É com alegria que passo a participar deste grupo dos irmãos da EJC. Epara marcar a minha primeira participação, quero oferecer a seguinte mensagem do Professor Roberto Crema - Colégio Internacional dos Terapeutas (Unipaz):
"Vivemos um período ao mesmo tempo aterrador e maravilhoso. É um momento especial de passagem, o parto de um ciclo onde morte e vida seabraçam num espasmo de dor e plenitude. Brahma, supremo deus dacriação e Shiva, supremo deus da destruição, dançam juntos, nesteinstante, ao som da melodia universal que chamamos mutação.Ao olhar mais atento, Vishnu, supremo deus da conservação, sorri comos braços abertos para acolher os aflitos filhos da Vida. Somos todostestemunhas privilegiadas, acordadas ou não, do nascimento de uma novaidade. A cada momento é possível percebermos um acréscimo de luz e deconsciência à nossa volta, determinando uma espantosa aceleração demudanças. A queda do muro de Berlim e a derrocada das ideologiasrepresentam exemplos paradigmáticos da transição conceitual,valorativa e atitudinal que transcorre nos nossos dias. Diante doscenários atuais, tudo indica que serão dramáticas e desafiadoras asprimeiras décadas do Terceiro Milênio.É preciso escolher entre dois caminhos: o do dinossauro ou o domutante. Os resistentes à transmutação, adeptos da esclerose dopassado e do conhecido, novamente serão soterrados, excluindo-se danova civilização. Aos mutantes da consciência será destinada a herançaevolutiva da humanidade.Ser contemporâneo é o imenso desafio do nosso momento histórico.Viajamos da idade moderna para a transmoderna, da idade da razão paraa idade da consciência no mais amplo sentido. Nossa tarefa é a deinventar uma nova linguagem, um novo código para o tempo-espaço do EUSOU.Na nova idade, todos somos convocados para a inteireza. O sermutilado, fragmentado na mente, no coração e no existir, será removidopara o museu do ontem. Apenas os inteiros estarão preparados para osnovos desafios. Por essa razão, o termo-chave é o holístico,proveniente do grego holos, que significa inteiro, total. A palavra"holística", pelo desgaste do mau uso e do abuso, poderá sersubstituída. O seu significado, entretanto, permanecerá.Para melhor compreender este momento crítico de passagem, voltemosnossa visão, numa rápida olhadela, para o fecundo século XVII. Nessa ocasião, mediante uma espetacular rebelião da inteligência, aconteceu,na heurística pensamentosfera européia, o nascimento impactante daidade moderna ocidental, cujo ocaso estamos presenciando. Como sempre,foram alguns espíritos rebeldes, sensíveis às contradições da época,que se insurgiram na criação de uma nova síntese.Um tributo de reconhecimento é necessário ser estendido aostraumatizados de todos os tempos. Aos dotados da capacidade de sentir,na própria carne, a dor coletiva da humanidade ultrajada. Final daIdade Média, quando o obscuro prevalecia e o poder religioso exerciauma despótica dominação: a objetividade reprimida pelo cânone aristotélico-tomista, o imanente esmagado pelo fator tido comotranscendente, a experiência subjugada pelos dogmas dominantes, asmentes mais iluminadas silenciadas pelo terrorismo da consciênciarepresentado pela diabólica Inquisição. E no alvorecer do século XVII,por obra de videntes sensíveis e horrorizados, a revolta dosesclarecidos não pôde mais ser contida. A Revolução Científica entoouo seu iluminista brado. Galileu, antecedido pelo gênio de Copérnico,desembainhou a espada da precisão matemática e o escudo de umametodologia científica - hipotética dedutiva - foi erguido triunfalmente. Bacon desenvolveu a estratégia da experiência - o empirismo e o método indutivo - para derrotar a peste do dogmatismo.Descartes fez ressoar seu grito de guerra racionalista - o método analítico - iluminando, com o seu cogito discriminativo, a escuridãodo campo de batalha. E Newton disparou a fatal seta da físicamecânica, destinada ao coração do Caos do mundo, para ordená-lo,aprisionando-o na esfera impecável de mecanismos movidos por eternosditames naturais.Seguiu-se, natural e dialeticamente, a mudança de polaridade. Veio oSéculo das Luzes. O fator objetivo passou a ser decantado em tratados e fórmulas. A subjetividade e a dimensão do coração, consideradasnão-científicas, foram proscritas, destinadas aos artistas e poetasdelirantes. O fator sublime foi encarcerado em sombrios conventos,mosteiros e templos. O imperscrutável foi banido, abandonado aosmísticos. A Razão estendeu o seu império por todas as plagas, com abandeira do determinismo - biológico, econômico, geográfico,psíquico... - desfraldada. Laboriosamente, os antigos traumatizadosergueram e retocaram sua obra-prima: o racionalismo científico, comelegante base disciplinar, que gerou o especialista, exótico sujeitoque de quase-nada sabe quase-tudo.E cá estamos nós, os novos traumatizados. Num mundo esfacelado, com o conhecimento fracionado em compartimentos estanques, cindidos emesferas aprisionantes, torturados por máscaras e papéis desconectados,esvaziados de um sentido maior, desvinculados da sagrada inteireza. De um extremo fomos ao outro: a Universidade, decantada como templo desaber, com um reitor tratado como Magnífico (!), onde hipertrofiamos ointelecto e nos saturamos de informações, sacrificando, no altar dasdisciplinas, a mente abrangente e sintética da espécie. Infelizesvítimas da patologia dissociativa crônica e paradigmática instalada noseio da crise planetária que sofremos, traduzida pelo infindável conflito intrapsíquico-interpessoal-internacional.Uma outra revolta da inteligência, suave e irreversível, agita as suasondas neste momento, convocando os mais sensíveis e atentos. O movimento holístico definitivamente não é uma moda, como muitospretendem. É uma resposta biológica e vital de perpetuação da espécieperante a ameaça de uma autodestruição global; é um catalisador detransmutação no seio do qual está sendo gerado o ser humano do agora.Ousaremos enfrentar o desafio da inteireza? Ousaremos conspirar por umente humano integral, vinculado na dimensão interconectada do saber edo amor? Ousaremos saltar para o desconhecido, afirmando o viverevolutivo? Ousaremos não deixar por menos, reinvindicando,atrevidamente, nossa condição de seres eretos, destinados a interligarterra e céu? É promissor constatar que um número progressivo deindivíduos, das mais diversas origens, culturas e ocupações, estáabrindo os olhos, despertando e conspirando pela renovação conscientede nossos horizontes. Não será um bom tempo para os insensíveis,sonolentos e pretensiosos proprietários das velhas certezas!Um dos principais objetivos da Formação Holística de Base é cultivarum terreno fértil no qual o Aprendiz possa assimilar os conhecimentosintegradamente e incorporar a nova consciência holística. É, também,contribuir na preparação de emergentes líderes holocentrados,capacitados para o enfrentamento dos novos e tremendos desafios nestesurpreendente limiar do terceiro milênio.O estudo aprofundado e minucioso deste Manual de Formação éfundamental para o envolvimento, comprometimento e desenvolvimento doAprendiz ao longo desta fecunda jornada. A meta essencial poderesumir-se em tornar-se o que se é. Nada fácil e, assim mesmo,possível, desde que se oriente o coração para aprender.Todas as atividades destinam-se, paradoxalmente, a um esvaziamento damente, facilitando um vazio fértil a partir do qual a visão holísticapossa emanar e a canção da vida vibrar. Um Ser florescerá então e oUniverso se revestirá de Sentido.Por isto, vale a pena lutar."
Professor Roberto Crema - Colégio Internacional dos Terapeutas (Unipaz)
OBSERVAÇÃO de Fernando Luiz:
Gostaria de esclarecer que as três divindades do Hinduísmo, citadas no início da mensagem, não indica,como pode parecer, que o Hinduísmo é uma tradição de vários "deuses". Na verdade, não é preciso muito esforço ao estudar as escrituras Hindus - os Vedas - para percebermos que trata-se de uma cultura MONOTEÍSTA. Apenas, segundo o pensamento Hindu, Deus não se apresenta de uma única forma. Pelo contrário Ele sempre se apresenta de incontáveis modos e formas, de acordo com a situação. Ele tem, segundo a concepção Védica, o poder de se "expandir" em diferentes formas(murtis), em diferentes lugares e tb ao mesmo tempo. Por isso, Vishnu,Brahma e Shiva são aspectos diversos do mesmo Deus único e absoluto(que têm infinitos nomes de acordo com a atividade que realiza, porem: Krshna, Naráyan, Gopala, Govinda, Vasudeva,
Vadhusudhana,Damodhara, Shyamasundara etc.).
A visão do Hinduísmo como uma religião politeísta, não é verdadeira.
Fernando Luiz.
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