Senhor!
Enquanto as melodias do Natal nos enternecem, recordamos também, ante o céu iluminado, a estrela divina que te assinalou o berço na palha singela!… De novo, alcançam-nos os ouvidos as vozes angélicas:
— Glória a Deus nas Alturas, paz na Terra, boa vontade para com os homens!…
E lembramo-nos do tópico inesquecível da narrativa de Lucas: “Havia na região da manjedoura pastores que viviam nos campos e velavam pelos rebanhos durante a noite; e um anjo do Senhor desceu onde eles se achavam e a glória do Senhor brilhou ao redor deles, pelo que se fizeram tomados de assombro… O anjo, porém, lhes disse:
"Não temais! eis que vos trago boas novas de grande alegria, que serão para todo o povo… É que hoje vos nasceu, na cidade de David, o Salvador, que é o Cristo, o Senhor.”
Desde o momento em que os pastores maravilhados se movimentaram para verte, na hora da alva, começaste, por misericórdia tua, a receber os testemunhos de afeição dos filhos da Terra.
Todavia, muito antes que te homenageassem com o ouro, o incenso e a mirra, expressando a admiração e a reverência do mundo, o teu cetro invisível se dignou acolher, em primeiro lugar, as pequeninas dádivas dos últimos! Só tu sabes, Senhor, os nomes daqueles que algo te ofertaram, em nome do amor puro, nos instantes da estrebaria:
A primeira frase de bênção…
A luz da candeia que principiou a brilhar quando se apagaram as irradiações do firmamento…
Os panos que te livraram do frio…
A manta humilde que te garantiu o leito improvisado…
Os primeiros braços que te enlaçaram ao colo para que José e Maria repousassem…
A primeira tigela de leite…
O socorro aos pais cansados…
Os utensílios de empréstimo para que te não faltasse assistência…
A bondade que manteve a ordem, ao redor da manjedoura, preservando-a de possíveis assaltos… O feno para o animal que devia transportar-te…
Hoje, Senhor, que quase vinte séculos transcorreram sobre o teu nascimento, nós, os pequeninos obreiros desencarnados, com a honra de cooperar em teu Evangelho Redivivo, pedimos vênia para algo ofertar-te…
Nada possuindo de nós, trazemos-te as páginas simples que tu mesmo nos inspiraste, os pensamentos de gratidão e de amor que nos saíram do coração, em forma de letras, em louvor de tua infinita bondade!
Recebe-os, ó Divino Benfeitor!, com a benevolência com que acolheste as primeiras palavras de respeito e os primeiros gestos de carinho com que as criaturas rudes e anônimas te afagaram na gloriosa descida à Terra!…
E que nós — Espíritos milenários fatigados do erro, mas renovados na esperança —possamos rever-te a figura sublime, nos recessos do coração, e repetir, como o velho Simeão, após acariciar-te na longa vigília do Templo:
— “Agora, Senhor, despede em paz os teus servos, segundo a tua palavra, porque os nossos olhos viram a salvação!…”
Emmanuel Uberaba, 25 de dezembro de 1966
(Mensagem psicografada por Francisco cândido Xavier no dia de Natal na Comunhão Espírita Cristã , Prefácio da Antologia Mediúnica do Natal, espíritos diversos)