domingos) e no site www.aconteceuembelem.com, que acaba de entrar no ar. Na home page, os internautas poderão conhecer mais detalhes sobre a obra e a vida do autor, além de ter acesso ao índice do livro. Como bônus, o leitor pode baixar gratuitamente o poema ‘Fuga para o Egito’.

    BIOGRAFIA
    Luís Alberto nasceu em Campos e é filho de professores. Formou-se em Medicina no ano de 1983, pela UFRJ. Na infância, começou a tomar gosto pela poesia ao ouvir o seu pai (que era orador espírita) declamar os poemas do livro ‘Parnaso de Além Túmulo’, de Chico Xavier.

    — Aquilo me encantava e foi a partir daí que eu passei a me encantar pela poesia — relembra Luís Alberto, salientando que a linguagem que adotou foi influenciada por um time de peso: Augusto dos Anjos, Castro Alves, Chico Buarque, Ferreira Gullar, Cecília Meireles, Drummond e Mário de Andrade. “Eles são os poetas do meu coração”, derrete-se.

    Há alguns anos, ele criou o blog (www.quasepoesia.blogspot.com) e foi a partir de então que começou a lançar as coisas que escrevia, desde a época da adolescência. “Em 2005, resolvi fazer uma coletânea dos poemas do blog que deram origem ao meu primeiro livro, ‘A palavra dada’, que reúne poemas de temas diversos”, explica.

    No mesmo ano, chegava ao mercado ‘Um poema para o Natal’, uma espécie de primeira versão de ‘Aconteceu em Belém’. No ano seguinte, ele publicou o livro de poesia intitulado ‘Mãe’. Ainda em 2006, lançou o livreto ‘O nascimento de Jesus’ e este ano, ‘Somos mamíferos’ — que discorre sobre a amamentação dos seres vivos e foi escrito em prosa e poesia.

    — Ele foi muito divulgado durante a campanha da amamentação deste ano e vai virar um DVD que já está sendo produzido pela IBFAN do Brasil, que é uma ONG em defesa da amamentação — informa Luís Alberto, adiantando o tema do próximo livro: a Paixão de Cristo. “Já comecei a ler sobre o assunto”, diz. É só aguardar o resultado...

    LANÇAMENTO DO LIVRO ‘ACONTECEU EM BELÉM’
    Dia 23, às 17h
    Local: Escola de Jesus Cristo (Rua dos Goitacazes, Centro, Campos)
    Entrada franca


    sábado, dezembro 22, 2007

    ACONTECEU EM BELÉM- alguns trechos

    Maria, de Nazaré, e sua vida simples na pequena aldeia onde morava.
    A pequena Maria, filha de Ana e Joaquim, era uma menina com seus
    quinze anos aproximados
    por aqueles dias...
    Acompanhava sua mãe nas tarefas do lar e nos pequenos trabalhos de
    cultivo no campo.
    Maria possuía, por tradição familiar e por força de sua cultura,
    conhecimento das escrituras
    e profundo respeito às leis e aos ditos dos profetas...
    A filha de Ana e Joaquim tinha sonhos e vontades de menina, do mesmo
    modo que as outras
    meninas da sua idade. Desejava conhecer Jerusalém. Ouvia dizer coisas
    impressionantes
    sobre seu Templo. Sonhava casar-se com um bom marido, ter filhos, ser
    feliz e reproduzir
    essa felicidade feita de pureza pela sua vida inteira...
    Maria, o mesmo que Miriam, nome que significa obstinada...
    Maria, menina, ainda crescendo e aprendendo o mundo, era uma doce
    criaturinha que
    morava naquela aldeola...
    Filha de Joaquim e Ana...
    Em pouco tempo, todas as gentes e nações do mundo inteiro, por todas
    as gerações futuras
    iriam conhecê-la como a bem aventurada...
    Maria, filha de Ana e Joaquim...


    I
    Uma menina ainda, essa Maria,
    Filha bonita de Ana e Joaquim...
    Tão simples quanto a aldeia em que vivia,
    Tão moça ainda e já crescida assim...
    E como as moças que na aldeia havia,
    Maria, filha de Ana e Joaquim
    Sabia que ia se casar um dia
    Com o moço para quem seu pai dissesse sim...
    Maria, tão nova, tão decidida...
    Como era comum sua vida...
    Como era nem tão boa nem tão ruim...
    Como era diária a vida de Maria...
    Como era igual à das outras, quem diria,
    A vida da filha de Ana e Joaquim...
    II
    Maria, filha de Ana e Joaquim
    Menina ainda, vivia assim
    No povoado de Nazaré,
    Entre os serviços do lar e as brincadeiras,
    Entre as coisas de Deus e as coisas passageiras,
    A moça desposada por José...
    Menina, amiga das escrituras,
    Conhecedora das palavras puras,
    Sabedora da letra do Senhor...
    Maria, moça ainda e tão crescida,
    Como quem se prepara para a vida,
    Para vivê-la em nome desse amor...
    Bela Maria, ainda tão menina,
    Sua inocência não imagina
    Um único dia da vida que a espera...
    Maria brincando... Maria correndo...
    Olhar Maria é o mesmo que estar vendo
    Frutos maduros em plena primavera...



    Certa vez o Anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade de nome Nazaré a
    uma virgem chamada Maria. Entrando onde ela se encontrava, o Anjo se apresentou
    causando em Maria grande temor...
    Maria estava, certa vez, em silêncio durante seu dia...
    Encontrava-se, naquela época, noiva do carpinteiro José, esperando o
    tempo de consumar
    sua união...
    Um grande e súbito susto tomou conta dela naquele momento.
    Foi quando apareceu em sua frente aquele anjo enviado por Deus que a saudou com
    gentileza e aprovação...
    A sua primeira reação foi sentir medo...
    Não saberia imaginar os motivos que levariam um anjo do Senhor a vir ter com ela
    naquele momento...
    Menina, nada mais próprio e esperado que aquele sentir medo...
    Maria estava em silêncio certa vez no curso de seu dia comum de existir.
    O silêncio de Maria ecoava em seu coração.
    Emprestava-lhe ouvidos bons e preparados para entender as coisas que o
    anjo dizia...
    O silêncio de Maria, a bem aventurada, escrava do Senhor, cuja palavra
    nela se cumpriu
    conforme a vontade de Deus...
    Maria estava em silêncio certa vez, durante o curso de seu dia...
    Eis que um Anjo de Deus, de nome Gabriel, a ela apareceu...
    "Cumpra-se em mim segundo a tua palavra" disse Maria ao Anjo após escutá-lo...
    O menino que haveria de nascer usaria aquelas palavras em dois
    momentos de sua curta
    e definitiva existência.
    Ensinaria assim aos seus apóstolos quase com as mesmas palavras de sua mãezinha,
    como orar a Deus: "seja feita a tua vontade assim na Terra como no Céu..."
    E já no Horto das Oliveiras, nos momentos que precederam sua prisão,
    repetiria Jesus em
    oração a Deus: "Pai, se quiseres, afasta de mim este cálice. Não se
    faça, contudo, a minha
    vontade, mas a tua..."


    E havia, nas suas palavras,
    O mesmo perfume nascido das palavras de Maria...

    Estava Maria em silêncio, certa hora
    E um Anjo entrou onde Maria estava.
    Maria, perturbada, sentiu medo
    Enquanto o Anjo se apresentava...

    O coração de Maria, disparado,

    Ouvia atento cada palavra...
    Estava Maria em silêncio quando o Anjo
    Se aproximou. Maria se assustava.
    Era uma menina, Maria... Uma menina...
    Moça pobre de aldeia palestina

    E ao ver um Anjo na sua frente

    Uma menina ainda, e assustada,
    Mas assustada e atenta. E interessada.
    E recebeu o Anjo humildemente...

    Salve, Maria! O Senhor é contigo!

    Assim o Anjo Gabriel se anunciou...
    Achaste graça diante de Deus
    Não tenhas receio. E continuou:

    Tu conceberás e darás à luz um filho.

    E porás nele o nome Jesus, o Anjo explicou.
    Ele será chamado Filho do Altíssimo.
    Falou o Anjo a Maria, que aceitou.

    Deus lhe dará o trono de Davi.

    Seu Reino não terá fim, o Anjo sorri,

    Então Maria, assustada, perguntou:

    De que maneira se dará a concepção
    Se não conheço o varão?
    De que maneira tudo se dará?

    Maria ainda tremia.

    Assustada, não sabia
    Aquilo tudo explicar.
    Foi quando o Anjo, que percebia
    O coração de Maria,
    Estando certo do que dizia,

    Continuou a falar:

    Descerá o Espírito Santo sobre ti. Confia.
    E com tua sombra te cobrirá.
    Será chamado "Filho de Deus", Maria,
    Esse menino que de ti nascerá.
    Enquanto o Anjo falava
    Maria compreendia.

    Silenciosa, escutava

    O que o Anjo lhe dizia.
    Pouco a pouco se acalmava,
    Aos poucos não mais temia
    O Anjo que se explicava
    E a forma como o fazia.
    Bebia cada palavra,
    Cada explicação sentia,
    E já não mais se assustava
    Com as coisas que ela ouvia.
    Maria ali começava,
    Sem perceber, nesse dia,
    Um tempo que se iniciava
    Porque Deus lhe conduzia
    Enquanto o Anjo falava,
    Enquanto o Anjo dizia...
    _Eis aqui a escrava do Senhor

    E, porque escrava,

    Faça-se em mim segundo sua palavra...
    E depois disso o Anjo se afastou...
    Não discutiu, não falhou, não foi embora,
    Não resistiu. Não fugiu. Não recuou.
    Curvou-se ante o Anjo prontamente e sem demora
    E não se diminuiu quando se curvou.
    Tantas Marias pelo mundo afora...
    Que coisas Maria pensou?
    Seu coração se agitou naquela hora
    Em que o Anjo falou...
    E o coração agitado de Maria
    Nunca mais esqueceu aquele dia
    E nunca mais desacelerou

    Porque sabia,

    Seu coração, o que aconteceria
    Depois de tudo que o Anjo lhe contou...


    Luís Alberto Mussa Tavares
    www.aconteceuembelem.com


    Comunidade no Orkut:
    http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=44536386

    sexta-feira, dezembro 14, 2007

    Algumas mostras de ACONTECEU EM BELÉM...

    JÁ ESTÁ A VENDA NA ESCOLA JESUS CRISTO- domingos às 11 h e sextas às
    21 horas.

    e pelo site: www.aconteceuembelem.com

    Dedicatória
    I
    Aos evangelistas Mateus e Lucas,
    Pela clareza da forma como contaram,
    Pela beleza da palavra como a escreveram,
    Por tudo quanto os seus relatos perpetuaram,
    Por tantos quantos os seus relatos convenceram...
    Por tudo quanto os seus versículos registraram,
    Por tudo quanto os seus versículos perceberam,
    Por tudo quanto os seus versículos possibilitaram,
    Por tudo quanto os seus versículos compreenderam...(...)

    (...)
    Estamos na Palestina.
    Sob o domínio do Império Romano,
    Um povo espera
    Pela chegada do Messias...
    Um movimento incomum
    Por toda a parte
    Precede os acontecimentos
    Desses dias...
    Estamos na Palestina.
    Escribas, publicanos, fariseus,
    Herodianos e saduceus
    Convivem
    Em aparente normalidade...
    É chegado o tempo
    Em que cada um deles
    Testemunhará
    Um novo caminho para a Humanidade(...)

    (...)
    Cena quatro
    Maria, de Nazaré, e sua vida simples na pequena aldeia onde morava.

    I
    Uma menina ainda, essa Maria,
    Filha bonita de Ana e Joaquim...
    Tão simples quanto a aldeia em que vivia,
    Tão moça ainda e já crescida assim...
    E como as moças que na aldeia havia,
    Maria, filha de Ana e Joaquim
    Sabia que ia se casar um dia
    Com o moço para quem seu pai dissesse sim(...)

    (...)
    Cena oito
    Após o nascimento de João, filho de Isabel e Zacarias, Maria retorna
    para Nazaré.

    José, seu noivo, a esperava...
    Sua família...
    Sua comunidade...
    Era hora de enfrentar os fatos e seguir caminho.
    Seriam dias de caminhada longa.
    Seria uma vida inteira de uma longa caminhada.
    Maria se despede da prima e de seus familiares...
    Maria volta das montanhas da Judéia para sua pequena aldeia.
    O tempo das duas juntas terminara...
    I
    Chegara o tempo de seguir a vida,
    O tempo daquele que se prepara,
    Chegara a hora da despedida,
    O tempo das duas juntas terminara...
    Maria voltando para Nazaré,
    Isabel permanecendo na Judéia,
    Maria retornando para José,
    O carpinteiro, na Galileia...
    Juntas, Maria e Isabel cresceram,
    E se fortaleceram, e se cuidaram
    Nesses três meses de preparação(...)

    segunda-feira, dezembro 10, 2007

    ACONTECEU EM BELÉM


    Um homem que se descobre traído.
    Uma menina assustada.
    Um homem com o poder de decidir entre a vida e a morte da mulher que ama.
    Uma menina que decide enfrentar as conseqüências de seu gesto de amor a Deus,
    assumindo riscos que transformariam sua vida para sempre...
    Um homem justo que vê morrerem seus sonhos de modo tão inesperado...
    Uma menina virgem que arrisca a própria felicidade por amor a Deus...
    A intercessão dos anjos mudando o curso da história...
    E novamente o amor determinando tudo...
    Teria sido mais fácil desistir de tudo...
    Reinventar o destino e refazer escolhas foi o percurso mais longo, mais difícil e mais
    acertado que tomaram José e Maria...
    Uma lição para a Humanidade...
    Uma prova do que o amor é capaz quando é verdadeiro...
    De como possui força e determinação este amor quando as bases que o sustentam são
    verdadeiramente íntegras...
    E de como as escolhas tomadas em seu nome, ainda quando difíceis e delicadas, jamais
    conduzem a arrependimentos...
    Muitas vezes a angústia e temor...
    Muitas vezes a conflitos insuportáveis...
    Mas sempre ao engrandecimento em seu momento final...



    Nenhum dos dois duvidou
    Das coisas que o Anjo dizia.
    Maria engrandeceu José.
    José engrandeceu Maria.


    Nenhum dos dois recusou
    A missão que lhes cabia.
    Maria respeitou José.
    José respeitou Maria.


    Nenhum sinal de fraqueza,
    Nenhuma indelicadeza,
    Nenhuma descortesia...
    Por Jesus de Nazaré,
    Maria dignificou José,
    José dignificou Maria...


    LUÍS ALBERTO MUSSA TAVARES, "ACONTECEU EM BELÉM"


    domingo, dezembro 02, 2007

    Um menino do "Lar dos Meninos"

    Desencarnou no dia 29 de novembro último o nosso irmão Jorge Machado Soares, Jorginho do "Lar dos Meninos". Desencarnou em lamentável acidente que lhe causou irreversível traumatismo crânio-encefálico, que embora socorrido, não resisitiu aos agravos.
    Assim como José Gomes, o nosso zelador, Minervino, Geraldo e Emmanuel, era um dos "meninos do Lar dos Meninos", criados por Clóvis Tavares, que ali mesmo , na Escola Jesus Cristo, viveram e foram educados como órfãos na família de nossa Escola.

    Seus quartos eram as salas do corredor onde é hoje o Teatro do Clube da Fraternidade. Ali eles dormiam com Clóvis que era o seu Pai e protetor, em companhia do também saudoso Medeiros Corrêa Júnior.

    Jorge nasceu em 12 de maio de 1938. Era uma criança bondosa, amigo de todos e tinha como queria Clóvis a sua "capitania" no quintal da Escola, onde era responsável pela manutenção da limpeza. Estudou, tornou-se um homem honrado e tornou-se funcionário público federal, trabalhando no antigo IAPI. Ele conquistou esse cargo com a ajuda da Sra. Leda Lizandro, honrada senhora da sociedade campista que quis ser a sua "madrinha". Ele desde pequeno a visitava e ia com ela ao Aeroporto Bartolomeu Lizandro, onde se encantava com os aviões que decolavam e pousavam. Como funcionário público foi excemplar, sendo leal , honesto e amigo de todos. Nuncfa desonrou o que aprendeu em sua infância no Lar dos Meninos, na companhia de seu "Pai" Clóvis Tavares.

    Lia os clássicos da literatura brasileira e os clássicos de Emmanuel, psicografados pelo nosso Chico e amava declamar poesias.
    Aprendeu a arte de tocar gaita e tocava inúmeras composições de vovô Virgílio e Juraci.
    Ultimamente, ficava do lado de fora do templo escutando as canções de Juraci cantadas pelo Coral Virgílio Paula.

    Com o tempo, foi perdendo um pouco a alegria de viver, desleixou-se com sua aparência, entretanto nunca esqueceu-se da sua casa: a Escola Jesus Cristo. Sempre que dali se afastava, retornava qual o filho que não olvida a casa paterna e nem o amor de seus pais e não é por Ele esquecido.

    Que na Espiritualidade, possa Jorginho reencontrar quantos o antecederam a última jornada e que possam estes amigos e irmãos da Escola Jesus Cristo, como o nosso vovô Virgílio, do Lar dos Meninos, como Clóvis e Medeiros, e da "Casa da Criança" como as nossas saudosas Inayá e Juraci de Paula, recebê-lo com o carinho e o amparo que fez por merecer vivendo honradamente e dedicando-se ao serviço abnegado e a amizade.

    Que Jesus receba este "menino" em seu Reino de Amor.

    Vá , Jorginho, e abrace os nossos por nós, toque sua gaita, corra e reveja com alegria Clovis e Medeiros, vovô Virgílio, mãezinha Inayá e Sissi...

    ...e continue a sua peregrinação em direção a verdadeira vida.


    Flávio Mussa Tavares(irmão de Jorginho),

    Este texto foi escrito com informações gentilmente cedidas por nossa irmã Miriam, que viveu à mesma época de Jorginho na "Casa da Criança" , sob os cuidados da "mãezinha" Inayá de Paula. Miriam é casada com Emmanuel, que vivia juntamente com o Jorge no "Lar dos Meninos", sob os cuidados de nosso pai, Clóvis Tavares.
    Tanto o "Lar dos Meninos" como a "Casa da Criança" , orfanatos respectivamente para meninos e meninas foram fundados por meu Pai, Clóvis Tavares que abnegadamente dedicou-se aos pequninos por seguir o conselho de Nina Arueira.

    DONA MARICOTA


    HISTÓRIA DE NOSSA MÃE MARICOTA



    Maria da Conceição Amorim ou como era mais conhecida, Maricota era uma pessoa adorável. Apesar de haver recebido pouca instrução formal, tinha grande sabedoria. Ler e escrever apenas para o trivial da vida. Nasceu no século XIX, mais exatamente no seu último ano, 1900 e nessa época, meninas não iam a escola. Dedicavam-se às prendas domésticas, à costura e à música.

    Com um irmão de criação, ela aprendeu a ler e gostava de ler nas suas horas livres, em uma loja onde trabalhou na cidade de Campos. Leu muitos livros espíritas nesta época e encantou-se com a bondade de Deus aplicada pela Lei de Causa e Efeito. Estava sempre atualizada com as notícias da época.

    Falava pouco e pronunciava corretamente as palavras. Era observadora, pacífica, personalidade firme e espírito protetor. Clóvis Tavares, morou em sua casa na infância, quando veio de São Sebastião, para estudar na cidade e à noite, quando ouvia os ruidos das manobras dos bondes, assustava-se e ia para o quarto de Maricota dizendo: "Maricota, posso ficar aqui? Do seu lado eu não tenho medo." E Maricota tinha a honra de dizer que era a única pessoa da Escola Jesus Cristo que havia segurado Clóvis Tavares ao colo.

    Quando ela completou 100 anos, em 2000, uma repórter local perguntou a ela o segredo da longevidade e ela respondeu: " Nunca usei álcool e nem fumei e sempre vivi com amor e dedicando carinho a todos."

    Nós, seus parentes sentíamos nela, a educadora, a economista, a médica, a enfermeira e até mesmo a filósofa, em sua experiência e sua sabedoria. Cuidadosa e conselheira, simples e honesta, fiel e dedicada nunca estava parada, sempre dedicando-se à costura e a estar útil a alguém. Sempre sua marca foi a tolerância e a paciência, conquistando o carinho e a estima de todos.

    Nunca manifestou desagrado ou irritação, impaciência ou intolerância, mesmo em momentos de divficuldade moral ou financeira.

    Tinha classe, embora se vestisse modestamente. Sua postura tinha elegância, que transparecia da nobreza de seu espírito. Não se enfeitava, usava no máximo um broche na lapela ou um cordão nos casamentos dos netos.

    Gostava da máquina de costura, onde trabalhava cantando hinos da Escola Jesus Cristo.
    Lia poesias e admitrava Casimiro de Abreu com os "Meus Oito Anos", recebia amigos, e era terna e bondosa para com todos.

    Agradecemos à Deus os seus 106 anos de existência.
    Desencarnou em 05 de abril às 19:30, era uma quinta feira santa. Viajou para a outra dimensão, numa tarde tranquila e em paz, como foi a sua longa vida.

    Rubens Fernandes Carneiro e Neli Amorim Fernandes