terça-feira, setembro 25, 2007

TEMOS O QUE DAMOS


Podes guardar o pão para muitos dias, ainda que o excesso de tua casa signifique ausência o essencial entre os próprios vizinhos; todavia, quando puderes, alonga a migalha de alimento

aos que fitam debalde o fogão sem lume.

Podes conservar armários repletos de veste inútil, ainda que a traça concorra contigo à posse do pano devido aos que se cobrem de andrajos; no entanto, sempre que possas, cede a migalha de roupa ao companheiro que sente frio.

Podes trazer bolsa farta, ainda que o dinheiro supérfluo te imponhas problemas e inquietações; contudo, quando puderes, oferece a migalha de recurso aos irmãos em necessidade.

Podes alinhar perfumes e adornos para uso à vontade, ainda que pagues caro a hora do abuso, mas, sempre que possas, estende a migalha de remédio aos doentes em abandono.

Um dia, que será noite em teus olhos, deixarás pratos cheios e móveis abarrotados, cofres e enfeites, para a travessia da grande sombra; entretanto, não viajarás de todo nas trevas, porque as migalhas de amor que tiveres distribuído estarão multiplicadas

em tuas mãos como bênçãos de luz.

MEIMEI


Estas sérias considerações da doce Meimei sobre o nosso sentimento de posse foi o tema do meu ligeiro comentário evangélico na Escola Jesus Cristo na segunda feira 24 de setembro última. Meimei nos exorta com delicadeza e brandura, não obstante nos leve a uma questão de consciência. O quanto temos sido apegados?


Que é que nós ajuntamos? Onde estão os nossos tesouros? Estocamos muita comida em nossos freezers? Temos alguma roupa que não nos é útil no momento e a qual guardamos para uma suposta ocasião especial? Como estão os nossos investimentos e poupanças? E jóias?


Meimei nos pede suavemente:


Converte o estoque de comida em doação de gêneros! Esvazie o guarda roupa, principalmente com aquelas peças que "guardamos" para ocasiões especiais. Façamos pequenas doações com aquilo que nos sobra. Transformemos uma pequena parcela de nossas possíveis jóias em remédios para os doentes.


São ternas recordações de um espírito pacífico e sábio.

Aprendi com o meu sogro, que é contabilista, que em contabilidade o dinheiro que entra é débito e o que se gasta do caixa é crédito. "O caixa é sempre devedor", ensina-me o Sr. Alcyr. Confesso que não entendi o princípio matemático da contabilidade. Mas entendi o sentido espiritual:


Temos aquilo do qual nos despojamos!

Desapegar-se de algo material é adquiri-lo no plano espiritual.


Conta-se que numa aldeia, o povo acreditava que o "Senhor da Vida" por vezes, disfarçado de mendigo, passeava entre eles. Certa vez, um forasteiro mendigou entre o vilarejo. Quase todos ofereceram ao pedinte suas menores moedas. No dia seguinte, observaram que no lugar de suas moedas doadas, havia uma outra de ouro. Todos então exclamaram: "Por que não dei tudo que tinha ao Senhor da Vida?"


Nós cremos, mas não cremos! Aceitamos, mas ainda estamos no nível espiritual do apego.

Exercitemos o desapego.

Pequenos despojamentos repetidos, vão nos tornar um dia, nesta ou em outra existência, pessoas naturalmente despojadas dos bens materiais e verdadeiramente na posse espiritual.




Flávio Mussa Tavares

Um comentário:

Juliana Tavares disse...

É uma reflexão bastante importante e oportuna...
Interessante o tema!
Beijo!